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Brasil Paga Preço do Otimismo Desvairado

Publicado 18.03.2020, 16:10

Não é de hoje que o capital estrangeiro avisava da inconsistência da economia brasileira e de seu mandatário máximo, Jair Bolsonaro, em relação ao boom da nossa bolsa. O ano de 2019 foi marcado por sucessivos recordes de saída de capital estrangeiro da Bovespa e em apenas 43 pregões, o recorde do ano passado foi quebrado em 2020. Isso, ao passo que o índice, impulsionado por novas mínimas da Selic e o êxodo de investidores/as de renda fixa para a variável, também quebrava recordes, descolado de qualquer fundamento: alto desemprego, informalidade e inadimplência, baixo consumo das famílias, inflação baixíssima (por falta de atividade econômica).

Ao que tudo indica, os escândalos e bizarrices contínuos envolvendo o Planalto, aliada a essa falta de dados positivos, foram o motor dessa saída galopante de capital, cujos efeitos mais explícitos se faziam notar no dólar, em escalada desde 2019 – muitíssimo antes de sequer existir um coronavírus. É notória a correlação entre câmbio e bolsa, tendo em vista que importamos quase tudo que não seja comida, mas ao longo do ano passado parecia consenso entre economistas ignorar o estranho enfraquecimento desse fenômeno, assim como a saída de capital.

Com os dados do PIB, oficializou-se o quanto o otimismo manifestado por vários/as colegas era errôneo – embora ainda houvesse, naquela altura, quem relativizasse a fraquíssima performance econômica do país, inclusive inventando coisas como PIB público e privado. Diferente do que anunciavam vários/as colegas da área, não eram os estrangeiros que estavam errados com relação ao Brasil, mas sim brasileiros/as que compraram a fantasia vendida pela dupla Guedes-Bolsonaro. Não apenas recém-chegados/as ao complexo mercado financeiro mundial, mas pessoas experientes, que supunha estarem vacinadas com relação a esse tipo de coisa.

Entretanto, nesta tarde que viu ao menos mais dois circuit breakers acionados, com ações despencando e fortunas virando pó, creio que posso dizer que o Brasil paga o preço de seu otimismo desvairado. Óbvio, ninguém poderia prever uma pandemia, mas há meses que venho avisando sobre a grave distorção nos preços causada pelo otimismo brasileiro (cito aqui matérias de outubro de 2019 e janeiro deste ano). Embora fosse impossível prever que a crise fosse catalisada pelo coronavírus, era claro que quando chegasse o momento da correção, ela seria tão ou mais intensa que a supervalorização observada em 2019.

O rombo deixado pelos estrangeiros, com eventual transferência de títulos para o capital doméstico, que proporcionou a subida recorde do Ibovespa, fez com que o Brasil não tivesse, no momento mais crítico, capital qualificado capaz de amortecer a pancada. A clara incapacidade de articular uma retomada industrial, ofuscada pelo otimismo, agora deixa o país, literalmente, em estado de calamidade social e econômica, piorada ainda pelo discurso obscurantista, anticientífico, do presidente Jair Bolsonaro e sua trupe mais fanática.

Enquanto o mundo se preparava para a ameaça do coronavírus, nosso mandatário, cuja comitiva aos Estados Unidos inclui quinze infectados, ignorou seu próprio Ministro da Saúde e, acompanhado do atual diretor da Agência Brasileira de Vigilância Sanitária (Anvisa): quebrou a quarentena, além de todos os protocolos internacionais de prevenção ao contágio, para se juntar a apoiadores que se aglomeravam (com seu aval) para protestar (ou pedir o fechamento) do Congresso e do Supremo Tribunal Federal. Há meras duas semanas, instruiu um comediante que dele se fantasiara, que respondesse as perguntas de jornalistas sobre o resultado do PIB.

Poucos dias atrás, alertei que o dólar provavelmente estouraria a casa dos cinco reais ainda em março, independente de Guedes fazer ou não muita besteira. No momento em que escrevo (15:52h), está em torno de R$5,22, com firma tendência de alta a despeito das intervenções do Banco Central. Diga-se de passagem, venho afirmando também há alguns meses que tais leilões não resolvem o problema, que é de ordem estrutural e não de liquidez, fazendo com que na prática o BC simplesmente venda dólares abaixo do preço de mercado e não contribuem para proteger a economia de ataques especulativos.

Paulo Guedes anunciou uma série de medidas, que serão exploradas em textos futuros, uma vez que merecem a devida atenção. Por enquanto, ainda não foi publicada a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) a respeito de uma possível (provável) redução mais agressiva da Selic, mas adianto que a medida tende a piorar o câmbio sem acarretar melhora na situação econômica interna (confiram este texto, de umas duas semanas atrás), acelerando também a saída de capital estrangeiro. Portanto, teriam o mesmo impacto que tiveram ao longo de 2019-20.

Por enquanto, não dá para sabermos o que vai ser da economia brasileira e, muito menos, do impacto humano gerado pelo avanço do coronavírus sob a gestão, até o momento, desastrosa, de Jair Bolsonaro. Escrevo apenas para deixar o conselho que o otimismo, assim como o pessimismo, é impróprio ao mercado financeiro – que não perdoa aqueles/as que se deixam levar. Quem sabe, agora, outros/as colegas prestem um pouco mais de atenção ao que falam aqueles/as que estão fora do Brasil. Afinal, há vários meses vêm dizendo que o Brasil não vai voar.

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Últimos comentários

pesquisei o Instagram desse cara, fotos nos protesto contra o governo... kkkkk
Posicionamento bem isento...Não da pra ver nenhuma questão ideologica e tendenciosa nesse artigo...Da próxima vez, é melhor trocar o titulo para: o Brasil Não quebrou mesmo sendo dilapidado por mais de 16 anos! Pode ter otimismo sim!!
Que presidente da República está fazendo uma gestão fantástica nessa crise que assola o nosso planeta!!!
a última vez que vi tanta merda junta como nessa matéria foi no time do Cruzeiro do ano passado. analista utiliza suas convicções políticas para fundamentar ..... falta de responsabilidade
O que o colunista "esqueceu" de dizer: O capital especulativo, que pegava dinheiro a juros de 1% ou até negativos para fazer renda com a nossa SELIC está saindo do Brasil desde novembro. A "Nova Nova Ordem Mundial" está em andamento contra a N.O.M. do movimento comunista, por mais que a China abra sua guerra biológica e a Rússia (seu parceiro) inicie a guerra do petróleo: Trump será reeleito e a nova geopolítica seguirá. Agora, aguardem o contra ataque dos EUA. Só isso que aviso.
Quando a crise viral passar, e as bolsas virarem foguetes turbinados, quero ver vc falar o inverso!😛
No longo prazo tudo passa.... A pergunta é: quem vai estar "vivo"?
Finalmente uma análise coerente. IBOV a 120k sem nenhum fundamento econômico, pura irracionalidade e muito exagero. eu não conseguia compreender o porque de tanta compra nos últimos 2 anos num país com várias empresas fechando e informalidade passando dos 50%, problemas muito sérios com o sistema previdenciário e o custo da máquina administrativa subindo cada vez mais. Parabéns pela lucidez das suas argumentações e análise.
Extremamente lúcido o seu texto André. Meus parabéns!
Parabeéns pela lucidez de seu texto. 👏👏👏
Aqui, a maioria não concorda com o Salmerón (não bastassem os insultos a ele, o que é próprio da era Bolsonaro), mas não há uma só palavra dele neste texto que seja devaneio. De fato, a economia não vinha decolando, e o PIB mostrou isso, e o entusiasmo da Bolsa, tão alardeado pela Empiricus, era balão de ilusão, que nós compramos porque estava sendo conveniente, afinal de contas ganhar é muito bom. E deixamos de encarar a realidade: agora perdemos mesmo muito dinheiro na Bolsa, para não dizer dos que já perderam tudo. Ainda há os que culpam o Legislativo por toda essa bagunça, o que também é próprio da era Bolsonaro: se tudo está indo bem, mérito do Bolsonaro. Se tudo está indo mal é porque o Congresso não deixa Bolsonaro governar. A ignorância é mais perigosa do que o coronavírus. Mas, ponto de vista é só a vista a partir de um ponto.
Tem Mané defendendo a volta da taxa selic as alturas pra sastifazer os gringos...
Acho engraçado, só falam agora que a vaca foi pro brejo. Até um mês atrás faziam de conta que não sabiam que o Bozo era totalmente incapacitado para nos governar.
Guru de retrovisor, depois do fato sabe tudo...( com este conhecimento, provavelmente vendeu a descoberto ) parabéns ! gênio !
não sabe nada inocente!!!
O Capital Brasileiro enriqueceu a juros fácil e garantidos até 10 vezes maior ao que mundo oriundo de impostos a risco zero, praticas de Governos anteriores, a reduzir taxa de juros próximos aos Mercados de primeiro sérios tirou-os da faixa confortável, se viram obrigado a migrar na renda variável a ter que se submeter a abrirem empresas, uma vez que estes mesmo Governos anteriores ao longo de mais de trinta anos, tornaram o ambiente de negócio e custo tarifários impraticáveis, tornando o Mercado Privado propicio apenas a Oligopólios que se dobrassem ao Poder Central. Mas para que isso mude, o Congresso tem que deixar, mas é notável a animosidade resiliente ao Status Quo Burocrático que atravanca o País. Então estou eu aqui, fazendo análise para alguém com ideias ainda ginasiais. Racha a bagaça dos seu vencimentos comigo no final do mês, ou então pare de molecagem. Se quiser continuar, se transfira pra Foice de SP.
Eu fiz MBA em finanças com o Assaf Neto e FGV, e dizia isso o tempo todo. Sabe o que eu ouvia? "Comunistaaa!"
Essa tal André Salmerón que escreveu artigo é só mais um pseudo especialista ativista político o cara pra falar BESTEIRA!!!!! Só pelo artigo nota-se que não tem qualificação nenhuma só deve está aí falando essas baboseiras por ser indicado de alguém. #fato
Ai fala besteira em!!!! DORMINDO vc deve raciocinar mais!!!!!
Mãe dinah só esqueceu de mencionar os últimos 20 anos de insanidade na gestão do País.
Mundo inteiro em crise e o cara vem falar que é culpa do Bolsonaro o fato da bolsa brasileira estar caindo, tá de sacanagem né
Mundo inteiro em crise. Pegando os EUA como referência, China sofrendo metade e Brasil sofrendo o dobro.
O mundo inteiro caindo, mas aqui caindo MUITO MAIS. E se for calcular a queda do Ibovespa em moeda forte é uma 'naba' descomunal. Bolsonaro tem culpa SIM, de deixar o país mais vulnerável devido à instabilidade política, merdas faladas, polêmicas inúteis, caçar moinhos de vento, atrasar tudo... Poderíamos ter feito a Reforma da Previdência muito mais cedo, consolidado as outras reformas importantes, aumentado a produtividade, modernizado o país... mas não, ele e os filhos-metralha foram a principal fábrica de turbulência. Agora é chorar...Ps. Votei(útil) nessa besta no 2o turno.
Não tem como comparar a economia do Brasil com a dos Estados Unidos, China e outras grandes potências, investir no Brasil ainda é muito arriscado, por isso aqui a bolsa sempre vai cair mais, se tivesse caindo menos que seria estranho, por isso não vejo a queda como "culpa" do Bolsonaro.
Sem entrar no mérito, minha opinião é que lendo alguns comentários e artigos isso tá parecendo aquelas reuniões de diretórios acadêmicos de Universidades ou Sindicatos. Como o espaço é democrático, cada um fala o que quer e todos podem assimilar ou não a opinião de quem a escreve. Forte abraço!
Nao Fala besteira...
O colunista se esqueceu de comentar do comportamento do legislativo e do judiciário, são 3 poderes....
Texto bizarro
Comentário desvairado. Típico de partidário da esquerda. Você analisa como se a crise fosse econômica e faz sua análise desconsiderando o cenário global. Eu então você não quer ver o cenário global. André, muito fraco seu artigo.
Pra onde você estava olhando quando fez este artigo? Para gráficos? Para rua? Da sua janela?
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