Os bonds da dívida dos Estados Unidos cederam forte nesta semana, elevando assim os juros para os mais altos níveis em sete anos e pressionando o mercado acionário.
A decisão do governo italiano em elevar o déficit do orçamento contribui para provocar uma queda das bolsas europeias, em um começo de trimestre de ajustes de posições dos investidores.
O IBOVESPA se beneficiou também da redistribuição de recursos, influenciado por pesquisas eleitorais apontando uma maior chance de Jair Bolsonaro ser eleito no primeiro turno – ou de o PT não voltar ao poder.
Os modelos matemáticos tiveram a inserção de uma probabilidade em torno de 20% da escolha do presidente do Brasil acontecer hoje, dia 7 de outubro, valorizando o Real brasileiro em 5% e dando carona para o café e o açúcar – o último apreciando assustadores 21% em cinco dias.
Os operadores que olham para moedas, bolsas, mercado de renda-fixa e outras commodities para ajudar nas suas decisões em tomadas de posições, imaginariam que os índices de matérias-primas poderiam sofrer com os títulos de renda fixa se tornando mais atrativos, mas é normal haver um descolamento quando dinheiro é retirado de algumas cestas para serem alocados em outras. Há também o argumento de correlação negativa entre ações e commodities, o que funcionou na semana.
O café arábica ganhou os US$ 10.00 centavos por libra que apostávamos no curto-prazo e surpreendentemente conseguiu segurar a alta, ainda que com oscilações mais agudas em três das últimas cinco sessões.
O robusta também teve um rally forte, encerrando a US$ 200.00 por tonelada da mínima do começo de setembro.
A posição vendida dos fundos em Nova Iorque serviu de mola para impulsionar os preços, como demonstrado pela liquidação de quase 12 mil contratos da parte vendida, cuja liquidez foi dada pelos comerciais – liquidando compras e adicionando novas vendas.
Produtores brasileiros e de outras origens aproveitaram para vender mais cafés em suas praças de negociação, à diferenciais mais abertos calculados pelos exportadores, mas ainda distantes dos desejados pelos torradores.
No Brasil, particularmente, a moeda tirou uma parte do que poderia subir o preço da saca localmente, o que deve continuar ocorrendo caso um governo liberal seja eleito neste domingo, com uma maior alta do Real.
A pergunta que todos tem em mente é se o contrato “C” vai finalmente mudar a tendência negativa ou se a correção terá curta duração.
Difícil dizer, mas dado o volume de café que ainda precisa sair dos armazéns e das árvores da Colômbia, da América Central, da África e da Ásia, uma alta acima de US$ 120.00 centavos por libra parece improvável de ser sustentada – pelo menos nos próximos seis meses.
Claro que a exceção pode vir de perdas climáticas – motivo óbvio, mas que não custa mencionar.
Cabe a observação de que uma recuperação agora do terminal para os “sonhados” US$ 130 ou US$ 150 centavos devolve a remuneração para produtores de todos os países produtores – mesmo que insatisfatória – atenuando uma possível subida ainda mais acentuada da bolsa, que ocorreria caso Nova Iorque ficasse em níveis depressivos por um período mais estendido – causando perdas em função de prejuízos no campo.
Para o longo-prazo a previsão fica mais “fácil”, assumindo um crescimento de consumo de 1.5% ao ano que demandará a cada ano adicionais 2.4 a 2.8 milhões de sacas, acumulando uma necessidade de produção adicional em 26 milhões de sacas em 10 anos – o que apenas bons preços vão possibilitar.
A pouca disponibilidade de cafés naturais no destino manterá os diferenciais apertados nas ofertas dos comerciantes (que não queiram perder dinheiro) e uma estabilização no Brasil – caso a população escolha hoje um governo que respeite as instituições democráticas e tenha compromisso de aprovar reformas para não quebrar o país – deve confirmar que as mínimas já foram estabelecidas, desenhando um intervalo de negociação em Nova Iorque entre US$ 105.00 e US$ 120.00 centavos até Março ou Abril de 2019.
Uma ótima semana a todos.