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Brasil e o Feudalismo Fiscal

Publicado 17.08.2020, 17:31

A frase não é minha, e a autoria parece ser da procuradora do Ministério Público, Élida Graziane, especialista em contas públicas. Antes disso, na idade média, a posse da terra se consolidou como pressuposto fundamental para que o poder político fosse exercido. Os senhores feudais, na qualidade de proprietários, tinham plena autoridade para determinar as leis e regras que organizavam o convívio sociopolítico no interior de suas terras. Dessa forma, aproveitavam dessa situação privilegiada para determinar os tributos. Nessa época, vários eram os tributos cobrados de quem morava e/ou trabalhava em suas terras.

Taxas com nomes estranhos como, por exemplo, formariage, corveia, taxa de justiça, mão-morta, albernagem; ou ainda, o nosso conhecido dízimo. E não tinha jeito de fugir disso. Sempre que as despesas do feudo ou a ganância do proprietário aumentava, lá vinha mais impostos. Não podemos esquecer que o Brasil foi colonizado através de capitanias hereditárias, um misto de feudalismo e capitalismo, já que o donatário tinha que se desenvolver com recursos próprios.

Segundo o costume da época, o rei concedia parte dos poderes a empreendedores, ou seja, os donatários, que realizavam por conta própria alguns serviços governamentais. Em troca, cobravam impostos dos colonos e repassavam parte da arrecadação para o rei. O donatário era a autoridade máxima dentro de sua capitania.

Será que vem daí nossa sanha tributária? O certo é que estamos no Brasil de quase sempre, das despesas de governo que excedem as receitas, que, tal qual no feudalismo, angaria mais e mais impostos. Com governos, nada de produção, só arrecadação de tributos. Claro, os ajustes vinham desde sempre sempre pela ampliação de receitas, ou seja, mais impostos ou alíquotas maiores.

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Não podemos dizer que no Brasil das últimas décadas tivemos alguma reforma tributária séria que organizasse a barafunda tributária, ou que se fizesse ajustes reduzindo despesas do Estado. Só que tudo isso tem um limite, mais ou menos como a história da morte do cavalo do inglês, que foram tirando a comida, e quando estava quase deixando de comer, morreu de inanição.

Agora, o governo tem um projeto de reforma tributária que se pretende ser feito em etapas. Inicialmente consolidar PIS e COFINS em um único tributo denominado CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços), mas, ao mesmo tempo, querem reinserir a famigerada CPMF ou arremedo semelhante. Já no Congresso, tramita um projeto que pretende agrupar cinco impostos em somente um, mas com baixa aceitação por prefeitos de incluir o ISS (Imposto Sobre Serviços).

Querem “simplificar” tributos que exigem enorme estrutura das empresas para acompanhamento, agregam custos e retiram a competitividade de nossos produtos. Ao mesmo tempo, não mostram todo o projeto e nem as alíquotas que seriam utilizadas, e ainda querem de volta a cruel CPMF, que atingirá mais fortemente as classes de menor poder aquisitivo. Para complicar mais um pouco (bem, não era para simplificar?), a equipe econômica negocia com os entes subnacionais (estados), a criação de dois fundos de compensação, exatamente pela reforma tributária. Ou seja, a conta vai cair novamente no colo do contribuinte, que não tem como escapar.

Para tornar a situação mais embolada, estamos em época de eleição e nossos políticos precisam de verbas e obras. O governo está montando uma MP de crédito extra de R$ 5 bilhões para a área de infraestrutura, mas terá possivelmente que mandar outra para obras parlamentares, e sem nenhum critério de prioridade. E ainda, há a ala dos fura-tetos, que querem enterrar o projeto liberal e tornar o Estado novamente patrocinador de investimentos. O detalhe é que o Estado está com as finanças arrasadas, antes e principalmente depois da covid-19, com elevado nível de endividamento e encurtamento de prazo da dívida e, em teoria, deveria estar preparando o pós-pandemia, com forte ajuste das finanças públicas.

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Ou seja, se isso for verdade, o senhor feudal ou o donatário dessa capitania, vai acabar aumentando tributos para os seus servos, elevando a carga fiscal em relação ao PIB.

Alvaro Bandeira é sócio e economista-chefe do banco digital modalmais

Publicação Original

Últimos comentários

Essa implicância com a CPMF não passa do velho discurso de proteção aos mais ricos dando o pobre como desculpa! Suponha uma pobre que ganhe 1.000,00 a uma alíquota de 0,38%. Com um saque (que é o esperado devido a sua necessidade de recursos rápidos). Ele pagará 3,80 reais de imposto. Agora, suponha que alguém movimente 1 milhão. Ele pagará 3.800,00 de imposto. Quem vcs acham que vai movimentar mais recursos nas IFs. Quem possui mais recursos. Óbvio! Enquanto o pobre movimenta seu salário em poucas transações bancárias, os ricos movimentam seus recursos de inúmeras formas. A CPMF é o verdadeiro imposto sobre grandes fortunas. Por isso foi colocado como vilão. E nós, pobres, como sempre compramos esses discursos, iludidos com esse papo esquerdista de que precisamos de proteção.
Quem financia o projeto liberal?Vemos que as privatizações ( na verdade simples transferência do patrimônio público para uma pequena casta social, só bocorre com financiamento público, com juros simbólicos, longissimos prazos para pagamento e de carência.
A CPMF seria um sucesso, se fosse iniciada com baixíssima alíquota, repartida proporcionalmente para as federações , sendo ajustada gradualmente de forma à extinguir todos os demais impostos por substituição tributária. Após compensação, os incrementos seriam aplicados para investir em projetos sob demanda, como os que reduzam o custo Brasil e, os essencias como saúde, educação....
Reforma politica, Administrativa e fiscal a desejar.
Não falou nada no artigo, apenas preocupação com a volta da CPMF. O Estado gastou muito e não foi agora, historicamente desde a República. Alguém tem que pagar a conta, se for a nossa geração que seja! Parar mimi e gerar riqueza é que faz diferença.
a reforma administrativa que é bom nada . E mais fácil sufocar o povo . mesma política velha de sempre a malandragem da vez é fazer igual a reforma da previdência divide vota primeiro a parte onde ele levam vantagem é depois travam o resto
O BR é feudal em tudo q faz! Educacao, tributos, .....
...se isso for verdade??Não gosto de adivinhação..mas vou da um voto de credibilidade ao GUEDES.!!EOTIMISTA,PATRIOTA E TEM PLENA CONVICCAO DA CARGA TRIBUTÁRIA
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