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Café: apesar da alta recente, previsão de boa safra pode pressionar preços

Publicado 15.02.2023, 11:36
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  • O café arábica acumulou uma alta de 20% no mercado internacional durante as últimas cinco semanas, saindo de US$ 1,52 para US$ 1,84 por libra-peso.
  • O rali ocorre, apesar de condições climáticas de curto prazo no Brasil gerarem dúvidas nos operadores.
  • Apesar da perspectiva altista no futuro próximo, uma pesquisa realizada pela Reuters indica que o mercado espera que o café termine o ano em queda.
  • Força atual pode fazer o arábica atingir US$ 1,98.
  • Os aficionados pelo café que gostam de visitar redes como a Starbucks (NASDAQ:SBUX) geralmente se questionam por que estão pagando tão caro pela bebida se, na última vez em que conferiram os preços do arábica, o grão premium estava em queda.

    Bem, é melhor conferi-los de novo.

    O café arábica negociado na InterContinental Exchange de Nova York subiu 20% nas últimas cinco semanas, saindo de US$ 1,5170 por libra-peso, no fim da semana de 6 de janeiro, para US$ 1,8355 em 10 de fevereiro. O rali começou depois que o arábica tocou a mínima de 20 meses a US$ 1,42.

    A disparada ocorreu mesmo após a divulgação de uma pesquisa da Reuters com dez grandes traders de commodities e analistas, prevendo que o café arábica poderia registrar uma queda de 12% em 2023, diante da expectativa de que o Brasil inundasse o mercado com o excesso da safra de 2023/24.

    A expectativa é que os preços do produto encerrem 2023 a US$ 1,48 por libra-peso, uma queda de 15% em relação ao fechamento da última sexta-feira e 12% abaixo dos níveis registrados no fim de 2022, de acordo com a mediana dessa pesquisa.

    Café arábica diário

    Todos os gráficos são de SKCharting.com, com dados do Investing.com

    Os participantes da enquete disseram que o tamanho da safra brasileira de 2023/34 teria um papel fundamental na determinação dos preços, com alguma incerteza em relação à colheita da enorme produção. A previsão era que a safra brasileira de 2023/24 saltasse para 67,1 milhões de sacas de 60 kg, uma alta em relação à mediana das estimativas de 61,5 milhões de sacas para o período de 2022/23.

    Essa projeção, no entanto, estava abaixo do consenso de 71 milhões de sacas em uma pesquisa realizada pela Reuters em julho de 2022, com as plantações não se desenvolvendo tão bem como se esperava, possivelmente por conta do inverno bastante seco no país, o que acabou prejudicando a saúde das árvores.

    Os participantes da pesquisa citaram a possibilidade de menor demanda, em razão dos preços de varejo elevados e de uma desaceleração da economia global, como fator para a perspectiva baixista dos preços.

    Os analistas do café rastreados pelo Investing.com não contestaram exatamente as revelações dessa enquete. No longo prazo, com o início da produção total e colheita para a estação no Brasil, a expectativa é que os preços acabem caindo no fim do ano, disseram.

    Mas, no curto prazo, as mudanças dos padrões meteorológicos nos país estão gerando confusão no mercado, acrescentaram.

    De acordo com Jack Scoville, analista-chefe de mercados agrícolas do Price Futures Group, de Chicago:

    “A expectativa de uma grande produção no Brasil continua, devido principalmente aos maiores índices de precipitação nas regiões de cultivo neste momento.

    Mas também há especulações de que a produção potencial do país tenha sido superdimensionada. O clima no Brasil está muito bom para a produção atualmente, mas condições piores registradas anteriormente no ciclo de crescimento prejudicaram as perspectivas gerais de produção, como ocorreu no ano passado".

    Antes do rali iniciado em janeiro, os investidores do arábica passaram quatro meses no vermelho, acumulando uma perda de 30%.

    O arábica tocou a máxima de uma década em fevereiro de 2022, após duas safras abaixo do padrão no Brasil e na Colômbia, bem como por conta de problemas logísticos globais.

    O grão é tradicionalmente a variedade mais popular do café. Mas a principal comerciante do setor, a Volcafe, declarou que os grãos de robusta – uma variante normalmente usada em cafés instantâneos – representaram 48% da demanda global no ano passado, refletida na menor oferta desse grão mais barato. O arábica geralmente apresenta um prêmio em relação ao robusta, mas, no ano passado, esse spread foi reduzido pela metade, em meio a uma mudança no mix para variedades mais baratas.

    A tendência em favor do uso maior do robusta deve continuar, devido à inflação e à desaceleração econômica, fazendo com que os consumidores mais sensíveis ao preço optem por produtos menos caros.

    Mas qual é a perspectiva de preços de curto prazo para o arábica?

    De acordo com o analista técnico Sunil Kumar Dixit, o nível de US$ 1,70 parece ser um suporte horizontal ativo que pode ajudar o arábica a ganhar estabilidade acima da média móvel simples de 100 dias. Ele disse ainda:

    "Vemos uma resistência de curto prazo entre US$ 1,87 e US$ 1,93 e, se os compradores continuarem fortes acima dessa região, é possível que o movimento se estenda até a média de 200 dias a US$ 1,98.

    Café arábica semanal

    O indicador estocástico no gráfico diário também é positivo para o arábica, além da inclinação ascendente do índice de força relativa.

    “É possível ver um força relativamente similar no gráfico semanal do arábica, já que o rali de cinco semanas permitiu um rompimento decisivo acima da máxima intermediária de US$ 1,75”.

    Por outro lado, a resistência de médio prazo pode começar a ganhar força no arábica na média móvel exponencial de 50 semanas a US$ 1,90.

    “A máxima intermediária de US$ 1,75 atuará como um suporte dinâmico em caso de qualquer correção do arábica”, concluiu Dixit.

    Aviso: Barani Krishnan utiliza diversas visões além da sua para dar diversidade às suas análises de mercado. A bem da neutralidade, ele por vezes apresenta visões e variáveis de mercado contrárias. O analista não possui posições nos ativos e commodities sobre os quais escreve.

     

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