A semana começou com os mercados aguardando a ata da última reunião do FED* (divulgada na quarta-feira). A ata do FED* “reitera a preocupação dos diretores em relação à inflação, mas não adiciona nenhum detalhe crucial às projeções para a política monetária. A preocupação em relação à recessão global devido a uma política monetária cada vez mais dura contra a inflação tem sido o principal sentimento que ronda os mercados globais atualmente”.
O medo da recessão refletiu nos preços do petróleo (o petróleo tipo “brent” chegou a cair -13,60% mas conseguiu recuperar +8,63% – após negociar @ 98,50 US$/barril – e terminou a semana @ 107,15 US$/barril). Novamente os “analistas de plantão” estimaram preços para o petróleo entre o pequeno “intervalo” +65/+320 US$/barril nos próximos 12-18 meses! Assim fica fácil!
O risco para novos aumentos nos juros americanos + inflação em alta com risco de recessao na Europa + o governo brasileiro tentando se reeleger a qualquer custo (colocando em risco a política fiscal) fez o R$ chegar a desvalorizar -2,80% (voltou a negociar @ 5,45 R$/US$). Na sexta-feira a moeda brasileira valorizou fechando a semana @ 5,27 R$/US$.
O Set-22 chegou a cair -4,25% (máxima/mínima/fechamento respectivamente @ 225,90 / 215,10 / 220,45 centavos de dólar por libra-peso) e terminou a semana caindo apenas -1,87%. Em R$/saca os preços praticados no mercado interno continuam negociando entre +1.350/+1.450 R$/saca dependendo da qualidade / local de entrega do produto.
Com os vasos comunicantes voltando a funcionar (R$ x cotação em NY x oferta/demanda) Nova Iorque não aguentou e o Set-22 chegou a cair -955 pontos. O volume diário negociado foi baixo, ao redor dos +25.000 lotes/dia (mesmo com o mercado negociando abaixo da média móvel dos 200 dias @ 224,80 centavos de dólar por libra-peso). Pelo visto os fundos + especuladores não estão com coragem para ficarem vendidos nesse momento. Pelo contrário. Segundo os últimos números do CFTC* os fundos + especuladores voltaram às compras e estão comprados em +26.129 lotes (compraram +4.195 lotes).
O Set-22 agora encontra grande resistência @ +223/+225 centavos de dólar por libra-peso e suporte @ +215 / +207 centavos de dólar por libra-peso.
Noticias dos produtores e cooperativas continuam chegando no mercado confirmando quebra na safra 22/23. Segundo o maior produtor brasileiro (Sr. Antonio Francisquini com cerca de 16.000 hectares plantados) a quebra nas suas lavouras deverá ser superior a -70%! Com uma expectativa inicial para colher na safra 22/23 aproximadamente +800.000 sacas agora estima colher entre +180/+200.000 sacas de café – no máximo!
Na sua fazenda Romaria, com 2.300 hectares, sua expectativa para esse ano será colher apenas +20.000 sacas x +100.000 sacas na safra anterior!
Algumas lavouras com pouca produtividade (entre +3/+5 sacas por hectare) nem sequer serão colhidas pois o risco em estragar as lavouras prejudicando eventual recuperação para a safra 23/24 são muito grandes.
Até o dia 01 de julho de 2021 esse produtor já havia beneficiado aproximadamente +50.000 sacas de café. Nessa safra, no mesmo período, beneficiou apenas +2.000 sacas de café! Então, a safra está “atrasada” ou “não tem café”?
Grandes cooperativas também não estão recebendo parte dos seus contratos existentes e estão tendo que sair a mercado para originar produto e poder honrar com seus compromissos! Produtores seguem relatando quebras nas suas lavouras, muitas cooperativas com armazéns vazios e sem filas de caminhões para descarregar. Então, a safra está “atrasada” ou “não tem café”?
Segundo o sr. Francisquini “não tem café”! Vamos acreditar no sr. Francisquini ou na Conab* ou nos outros “grandes especialistas”?
Mais uma semana com a Conab* omissa sem divulgar os estoques de passagem da safra 20/21 para a safra 21/22 e o estoque de passagem da safra 21/22 para a safra 22/23.
A Cecafé deverá publicar na próxima semana o fechamento das exportações do mês de junho-22 e do ano safra julho-21/junho-22. Na primeira semana de julho-22 o Brasil já havia solicitado autorização para embarques para aproximadamente +580.000 sacas e já embarcado +267.000 sacas. Em julho-21 o Brasil exportou +2,90 milhões de sacas! Como será julho-22??
Os estoques certificados voltaram a cair e terminaram a semana com apenas +789.981 sacas! Esse “estoque” nunca foi tão acompanhado diariamente pelo mercado desse jeito! Seguimos apostando no “squeeze” contra a tela de Dez-22 ou Março-23!
Café da América Central / Colômbia estão sendo negociados a NY + 40/60 pontos sobre NY!
Por que o Brasil segue negociando @ -20/-30 pontos? Os compradores vão alegar “custos logísticos”… Porém, a escassez do produto brasileiro poderá fazer o mesmo se valorizar em breve!
Pelo andar da colheita o “basis”/desconto praticado contra os vencimentos dos contratos em NY contra os produtores brasileiros poderá voltar a ficar positivo! Os produtores brasileiros deveriam se unir e não aceitar vender seu produto com “desconto” sobre NY. Dependendo da qualidade do produto (por exemplo o café tipo cereja descascado) deveriam exigir prêmio sobre NY!
Hoje o café tipo arábica negociado com base a NY “flat” contra o Set-22 equivale @ 1.570 R$/saca. Contra o Set-23 equivale @ 1.640 R$/saca. Mercado atual tentando comprar pagando -200/-250 R$/saca…
Esse mesmo café com +30 pontos de prêmio contra as mesmas telas representam 1.785 R$/saca e aproximadamente 1.870 R$/saca!
Seguimos a mesma recomendação da semana passada:
– Para produtores com vendas/travas entre +250/+400 R$/saca para café robusta e entre +500/+800 R$/saca para café tipo arábica para as safras 22/23 e 23/24 esse mercado pode estar dando uma oportunidade para a recompra da posição e renegociação da entrega dos contratos com suas contra-partes! Procurem realizar “wash-out” ou comprar proteção utilizando as opções de compra “call*” ou as estruturas “call-spreads”. Se a safra brasileira realmente vier entre +48/+55 milhões de sacas o mercado vai “andar”!
Para a indústria nossa sugestão comprar proteção contra alta nos preços, comprando estruturas “Call-Spread*” contra a tela Dez-22 e Julho-23.
Acreditamos que os fundamentos seguem positivos.
Ótima semana a todos!