Após terem apresentado certa reação em agosto, os preços do arroz em casca voltaram a cair ao longo de setembro. A pressão veio especialmente da fraca demanda, que manteve baixa a liquidez no mercado à vista do Rio Grande do Sul. No acumulado do mês, o Indicador ESALQ/SENAR-RS do arroz 58% grãos inteiros (Rio Grande do Sul) recuou 2,4%, fechando a R$ 74,58/saca de 50 kg no dia 30. A média de setembro foi de R$ 74,98/sc de 50 kg, 42,1% inferior à de set/20, em termos reais (valores foram deflacionados pelo IGP-DI). Quando considerados apenas os meses de setembro, a média de 2021 ainda foi uma das maiores da série, em termos reais, atrás somente da observada no ano passado. Esse cenário, no entanto, não indica boa rentabilidade ao produtor, tendo em vista os elevados custos de produção.
No geral, ao longo de setembro, os preços internos do arroz em casca oscilaram, ora pressionados pela flexibilidade de alguns orizicultores e pelos baixos valores ofertados pela indústria, ora sustentados pela firmeza de outros vendedores quanto aos preços pedidos. Mas, de modo geral, as quedas prevaleceram. Mesmo assim, negócios para exportação foram realizados, o que trouxe certo alívio a agentes, visto que o atual volume disponível no mercado interno está superior ao do ano passado. No entanto, compradores seguiram resistentes aos atuais patamares de preços, alegando dificuldades no repasse de custos. O cenário esteve mais delicado para os setores atacadista e varejista, que recebem a pressão dos consumidores finais. Com isso, parte das beneficiadoras tentou adquirir a matéria-prima a preços menores. Do lado vendedor, alguns orizicultores seguiram ausentes dos negócios, atentos ao clima e às oscilações no câmbio, ainda incertos quanto ao movimento do mercado no último trimestre de 2021 e no início de 2022.
No balanço mensal, todas as seis microrregiões que compõem o Indicador apresentaram quedas nos preços. Os valores recuaram mais de 3% entre agosto e setembro nas regiões da Planície Costeira Externa e Interna, com médias de R$ 75,32/sc e de R$ 76,53/sc no último mês. Na Fronteira Oeste, Depressão Central, Zona Sul e Campanha, as quedas não foram tão intensas, e os preços fecharam em R$ 74,76/sc, R$ 73,39/sc, R$ 75,78/sc e R$ 73,59/sc, respectivamente. Em relação aos demais rendimentos acompanhados no Rio Grande do Sul, o produto de 63 a 65% se desvalorizou 2,51% entre agosto e setembro, encerrando o mês passado em R$ 77,05/sc. O preço médio do arroz de 59 a 62% registrou queda de 3,28% no mesmo comparativo, a R$ 75,61/sc. Para o arroz de 50 a 57%, o recuo foi de 2,68%, a R$ 73,67/sc em set/21. No campo, a semeadura do arroz da safra 2021/22 somava, até o fim de setembro, 10% da área estimada no Rio Grande do Sul, de acordo com dados do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga). O clima, por sua vez, foi favorável às atividades e às lavouras. Já a área pode ser menor, estimada atualmente pelo Instituto em 957,45 mil hectares, contra 969,2 mil hectares em 2020/21.
Dados do Irga indicam que, até o fim do mês, a semeadura estava mais avançada na região da Fronteira Oeste, com 26,9% da área já semeada. Na sequência, estão a Planície Costeira Interna (4%), a Planície Costeira Externa (3,14%), a Campanha (2,84%), a Zona Sul (2,08%) e a Depressão Central (1,47%). Em Santa Catarina, a semeadura havia alcançado 52,4% das áreas destinadas ao arroz até o dia 21 de setembro, de acordo com dados da Epagri/Cepa. As estimativas apontam que a área na safra 2021/22 deve registrar pequena redução de 0,41%, a 147,67 mil hectares. A produção e a produtividade devem ser 2,14% e 1,74% menores, respectivamente, na comparação com a temporada anterior, a 1,22 milhão de toneladas e 8,2 t/ha.
SECEX – Em setembro, as exportações brasileiras de arroz somaram 130,2 mil toneladas, 13,7% acima das de agosto e expressivos 66,6% superiores às de setembro de 2020. Já as importações nacionais do cereal totalizaram 77,9 mil toneladas, 1,2% inferiores às registradas em agosto e forte diminuição de 49,4% em relação a setembro/20.