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BACEN Vigilante

Publicado 07.07.2015, 11:09

“Quero reafirmar que a política monetária está e continuará vigilante para assegurar a convergência da inflação ao centro da meta em 2016 (...). A consolidação desse processo de transformação econômica requer determinação e perseverança de todos, e a participação do setor privado”. Alexandre Tombini

Esta citação do presidente do BACEN, Alexandre Tombini, tem sido um mantra nos últimos meses. Perseguir o centro do sistema de metas de inflação ao final de 2016, mesmo com os vários obstáculos no meio do caminho. Realmente, não tem sido nada fácil. Um dos temas em debate tem sido o tamanho da inércia inflacionária. Para o mercado, muitos a acham mais duradoura no tempo; para o BACEN, mais curta. Façamos então uma análise sobre esta controvérsia.

Estudos recentes do BACEN, publicados no Relatório Trimestral de Inflação (RTI), indicam que os “efeitos de segunda ordem do realinhamento dos preços administrados” tendem a ser mais imediatos do que dos preços industriais, alimentos em domicílio e serviços. Neste caso, os efeitos sobre a inflação tenderiam a se dissipar num prazo de cinco trimestres, bem menos do que nos choques dos preços industriais, por exemplo, na qual a inflação se manteria em alta por até dois anos.

Controvérsias. Outros estudos, analisando os preços administrados como um todo, incluindo aqui “jogos de azar” (casas lotéricas) e produtos farmacêuticos, também consideram que os efeitos tendem a se dissipar mais rapidamente. No entanto, levando-se em conta apenas a energia elétrica os efeitos tendem a ser mais longos, devido à grande capilaridade existente entre os diferentes setores da indústria, muito dependentes deste preço para sobreviver. Segundo estes estudos, “a energia estaria em quase todos os demais preços da economia”.

Estes mostram que os choques de energia elétrica são bem mais altos do que dos demais preços administrados. Neste ano, o reajuste de energia elétrica chegou a 42%, mais do que a metade dos reajustes dos preços administrados no período (11% até maio). Em 12 meses, a alta da energia chegou a 50%. Segundo o BACEN, pelo RTI, para este ano o reajuste deve ficar em 43%.

Outros efeitos. No estudo do BACEN, os efeitos da depreciação cambial também tendem a ser mais imediatos, durando, no máximo, um ano. Neste caso, não se tem só o impacto direto da depreciação cambial, mas também os chamados “efeitos secundários” ao longo do tempo.

Em 1999. Sobre isto, lembremos 1999, quando a depreciação cambial do real, depois do fim do regime cambial semifixo e a adoção do flutuante, levou a depreciação a 32% em março, obrigando o BACEN de Armínio Fraga a elevar a taxa básica de juros a 42% anuais. Isto acabou suficiente para reduzir o repasse cambial (pass-throught), mas a inflação naquele ano fechou a 8,9%, não muito distante do patamar atual previsto pelo mercado (9%).

A diferença daquela época, no entanto, é que o ambiente econômico era outro e a credibilidade do governo muito maior do que nos dias de hoje. Naquela época, em paralelo, o BACEN anunciou uma série de outras medidas, novas regras de monitoramento e de aperfeiçoamento, como a criação do Sistema de Metas de Inflação (SMI), hoje uma realidade concreta. Sim, no debate em torno de definição de regras estáveis e previsíveis, o SMI é um importante vetor no direcionamento das decisões dos agentes (looking foward).

Efeitos da PM. Estudos do BACEN, também, mostraram que a política monetária atual, mais apertada, tende a ter efeitos sobre o sistema de preços dentro de um prazo de três a quatro trimestres, mas o efeito cumulativo deve ter seu ápice em dois anos. Já o os efeitos do ajuste fiscal não seriam relevantes nos quatro primeiros trimestres em que foi adotado, só tendo algum sobre a inflação no ano seguinte.

Os efeitos defasados de política monetária sobre inflação, aliás, talvez ajudem a explicar o porquê do choque de preços administrados ter sido antecipado, no primeiro trimestre, mesmo ainda com alguns reajustes espaçados entre abril e junho. Lembremos que a taxa de câmbio também se depreciou com mais força entre fins de 2014 e início de 2015.

Concluindo. Assumindo os efeitos cumulativos da política monetária, as perspectivas são de que, mantidas as condições de temperatura e pressão (câmbio estável e preços administrados controlados), é de se supor que este choque de preços perca força no início de 2016, enquanto o aperto monetário causar algum impacto, assim como o ajuste fiscal. O problema é que parece pouco provável que estas condições se mantenham, até porque os EUA estão próximos de elevar o juro, podendo gerar novos choques pelo lado do câmbio, e o ambiente político, ainda muito instável.

Em maio, no acumulado em 12 meses o IPCA registrou 8,47%, com os preços monitorados a 14,1%, os serviços (preços não comercializáveis) próximos a 8% e os livres gerais, em torno de 6,8%. Ao final deste ano, o IPCA deve fechar próximo a 9%, devendo recuar a 5,5/5,0% em 2016, ainda fora dos 4,5% do BACEN, só obtidos ao fim do primeiro semestre de 2017.

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