Os preços do café arábica atravessam mais um mês em forte avanço. De 29 de outubro a 23 de novembro, o Indicador CEPEA/ESALQ do tipo 6, posto na capital paulista, já teve expressiva alta de 179,39 Reais/saca de 60 kg (ou +14,3%), fechando a R$ 1.435,66/saca de 60 kg nessa terça-feira, 23. Trata-se de um novo patamar máximo nominal da série histórica do Cepea, iniciada em 1996. Ressalta-se que, em termos reais, o recorde é de R$ 2.315,55/sc, registrado em 28 de maio de 1997 (os valores foram deflacionados pelo IGP-DI). Segundo pesquisadores do Cepea, o aumento está atrelado às altas dos valores externos. Além de preocupações relacionadas ao clima, entraves logísticos enfrentados em todo o globo continuam dificultando a comercialização de café. No Brasil, começam a aumentar as preocupações quanto ao pegamento das floradas da safra 2022/23. Agentes consultados pelo Cepea indicam que flores vêm sendo abortadas em parte dos cafezais atingidos por geadas e/ou pela seca.
ARROZ: NEGÓCIOS SEGUEM LENTOS, E PREÇOS, EM QUEDA
Incertezas sobre a dinâmica do mercado nacional de arroz em casca nos próximos meses mantêm muitos agentes afastados do spot nacional. Pesquisadores do Cepea apontam que esse cenário tem pressionado as cotações do casca no Rio Grande do Sul. No geral, enquanto parte dos compradores aguarda o recebimento de lotes da matéria-prima já negociada em semanas anteriores, alguns orizicultores mostram intenção de comercializar apenas o arroz de rendimento inferior e estocar o produto de maior qualidade, à espera de maior remuneração. Na parcial deste mês (entre 29 de outubro e 23 de novembro), o Indicador ESALQ/SENAR-RS do arroz, referente ao cereal de 58% grãos inteiros e pagamento à vista, cedeu 6,05%, com a saca de 50 kg a R$ 64,17 na terça-feira, 23.
ALGODÃO: PREÇOS SEGUEM RENOVANDO AS MÁXIMAS NOMINAIS
Os preços do algodão seguem em alta no Brasil, renovando os patamares máximos nominais da série histórica do Cepea, tendo como suporte a paridade de exportação. Segundo pesquisadores do Cepea, mesmo diante dos recordes nominais no Brasil, os valores da pluma para exportação ainda estão acima dos registrados no mercado doméstico, o que leva vendedores a permanecerem firmes nos preços pedidos para novas negociações. Do lado comprador, parte das indústrias se mantém recuada, trabalhando com a matéria-prima já contratada e/ou em estoque. Mas as unidades que necessitam repor estoques acabam cedendo nos valores pagos para conseguir efetivar novas aquisições. No acumulado da parcial de novembro (até o dia 23), o Indicador CEPEA/ESALQ do algodão em pluma registra elevação de 4,6%, fechando a R$ 6,2226/lp na terça-feira, 23.
MELANCIA: LA NIÑA PODE PREJUDICAR LAVOURAS NO RS
O plantio de melancia no Rio Grande do Sul continua avançando, com algumas lavouras em Arroio dos Ratos já iniciando a colheita de forma pontual para abastecer o mercado regional. Segundo colaboradores do Hortifruti/Cepea, até o momento, o clima seco na região tem favorecido o desenvolvimento das frutas, que vêm apresentando calibre elevado, apesar das recentes baixas temperaturas registradas no estado. No entanto, a grande possibilidade de ocorrência do La Niña nestes últimos meses de 2021 tem preocupado produtores gaúchos. De acordo com a NOAA (National Oceanic and Atmospheric Administration), há 90% de chance de ocorrência do fenômeno entre novembro e janeiro no Brasil – no Sul do País, o La Niña costuma atrasar as chuvas, o que pode limitar a produtividade, principalmente nas lavouras de sequeiro. Outro impacto negativo do tempo mais seco é o aumento da incidência de viroses, o que tende a elevar ainda mais os custos de produção e, consequentemente, reduzir a rentabilidade da cultura, caso os preços não subam na mesma proporção. Vale ressaltar que o cenário pode ser mais preocupante em Encruzilhada do Sul, devido à menor disponibilidade de água nos açudes da região frente às outras praças produtoras de melancia no estado.