A AT&T (NYSE:T) (SA:ATTB34), peso-pesado do setor de serviços de comunicação e entretenimento, é geralmente considerada uma ação confiável para aposentadoria, já que, historicamente, paga um dos dividendos mais consistentes do mercado. Atualmente, a empresa de Dallas, Texas, fornece aos acionistas um retorno de quase 8% com dividendos, um dos mais altos entre empresas “blue chip” americanas.
No entanto, esse interessante retorno pode estar mascarando o fato de que a gigante do setor de comunicação está em meio a um profundo processo de reestruturação, na medida em que busca separar suas operações de mídia e focar nos seus negócios principais de telecomunicações. Embora essa estratégia pareça atraente no longo prazo, os investidores demonstram ceticismo com a perspectiva de curto prazo da companhia.
Nos últimos dois anos, a AT&T ficou bem abaixo do índice de referência S&P 500, perdendo quase um terço do seu valor. A ação se desvalorizou mais 1,60% na quarta-feira, fechando a US$23,94.
Essa persistente tendência de baixa das ações da T fizeram com que o retorno dos seus dividendos explodisse. Para investidores mais experientes, isso em si sinaliza que os mercados não esperam uma trajetória tranquila para a empresa, mesmo depois de ela concluir sua reestruturação, que deve se encerrar no fim deste ano.
Evidências recentes, confirmando esse pessimismo, surgiram no início de fevereiro, quando a companhia disse aos investidores que pretende cortar seus dividendos pela metade, após a separação da sua unidade WarnerMedia e sua integração com a Discovery (NASDAQ:DISCA) (SA:DCVY35) no segundo semestre do ano.
De acordo com o anúncio, AT&T reduzirá sua taxa de distribuição de dividendos para cerca de 40% do fluxo de caixa, o que se traduz em cerca de US$1,11 por ação, ou US$8 bilhões por ano. Antes do acordo, a AT&T pagava um dividendo de US$2,08 por ação, ou cerca de US$15 bilhões.
A combinação dos ativos da WarnerMedia com os da Discovery daria um perfil impressionante para a nova entidade. A nova companhia terá um sólido portfólio de estúdios cinematográficos, com a marca HBO e filmes, além de transmissões ao vivo de esportes na grade.
Esse conteúdo é forte o bastante para concorrer com outras gigantes do entretenimento, como Netflix (NASDAQ:NFLX) (SA:NFLX34) e o serviço Disney+, da Disney (NYSE:DIS) (SA:DISB34).
Dividendos menos atraentes
Contudo, essa nova estrutura também diminuirá o atrativo da AT&T como uma confiável ação pagadora de dividendos para investidores focados em renda.
De acordo com o CEO John Stankey, o novo foco da AT&T será no crescimento e na melhora da sua posição financeira. Stankey disse à CNBC em uma entrevista recente:
“Eu prefiro alocar parte desses recursos de volta na infraestrutura da empresa para gerar retornos maiores do que pagamos com dividendos. Portanto, chegou a hora de fazermos essa transição”.
A nova direção da companhia também gerou controvérsia entre a comunidade de analistas, com alguns vendo valor assim que a companhia liberar mais recursos para investir no segmento sem fio.
De acordo com o modelo do InvestingPro, o valor justo da ação da T é de US$36,26, o que representaria um salto de 51,5% em relação aos níveis atuais.
Fonte: InvestingPro
Além disso, em um levantamento do Investing.com com 31 analistas, mais da metade tem posição neutra para a ação, enquanto 11 recomendam compra.
Fonte: Investing.com
Conclusão
AT&T está no meio de um profundo processo de reestruturação, buscando destravar valor de longo prazo para os acionistas. A nova estrutura provavelmente causará uma mudança no foco da gerência para uma mentalidade focada em crescimento, concentrando as operações em seu segmento principal de telecomunicações e cortando seu enorme endividamento.
No entanto, essa perspectiva também sinaliza que a AT&T provavelmente não será tão generosa na distribuição de dividendos como costumava ser.