*Com Kauã de Oliveira Mata
Você já se perguntou como proteger seu dinheiro da inflação? Em momentos de incerteza econômica, como o que vivemos no Brasil, essa dúvida é mais comum do que parece. Só para ter uma ideia, a inflação medida pelo IPCA-15 acumulou 5,26% nos últimos 12 meses. Isso significa que, se o seu dinheiro ficar parado, ele perde poder de compra com o tempo. Por isso, é importante buscar alternativas seguras que não apenas protejam seu patrimônio, mas que também façam seu dinheiro render de verdade. Uma dessas opções é o CDB, que pode parecer complicado à primeira vista, mas na prática é bem fácil de entender.
CDB é a sigla para Certificado de Depósito Bancário. Funciona basicamente assim: você empresta dinheiro para um banco e, em troca, ele te paga juros por esse empréstimo. É parecido com o Tesouro Selic, só que em vez de emprestar ao governo, você está emprestando a um banco. Ao final do prazo combinado, você recebe o valor que aplicou mais os juros, que são os rendimentos da sua aplicação.
Esse tipo de investimento é considerado seguro porque conta com a proteção do Fundo Garantidor de Créditos (FGC). Isso significa que, caso o banco que emitiu o CDB tenha problemas e quebre, o FGC devolve o valor investido — até um limite de R$ 250 mil por instituição.
Existem diferentes formas de o CDB pagar esses juros. Em alguns casos, a taxa é combinada no início e você já sabe exatamente quanto vai receber no final. Esse é o chamado CDB pré-fixado. Já em outras situações, o rendimento depende de um índice, geralmente o CDI, que varia ao longo do tempo. Esse é o CDB pós-fixado. Há também uma terceira opção, que mistura as duas formas: o CDB híbrido, que oferece uma parte fixa e outra que acompanha um índice de referência, como o IPCA.
Outro ponto importante é saber quanto você precisa para começar. Isso depende do banco ou da corretora. Algumas corretoras e bancos pedem valores como R$ 1.000,00, mas é fácil encontrar no mercado oportunidades de CDBs que permitem aportes iniciais com quantias menores e com rendimentos atrativos. Também vale lembrar que cada CDB tem um prazo de vencimento. Alguns podem durar apenas alguns meses, outros anos. Existem inclusive os que permitem resgate a qualquer momento, chamados de liquidez diária, o que é ótimo para quem quer ter o dinheiro disponível rapidamente.
Na hora de calcular o rendimento, é importante saber que o CDB trabalha com juros compostos — ou seja, você ganha juros sobre os juros. Por exemplo, se você investir R$ 10.000 com uma taxa de 10% ao ano, em 20 anos esse valor pode chegar a R$ 67.275. Isso significa um ganho de R$ 57.275 sem precisar fazer mais nada, só deixando o dinheiro rendendo.
Sobre os impostos, o CDB segue uma tabela regressiva de Imposto de Renda. Quanto mais tempo o dinheiro ficar investido, menor será o imposto sobre o lucro. As alíquotas vão de 22,5% para aplicações de até 180 dias até 15% para aquelas com mais de 720 dias. Além disso, se você resgatar o valor antes de 30 dias, ainda há a cobrança de IOF, mas essa taxa vai diminuindo dia após dia até desaparecer.
Diante de um cenário com a taxa Selic em 14,25% ao ano e expectativa de que ela pode ultrapassar os 15% em 2025, o CDB surge como uma excelente alternativa. Ele oferece mais previsibilidade do que a bolsa de valores ou fundos imobiliários e ainda protege seu dinheiro da inflação. Ter parte do seu patrimônio em renda fixa, especialmente em momentos como o atual, pode ser uma forma inteligente de se proteger e, ao mesmo tempo, aproveitar boas oportunidades de rendimento.
*Estudante de Administração do Ibmec Rio, Consultor da Ibmec Jr Soluções, Ibmec Stars de 2024.1 e estagiário da empresa Mb Finance