Os preços do arroz em casca avançaram em julho, como reflexo das demandas interna e externa aquecida, além da restrição de oferta. De modo geral, houve dificuldade de compradores e vendedores em acordar o preço de negociação no Rio Grande de Sul. A média ponderada do estado do Rio Grande do Sul, representada pelo Indicador CEPEA/IRGA-RS (58% de grãos inteiros e pagamento à vista), foi de R$ 76,36/sc em julho/22, 5,1% superior à de junho/22. Vendedores resistiram em comercializar o cereal a valores mais baixos, limitando a oferta. Parte das unidades domésticas de beneficiamento seguiu com a demanda firme, reportando relativa melhora nas vendas do beneficiado nos últimos dias de julho – mesmo sem repassar totalmente os custos da matéria-prima ao valor do produto final. Outras, por sua vez, não demonstraram intenção de compra, devido ao custo elevado e aos bons volumes estocados. Dentre as microrregiões que compõem o Indicador CEPEA/IRGARS, os valores médios de julho superaram os de junho em 5% em praticamente todas as praças. Na Planície Costeira Externa, Zona Sul, Planície Costeira Interna, Fronteira Oeste, Campanha e Depressão Central, as médias mensais fecharam a R$ 78,28/sc, R$ 78,21/sc, R$ 77,68/sc, R$ 76,20/sc, R$ 73,68/sc e R$ 73,62/sc, respectivamente.
Para os demais rendimentos acompanhados pelo Cepea, a média de preços para o produto com 63 a 65% de grãos inteiros subiu 5,33% entre jun/22 e jul/22, a R$ 77,35/sc no último mês. Para os grãos com 59 a 62% de inteiros, a alta foi de 5,18%, para R$ 77,04/sc. E para o produto com 50 a 57% de inteiros, a valorização foi de 5,1% no mesmo período, a R$ 74,41/sc em jul/22. O fortalecimento do dólar em boa parte do mês, apesar de aumentar a competitividade do arroz brasileiro, trouxe maior alinhamento entre os valores internos e externos, dando sustentação aos preços domésticos. Este movimento foi reforçado pelo posicionamento de tradings que, segundo colaboradores do Cepea, mostraram intenção de compra de novos lotes, no intuito de complementar cargas para exportação no porto de Rio Grande (RS). Vale ressaltar que, ao contrário do registrado em 2021, os valores do arroz em casca e até mesmo do beneficiado no atacado/varejo apresentaram alta na primeira metade deste ano. Apesar disso, as margens dos produtores estão baixas ou mesmo negativas porque houve elevação não proporcional entre este parâmetro e os custos de produção – esses aumentos nos custos não foram repassados completamente para os preços. Esse contexto de margens apertadas e menor atratividade da cultura deve restringir, novamente, possíveis avanços da área cultivada. A demanda interna por arroz vem diminuindo ao longo dos últimos anos. É de se esperar, porém, possíveis reações da procura nos próximos meses, pelo menos pontualmente, diante das inserções de recursos do governo federal.
SECEX – Dados da Secex apontam que, em julho/22, as importações foram de 118,67 mil toneladas, 13,3% acima do total registrado em junho/22 – com relação ao mesmo mês do ano passado, o volume atual é 49,6% maior. As exportações somaram 207,17 mil toneladas, 57,8% superior ao mês anterior e mais que o dobro do observado no mesmo período de 2021.