Balanço para o IBOVESPA em 2011
2011 já é passado, mas não resta dúvida de que foi um ano intenso de acontecimentos. Pelo lado da bolsa de valores, o tombo foi feio, com a bolsa paulista perdendo 18,1% do seu rendimento no ano. Em termos de valor de mercado, segundo a Bloomberg, isto representou perdas de US$ 251,6 bilhões, indo a R$ 213,6 bilhões segundo a ECONOMATICA, pela cotação do último dia 26/12.
Segundo esta mesma pesquisa, as perdas globais no ano passado chegaram a US$ 6,29 trilhões, o que equivale ao PIB chinês. Este indicador leva em consideração o valor de mercado total das empresas de capital aberto – medida de quanto vale uma empresa listada em bolsa de valores.
Contribuíram para estas perdas uma série de fatores, com destaque para os problemas fiscais na zona do euro, as tragédias naturais no Japão e os problemas no norte da África, o que trouxe volatilidade ao mercado de petróleo ao redor do mundo. Dentre estes fatores, chamou a atenção o imbróglio fiscal na zona do euro, ainda um problema premente.
Voltando-se para 2011, alguns dados merecem atenção sobre o desempenho da bolsa nacional.
- Na Bovespa, a média diária do volume financeiro ficou em torno de R$ 6,49 bilhões, recorde histórico. Em 2010, a média era de R$ 6,48 bilhões. Por outro lado, o valor de mercado das empresas listadas na bolsa paulista recuou 10,5% em 2011, contra o o ano anterior, totalizando R$ 2,29 trilhões, para 373 companhias. Em 2010, o valor era de R$ 2,56 trilhões, para 381 empresas.
- Segundo dados da bolsa, as 182 empresas integrantes dos Níveis Diferenciados de Governança Corporativa, Novo Mercado, representavam 64,87% do valor de mercado ao fim de 2011, ante 65,65% em 2010, quando haviam 167 empresas nesses níveis.
- Neste desempenho fraco, chama a atenção a PETROBRAS. Em 2011, a estatal teve a segunda maior perda de valor de mercado do mundo, num tombo de US$ 72,39 bilhões, segundo dados da Bloomberg. Com isto, acabou recuando duas posições no ranking das maiores petroleiras do planeta, para a quinta posição. Para 2012, com o papel barato, muitos no mercado projetam alguma recuperação.
- Pelo lado dos investidores estrangeiros, sua participação na BOVESPA liderou a movimentação financeira, com participação de 34,74%, ante 29,57% em 2010. Na segunda posição, ficaram os investidores institucionais, que obtiveram participação de 33,34%, ante 33,29%. Já a participação das pessoas físicas recuou, movimentando 21,44% do giro da Bolsa, ante 26,41% no ano anterior. As instituições financeiras ficaram com 8,65%, ante 8,35%; as empresas, com 1,74%, ante 2,31%; e o grupo Outros com 0,08%, ante 0,06%.
- Em 2011, os investimentos estrangeiros nos papéis de empresas brasileiras, até dezembro, atingiu volume positivo de R$ 8,23 bilhões, resultado de R$ 9,58 bilhões em distribuições públicas (sendo 8,0 bilhões ofertados no Brasil) e do saldo negativo de R$ 1,35 bilhão na negociação no mercado secundário da BM&FBovespa.
- Já o número de contas de investidores pessoas físicas no mercado de ações foi de 583.202 no fim do ano passado, recuando frente à 2010, quando eram 610.915. Isto reforça as evidências de que este tipo de investidor some da bolsa em momentos de turbulência. Lembremos que 2011 foi o primeiro ano desde 2002 (quando a bolsa começou a fazer o levantamento) que o número de pessoas físicas que aplicam em ações na Bovespa recuou anualmente.
- Na verdade, esta conta vem caindo seguidamente desde maio. O registro de pessoas físicas só não caiu durante o ano inteiro graças à oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) da varejista Magazine Luiza, em maio. A operação da companhia, bastante conhecida do público menos familiarizado com o mercado de capitais, atraiu quase 35 mil investidores pessoa física, entre novos e antigos aplicadores. Em maio, as contas de pessoas físicas atingiram a marca de 607,1 mil ante as 596,5 mil de abril. Tirando esse IPO do Magazine Luiza, que pode ser considerado um evento extraordinário, a quantidade de pessoas físicas no pregão caiu todos os meses do ano passado, sem exceção. Só no último mês, 4.988 investidores individuais deixaram a bolsa. Isto nos leva a crer que boa parte da pessoa física em bolsa veio na onda das várias IPOs ocorridas neste período.
- Por outro lado, num processo educativo, boa parte dos investidores PF que resistem em ficar na bolsa de valores são mais qualificados, não fugindo diante de qualquer intempérie.
Para este ano de 2012, diante de um mercado “barato”, a expectativa é de que os investidores, lentamente, comecem a reingressar no mercado de ações. Nós da JHN CONSULTING, estamos trabalhando com um mercado a 68 mil pontos ao fim deste ano. Para isto, será importante que haja um desanuviamento do cenário da zona do euro.