ARÁBICA
Em junho, os preços internos do arábica se mantiveram praticamente estáveis. Apesar da queda dos futuros da variedade no mês, o dólar mais valorizado sustentou as cotações do grão no mercado interno. A média do Indicador CEPEA/ESALQ do arábica foi de R$ 452,51/saca de 60 kg, elevação de apenas 0,3% em relação à média de maio. Já no comparativo com junho/17, as cotações registraram baixa de 4,4% (valores deflacionados pelo IGP-DI maio/2018). No mercado externo, os futuros foram pressionados pela valorização do dólar frente ao Real, pelo bom andamento da colheita no Brasil e por movimentos técnicos. Em junho, a média de todos os contratos na Bolsa de Nova York (ICE Futures) foi de 118,75 centavos de dólar por libra-peso, queda de 2,7% em relação a maio. O dólar teve média de R$ 3,781, alta de 4% na mesma comparação.
Quanto aos negócios, no geral, permaneceram calmos. No início do mês, o mercado nacional de café ainda sentia os efeitos da greve de caminhoneiros, com a maior parte do transporte e dos portos nacionais ainda retornando ao ritmo normal. Segundo agentes, além de dificultar o mercado físico, a paralisação também impactou as exportações de café do País, devido aos atrasos nas entregas. Além desse quadro, agentes consultados pelo Cepea observaram que o tabelamento dos fretes no País também tem atrapalhado as negociações e as entregas de café, especialmente nas regiões produtoras mais distantes, como Noroeste do Paraná e Rondônia.
Mesmo com a retomada das atividades, agentes permaneceram afastados do mercado no restante de junho, mantendo baixa a liquidez interna. Enquanto vendedores se mantiveram concentrados na colheita, negociando apenas em momentos de necessidade de caixa para custear os trabalhos no campo, compradores preferiram aguardar a entrada de um maior volume de café novo para adquirirem grandes volumes.
SAFRA 2018/19 – Com o clima mais firme, os trabalhos de campo avançaram em junho. Até a última semana do mês, a área mais avançada era o Noroeste do Paraná, com a atividade se aproximando dos 50%, segundo agentes consultados pelo Cepea. Nas regiões de Garça (SP), Zona da Mata (MG), Cerrado e Sul Mineiro, o volume colhido variava de 20 a 30% do total. Na Mogiana (SP), as atividades chegaram a 20% do total esperado para a safra. Segundo agentes, no geral, os primeiros lotes de café arábica que chegam ao mercado têm apresentado qualidade superior à da safra passada, especialmente em relação à bebida. Porém, algumas regiões vêm apresentando certos problemas de rendimento. No início da colheita, agentes de Garça e do Noroeste do Paraná apontaram menor peneira, sendo que na primeira praça também houve relatos de grãos com casca mais grossa, o que diminui o rendimento desses lotes no beneficiamento do café. Apesar de os lotes mais novos já apresentarem melhora relativa na peneira, o problema da casca ainda vem sendo observado em Garça. Além disso, grãos “mais cascudos” também foram relatados no Cerrado e na Mogiana. Por outro lado, apesar da apreensão inicial, colaboradores apontam que ainda é cedo para se estimar o rendimento do restante da safra. Já no Sul de Minas, maior produtor de café arábica, agentes indicam que a peneira e, consequentemente, o rendimento dos primeiros lotes têm sido superiores aos da safra passada.
ROBUSTA
Com a retração vendedora e o aquecimento da procura por parte das indústrias de torrefação, os preços internos do café robusta seguiram em alta em junho. O Indicador CEPEA/ESALQ do tipo 6 peneira 13 acima teve média de R$ 335,39/saca de 60 kg em junho, avanço de 1,4% na comparação com maio. Por outro lado, em relação a junho/17 houve queda de 24% (valores reais, deflacionados pelo IGP-DI maio/2018). Para o tipo 7/8 bica corrida, a média foi de R$ 326,28/sc, elevação de 1,3% no mesmo comparativo, mas baixa de 24,5% no ano. No mercado externo, as cotações foram influenciadas por fatores técnicos, pelo câmbio, pelo andamento da safra brasileira de robusta e pela perspectiva de maior oferta global. O contrato Setembro/18 do robusta negociado na Bolsa de Londres (ICE Futures Europe) fechou a US$ 1690,00/tonelada em 29 de junho, queda de 3,1% na comparação com 31 de maio.
Em relação às negociações, apesar de a liquidez interna do mercado de robusta ter sido superior ao de arábica, os negócios ainda seguiram em ritmo lento em junho. Muitos produtores continuam distantes do mercado, realizando negócios apenas em dias de alta dos preços externos ou do dólar e conforme a necessidade de “formar caixa”. Boa parte do volume de robusta novo comercializado nas últimas semanas corresponde a entregas já programadas.
SAFRA 2018/19 – Os trabalhos de campo avançaram com força nas lavouras de robusta em junho. Em Rondônia, agentes apontam que a colheita foi praticamente finalizada no final do mês. Apesar de produtores ainda segurarem uma boa parte do café novo, os lotes que têm chegado ao mercado apresentaram melhora no padrão em relação ao da safra passada, com aumento no volume de cafés com menor quantidade de defeitos. Já no Espírito Santo, até a última semana de junho as atividades se aproximaram dos 50% da produção esperada. Apesar de as chuvas durante o primeiro semestre do ano terem atrasado a colheita no estado capixaba, que normalmente se intensificava em maio, o clima mais úmido durante o desenvolvimento desta temporada 2018/19 resultou em elevado volume de grãos de maiores qualidade e peneira. Além disso, as chuvas também devem auxiliar na condição dos cafezais para as próximas temporadas. Com a previsão de clima firme no início de julho, os trabalhos devem avançar no Espírito Santo, sendo que colaboradores do Cepea acreditam que as atividades sejam praticamente finalizadas no mês.