Atas Mostram que o Fed Pode Encerrar o Aperto Quantitativo no Fim do Ano

Publicado 21.02.2019, 10:00

Os formuladores da política do Federal Reserve, dos EUA, decidiram não só interromper as elevações da taxa de juros em sua reunião no final de janeiro, mas também parar de reduzir o balanço patrimonial da instituição no fim deste ano, porque essas ações estavam provocando transtornos nos mercados.

As atas da reunião de janeiro divulgadas na quarta-feira revelaram que membros do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC, na sigla em inglês) questionaram a equipe sobre uma inundação de notícias no mercado de que a redução do balanço patrimonial, ou aperto quantitativo, estava inquietando os investidores. Os entrevistados pela pesquisa do Fed, realizada com instituições autorizadas a negociar diretamente com o banco e participantes do mercado, deram menos relevância à redução do balanço patrimonial como fator que estivesse afetando o sentimento de risco.

“Entretanto", continuaram as atas, “alguns outros investidores estariam firmemente convictos de que a redução dos títulos detidos pelo Federal Reserve era um fator que estaria exercendo uma pressão significativamente negativa sobre os preços de ativos de risco”. Nos pregões do fim do ano, isso teria tido um “efeito exacerbado” sobre os preços do mercado.

Em seguida, a equipe apresentou opções para encerrar as reduções de ativos “em algum momento do segundo semestre deste ano”, uma proposta que os formuladores da política prontamente aceitaram.

“Praticamente todos os participantes concordaram que seria conveniente anunciar em breve um plano para interromper a redução dos ativos detidos pelo Federal Reserve no final deste ano."

Esse anúncio ajudaria a tranquilizar os investidores, em sua opinião.

Eles observaram que as reservas bancárias – contraparte das obrigações de grande parte do portfólio de títulos – de US$ 1,6 trilhão provavelmente são um pouco maiores do que as necessárias para uma eficiente política monetária, mas a liquidez adicional poderia evitar a volatilidade em taxas de juros de curto prazo.

Em linha com sua intenção declarada de deter principalmente títulos do tesouro no longo prazo, os participantes acharam melhor reinvestir os bônus com respaldo hipotecário próximos do vencimento em títulos do tesouro, preservando o nível geral do balanço patrimonial, mas reduzindo gradativamente a porção de ativos com respaldo hipotecário. A discussão de outros detalhes ficou para as próximas reuniões, mas a ênfase foi manter a flexibilidade.

De maneira geral, as atas mostraram que os formuladores da política acreditam que há pouco risco em interromper as elevações da taxa de juros, na medida em que os riscos à economia agora são mais importantes do que qualquer preocupação com a inflação. Eles reconheceram com certa relutância que seu posicionamento histórico de atacar a inflação preventivamente com a melhora do emprego não se mostrava necessário, uma vez que a inflação básica continua abaixo da meta de 2%.

A questão da inflação parecia confundi-los. As medidas de compensação inflacionária – o prêmio do mercado para o risco da inflação – apresentaram queda. Talvez isso se deva ao fato de as expectativas de inflação estarem abaixo da meta ou apenas reflita o declínio geral nos prêmios de risco ou as “maiores preocupações com riscos à perspectiva de inflação”. Quem sabe?

A perspectiva de inflação parece pertencer àquela categoria destacada pelo ex-secretário de defesa dos EUA, Donald Rumsfeld, ao falar sobre coisas que nós sabemos que não sabemos. O FOMC parece ter ciência de que não sabe o que vai acontecer com a inflação.

O melhor que pode fazer, de acordo com as atas, é concluir que “as elevações da taxa de juros podem ser necessárias apenas se os dados de inflação forem maiores do que sua perspectiva básica”. Mesmo assim, vários outros participantes mantiveram a noção rigorosa de que uma elevação de juros será posta na mesa no final deste ano, se a economia se desenvolver conforme esperam.

A expectativa geral do mercado neste momento é que não haverá outra elevação de juros neste ano, portanto a rigorosa atitude demonstrada por esses participantes pode gerar certa hesitação nos investidores.

Diversos participantes do FOMC “ajustaram para baixo” sua perspectiva para o crescimento econômico desde dezembro, e, ao que tudo indica, outra coisa que eles sabem que não sabem é o que vai acontecer com a economia. Os materiais de projeção que acompanharão a reunião de março, os quais incluirão as previsões agregadas em comparação com as de dezembro, serão esclarecedores nesse sentido.

Da mesma forma, as projeções das expectativas individuais dos níveis da taxa de juros, que devem mostrar uma clara mudança em relação à expectativa de duas ou três elevações da taxa de juros neste ano.

Houve pouca reação do mercado às atas, já que as autoridades do Fed telegrafaram grande parte das suas intenções quanto ao aperto quantitativo antes da sua divulgação.

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