Flashback
Na sexta-feira, anunciei o término de nosso namoro de uma semana. Hoje, proponho um flashback - quem nunca? Roberto Altenhofen, que voltaria da Europa no sábado, sofre com a greve da Air France. A princípio, amanhã ele estará por aqui.
Vamos ao que interessa.
Vistamos a farda preta, pois “não vai subir ninguém.” O ganho de espaço de Dilma Rousseff nas pesquisas eleitorais, que inclusive sugerem chances - por ora, remotas - de vitória da situação no primeiro turno, impõe forte elevação da aversão a ativos brasileiros.
Bolsa cai 5% e dólar sobe 2%. Investidor estrangeiro perde, portanto, 7% num único dia. E ainda tem gente dizendo que um segundo mandato Dilma não seria tão ruim para os mercados.
O segundo filme é sempre pior
Eu penso exatamente o contrário. O comportamento de hoje é só uma pequena amostra do que pode estar pela frente. Em face à demonização dos bancos, ao discurso de que a estagflação brasileira decorre exclusivamente da crise externa e da briga com o setor do capital, num momento em que precisamos retomar o investimento, um segundo mandato Dilma seria ainda pior do que o primeiro.
Note ainda que o cenário externo impõe desafios muito maiores agora: o Fed flerta com subida antecipada do juro básico nos EUA e os termos de troca estão menos favoráveis (minério de ferro abaixo de US$ 80/ton, por exemplo).
Sim, estou cada dia mais convencido sobre O Fim do Brasil. Uma das primeiras recomendações da tese era justamente o dólar, que estava R$ 2,20 desde o primeiro alerta - estamos a R$ 2,47, and counting.
Ainda dá tempo de se preparar e proteger o patrimônio de sua família. O quanto antes, melhor. Amanhã saem dados a respeito das contas públicas brasileiras. Será mais uma pequena tragédia.
Em seu blog, o economista Mansueto Almeida, por quem nutro grande admiração, alerta para provável pior resultado mensal desde 1999.
A calmaria antes da tempestade
Poucos minutos antes de ser capturado pelo Capitão Nascimento, Bahiano adverte: “tá muito calmo este morro, tá muito calmo este morro.”
Na sexta-feira, os mercados experimentaram grande euforia, sob especulações de que revistas do final de semana pudessem trazer supostas denúncias capazes de enfraquecer a candidatura de Dilma Rousseff.
Não houve tal evento. E mais: Dilma ganhou espaço na pesquisa Datafolha, impondo aos mercados o medo de mais heterodoxia na política econômica.
O resultado desta segunda-feira é um tanto óbvio: devolvemos os ganhos da sexta e muito mais. O comportamento referenda com precisão cirúrgica o argumento defendido aqui sobre a supressão da volatilidade e como isso significa, na verdade, riscos escondidos.
O kit eleições
Como esperado, as maiores quedas do Ibovespa pertencem ao “kit eleições”, mais especificamente às estatais e aos bancos. Petrobras chegou a cair 10% - e eu sigo achando que você deve evitar os papéis. Banco do Brasil perdia 8%. Em se concretizando o cenário Dilma, vai mais.
Entre as estatais, minha favorita é Eletrobras, que, apesar da queda, oferece performance relativa sete pontos percentuais superior à Petrobras nesta segunda-feira. Eletrobras tem menos downside e mais upside frente às demais. Simples assim.
No PRO, temos alertado sistematicamente para o risco de estar comprado em bancos. Na sexta, fiz isso inclusive na parte gratuita do M5M. Não custa lembrar: este governo já tentou impor queda do spread no grito. Com a discussão pré-eleições pautando-se na demonização dos bancos privados e no papel dos bancos públicos, podem esperar reabertura da caixa de maldades.
Entre as altas do Ibovespa, apenas o óbvio, aqueles que funcionam como uma derivada do dólar em Bolsa. Neste momento, verdes na minha tela apenas Embraer e Fibria - gosto da primeira, mas prefiro Suzano a Fibria.
04:11- Sistêmico contra particular
As movimentações derivadas de elementos sistêmicos dominam a segunda-feira. Pouca gente se move por questões idiossincráticas. Usiminas é uma das exceções, ainda refletindo disputa entre os sócios e revisão para baixo de estimativas pelo sell side.
Se o cenário de preços já não era favorável e o trimestre parecia fraco, as demissões recém-anunciadas adicionam incerteza ao quadro. E, claro, eu sigo de fora das ações.
O panorama é complicado até mesmo para empresas bem-geridas e comprometidas com a geração de valor para todos os stakeholders - basta olhar as várias small caps com resultados formidáveis e claras vantagens competitivas negociando a preço de banana. Imagina ainda para quem está brigando entre si.
O pessimista é apenas um otimista bem informado.
Para visualizar o artigo completo visite o site da Empiricus Research.