Publicado originalmente em inglês em 24/03/2021
O setor financeiro, um dos mais vulneráveis durante a recessão provocada pela pandemia, está voltando com tudo. Os bancos americanos superaram, por larga margem, o desempenho do índice S&P 500 neste ano. Os investidores estão otimistas com as instituições financeiras, na crença de que o pior já passou e a reabertura econômica impulsionará a expansão das receitas.
O índice KBW Bank saltou cerca de 20% até agora no ano, enquanto o S&P 500 valorizou-se apenas 5% no mesmo período. Empresas como JPMorgan Chase (NYSE:JPM) (SA:JPMC34), Goldman Sachs (NYSE:GS) (SA:GSGI34) e Bank of America (NYSE:BAC) (SA:BOAC34) registraram ganhos de dois dígitos, graças à força dos seus bancos de investimento e divisões de trading.
Os investidores fizeram suas ações subir, apostando que o aumento de crédito às empresas e os maiores gastos dos consumidores, após a aprovação do segundo pacote de estímulo, darão início a uma nova era para essas instituições que têm muita liquidez a baixo custo.
Para aumentar esse otimismo, os rendimentos dos títulos públicos americanos estão em alta, sinalizando que o Federal Reserve pode ser forçado a elevar os juros mais cedo para prevenir a inflação. Os juros maiores permitem que os bancos cobrem mais dos mutuários, elevando as margens sobre produtos como cartões de crédito e hipotecas.
Apesar desse ambiente bastante favorável, não se sabe até onde esse rali pode ir após a impressionante recuperação das ações bancárias desde o crash de março de 2020.
Mais ganhos adiante
Alguns analistas acreditam que essas condições econômicas favoráveis, principalmente os rendimentos maiores dos treasuries e mais estímulo, podem dar mais força às ações bancárias, ainda mais com a aceleração da vacinação.
“Essas ações registraram uma corrida fabulosa até agora no ano”, afirmou Gerard Cassidy, analista da RBC, em matéria recente da Bloomberg. “Elas ainda têm muito espaço para subir no horizonte de 12 a 18 meses", complementou, destacando as boas tendências de crédito e o agressivo aprovisionamento realizado em preparação para uma tempestade de inadimplência que acabou não ocorrendo.
Ao se referir às ações bancárias, Mike Mayo, analista do Wells Fargo, em relatório intitulado “What’s not to like?”, ressaltou o sucesso das campanhas de vacinação, o fato de o Federal Reserve permitir mais recompras de ações e a vitória dos democratas no Senado, o que pavimentou o caminho para mais estímulo governamental.
Considerando que as ações bancárias são atraentes para o longo prazo, o melhor a fazer é esperar um recuo para comprá-las? Os últimos pronunciamentos de alguns dos mais altos executivos dos bancos sugerem que ainda há riscos que podem fazer minguar esse rali. O JPMorgan, maior instituição financeira dos EUA, alertou os investidores em janeiro que ainda há incertezas pela frente e não reduziria as alocações feitas para perdas com cartões de crédito.
As operações de trading nos mercados de capitais também contribuíram para a rápida recuperação após o crash provocado pela pandemia. A receita dessas operações do Goldman Sachs, por exemplo, alcançou a máxima de 10 anos no último trimestre. O JPMorgan registrou o maior lucro e receita de todos os tempos com sua unidade de mercados durante um quarto trimestre.
Essa hiperatividade nos mercados pode não ser tão útil assim quando a economia se reabrir e as operações de trading de pequenos investidores diminuir. Outra ameaça pode vir das dificuldades do setor imobiliário comercial, que gerava muito lucro para os bancos menores.
O presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, disse ao congresso no mês passado que está observando os desdobramentos no setor de perto por causa da exposição do sistema bancário ao mercado imobiliário comercial. Os preços “parecem suscetíveis a fortes declínios, principalmente se o ritmo de transações distressed se acentuar ou, no longo prazo, se a pandemia gerar mudanças permanentes na demanda”, declarou o Fed em um relatório de 19 de fevereiro.
Resumo
As ações bancárias, mesmo após a forte corrida de 2021, continuam atraentes, com muitas macrotendências favoráveis para seus negócios na recuperação econômica pós-pandemia. Dito isso, os investidores que querem ter alguma exposição a bancos em suas carteiras devem se ater aos nomes sólidos, como JPM, Goldman Sachs e Bank of America, devido aos seus portfólios diversificados e balanços mais robustos.