Mais uma semana iniciando “otimista” e terminando “pessimista” (e/ou realista?) com o Set-23 negociando na máxima @ +165,45 centavos de dólar por libra-peso e encerrando @ +157,90 centavos de dólar por libra-peso (fechamento anterior / máxima / mínima / fechamento atual respectivamente @ +161,85 / +165,45 / +157,35 / +157,90 centavos de dólar por libra-peso). Em Londres, o contrato julho-23 para o café robusta/conillon encerrou na terça-feira negociando nas máximas dos últimos anos @ +2.859 US$/tonelada! Já o próximo contrato com vencimento em Set-23 em Londres encerrou a semana @ 2,588 US$/tonelada.
Na quarta-feira e na quinta-feira o FED* e o BCE* confirmaram respectivamente o novo aumento nos juros americanos e na zona do euro em +0,25 pontos (deixando agora a taxa de juros americano no intervalo +5,25%/+5,50% ao ano e os juros nos países membros da zona do euro em +4,25% ao ano). Os bancos centrais continuam controlando os efeitos práticos dessa política monetária no combate da inflação. Apesar de pouco provável, deixaram claro que novos aumentos poderão ocorrer até o final do ano. O banco central americano (FED*) vêm buscando a todo custo derrubar a inflação americana dos atuais +5,80/+6,00% ao ano para o “centro da meta” em +2,00% ao ano. E o BCE* lutando para derrubar a inflação na zona do euro dos atuais +10,00%/+12,00% ao ano para patamar similar (+2,00% ao ano).
Mesmo com o R$ valorizando +1,67% (chegou a romper a barreira dos +4,70 R$/US$) o café em Nova Iorque caiu -4,56%. A combinação “R$/US$ x cotação em US$ em Nova Iorque” chegou a derrubar os preços no mercado interno em aproximadamente -7,00%! O café arábica “tipo 6” chegou a negociar novamente abaixo dos +800 R$/saca em algumas praças e o café arábica “tipo cereja descascado” entre +840/+880 R$/saca! O café arábica tipo “duro/rio” voltou a negociar abaixo do café robusta levando parte da indústria a continuar migrando do café robusta para o café arábica. “Preço por preço” tanto o mercado interno quanto o mercado exportação deverão seguir operando o “spread preço x qualidade” refletindo diretamente no aumento das exportações brasileiras do café robusta nos próximos meses. Como sempre, o “café de baixa qualidade” continuará no mercado interno e o “café de boa qualidade” será exportado…
Segundo o último relatório do CFTC* os fundos + especuladores reduziram a posição “vendida” em -1.769 lotes e encerraram o período de apuração ainda “vendidos” em -13.769 lotes. Durante esse período (quarta-feira semana anterior até a terça-feira da semana presente) o Set-23 saiu de +155,05 centavos de dólar por libra-peso para +165,45 centavos de dólar por libra-peso. Como o mercado voltou a cair a partir da quarta-feira então creio que no relatório da próxima semana os fundos + especuladores voltarão à posição “vendida” novamente acima dos -15.000 lotes. A safra 23/24 praticamente terminou (colheita do robusta concluída e a colheita do café tipo arábica estimada acima dos +70%). Graças a Deus não houve nenhum problema climático relevante.
O “mercado” continua apostando na safra brasileira 23/24 como sendo a “safra/origem” que irá “salvar o mundo! Aparentemente as previsões ainda otimistas do USDA* e do Rabobank* continuam sendo utilizadas nos modelos dos grandes fundos + especuladores + algoritmos (para a safra do café tipo robusta a expectativa da safra 23/24 continua entre +22,50/+23,50 milhões de sacas e do café tipo arábica entre +42,00 / +44,00 milhões de sacas). Mesmo com a safra 23/24 ainda não finalizada, o “mercado otimista” já está projetando uma safra 24/25 acima dos +75,00 milhões de sacas!
Segundo os “mais otimistas” as chuvas localizadas nos últimos dias continuaram favorecendo as reservas hídricas das lavouras. O efeito “El-Niño” não deverá prejudicar a próxima florada e o desenvolvimento da próxima safra 24/25! Já tem gente apostando pesado na “excelente produção dos ovos da galinha dos grãos de ouro que ainda nem sequer nasceu irá produzir”!
Os próximos meses serão cruciais. Segundo os dados da Cecafé*, em julho-23, o Brasil deverá exportar algo entre +2,60/+2,70 milhões de sacas (nos meses de julho-22, julho-21 e julho-20 o Brasil exportou respectivamente +2,52 / +2,91 / +3,24 milhões de sacas; e nos meses de agosto-22, agosto-21, e agosto-20 o Brasil exportou +2,84 / +2,83 / +3,57 milhões de sacas respectivamente).
Para a Brasil exportar +44,00 milhões de sacas (como previsto pelo USDA*) o Brasil vai precisar exportar na média, nos próximos 11 meses, +3,75 milhões de sacas por mês! TRUCO!
Nas últimas safras 22/23, 21/22, e 20/21, no período Agosto-X / Junho-X+1 (11 meses) o Brasil exportou, na média mensal, respectivamente +3,00 / +3,30 / +3,86 milhões de sacas)!
Os “otimistas” continuam ainda acreditando no crescimento do consumo mundial entre +1,50%/+2,00%! Será mesmo que toda essa crise mundial que estamos acompanhando na Europa, China, Oriente Médio, África, América Latina será compensada apenas pela economia ainda pujante dos Estados Unidos? Com juros elevados e compradores evitando “carregar/financiar” estoques será que iremos ver uma aceleração nas compras/exportações? Se estiverem certos, então o índice “estoque x consumo” continuará em nível crítico, de atenção redobrada, abaixo dos +12,00% durante os próximos 2 anos, voltando a patamar “confortável” apenas a partir da safra 25/26 (o Brasil precisará produzir pelo menos, nas próximas safras 23/24, 24/25 e 25/26 +66,00 / +75,00 / +70,00 milhões de sacas)!
O déficit global para a safra 23/24 está previsto entre -7,00/-10,00 milhões de sacas (base OIC* e ArcherConsulting* – quando utilizamos a safra brasileira 23/24 em +54,74 milhões de sacas – segundo a Conab*) e entre -2,00/-1,00 milhões de sacas quando utilizamos os dados dos USDA* / Rabobank*). A produção no Vietnam já foi reduzida para +27/+29 milhões de sacas x previsão inicial mais otimista em +31,00 milhões de sacas. América Central, Colômbia, Indonésia, Índia, países africanos – praticamente todas origens (fora Brasil) com produção estagnada na safra 23/24!
O efeito “El-Niño” continua afetando os países produtores do pacífico. O verão na Europa está sendo um dos mais quentes dos últimos anos. Idem para Estados Unidos / Canadá!
Será que apenas o Brasil está sendo, e será abençoado, com clima favorável, com um “céu de brigadeiro” durante os próximos 12 meses, para próxima safra 24/25?
Continuo positivo para o curto/médio prazo, com preços podendo voltar a negociar acima dos +1.000 R$/saca nos próximos meses para a safra 23/24. Para a safra 24/25, continuo cauteloso com preços podendo voltar a negociar abaixo dos +800 R$/saca. O mercado sempre antecipa fatos/crises econômicas. Sigo sugerindo proteção para a safra 24/25, caso o mercado de oportunidades, para vender/realizar hedge com preços >= +850/+900 R$/saca.
Como sempre, Protejam-se!