O mercado bem que tentou, mas o vencimento Maio-25, após negociar na máxima da semana @ 396,40 centavos de dólar por libra-peso, encerrou a semana @ 377,20 centavos de dólar por libra-peso. E o R$, no último pregão da semana, “derreteu” para 5,72 R$/US$ (como NY já estava fechado, então pode ser que ocorra um repique na segunda-feira para “ajustar” a cotação em função da valorização do R$).
Com base no fechamento da cotação em NY e do R$, então na semana o café desvalorizou em R$/saca aproximadamente -5%, ao redor dos -130 R$/saca! Ou seja, o produtor com 5.000 sacas em aberto para vender/fazer o hedge “deixou” na mesa aproximadamente R$ 650.000 em possível receita...
Nas últimas 3 semanas as negociações no mercado interno já caíram -300 R$/saca e em NY -59,50 US$/saca!
Segundo a OIC em um relatório mensal, considerado altista no início da semana, as exportações globais de café verde caíram 14,2% em janeiro em relação ao ano anterior, para 11,32 milhões de sacas de 60 kg, registrando sua terceira queda mensal consecutiva.
Porém “apenas essa andorinha” não foi suficiente para “fazer o mercado andar”...
Analistas creditam a queda do mercado dos últimos dias às novas previsões de chuvas e ao número das exportações brasileiras durante o mês de fev-25 (+3,27 milhões de sacas). Durante os últimos 3 pregões da semana o vencimento Maio-25 caiu praticamente -2.200 pontos.
Segundo esses analistas e “algorítimos”, as chuvas recentes serão suficientes para salvar a safra 25/26 resultando em uma safra potencial acima dos 60,00 milhões de sacas (lembrar que a estimativa da Conab* esta em 51,40 milhões de sacas).
Por falar em Conab, a estimativa para a safra 24/25 estava em 54,80 milhões de sacas. E, provavelmente a estimativa da Conab está errada mais uma vez.
Estava trabalhando com as seguintes premissas - com base no quadro “oferta x demanda Brasil” para a safra 24/25:
Estoque de passagem: 10 milhões de sacas
Produção Conab: 54,80 milhões de sacas
Oferta total Disponível Brasil: 64,80 milhões de sacas
Consumo interno Brasil: -21,90 milhões de sacas (base Abic*)
Salto disponível para “Exportação” + “estoque de passagem”: 42,90 milhões de sacas...
Até o momento o Brasil já exportou no ano safra julho-24/junho-25, nos primeiros 8 meses da safra, 33,45 milhões de sacas (segundo dados da Cecafé).
Para o mês de Março-25, a projeção da exportação para o mês (com base nos dados da Cecafé encerradas até o dia 14 de março) está novamente acima dos 4,00 milhões de sacas!
Ou seja, o Brasil continua “fazendo mágica”, “aparecendo café que não deveria existir”!
Por mais que o produtor afirme que “a safra 25/26 quebrou”, que “o veranico” prejudicou o enchimento dos grãos, que “a quebra será acima dos -20/-30%”, enquanto o Brasil continuar exportando acima dos 3,00 milhões de sacas o “mercado” vai estar olhando para a disponibilidade real da oferta e não para as “conversas do produtor”...
Considerando que o Brasil irá exportar nos próximos 4 meses (março-abril-maio-junho) respectivamente +3,80 / +3,00 / +2,50 / +2,50 milhões de sacas, então o Brasil encerrará o ano safra 24/25 exportando aproximadamente +45,25 milhões de sacas!
Praticamente +4 milhões de sacas acima das previsões iniciais!
Então, ajustando o nosso quadro Brasil “oferta x demanda”, o estoque de passagem da safra 23/24 para a safra 24/25 aumenta para pelo menos 10,00 milhões de sacas e/ou a safra brasileira foi bem acima dos 54,80 milhões de sacas.
Isso considerando que o estoque de passagem estará “zerado” no dia 30 de junho 2025!
Caso contrário, então o Brasil ainda deverá ter aproximadamente +10/+15 milhões de sacas “escondidas” nas mãos de vários produtores de café de “safras anteriores”...
Com base nas minhas premissas onde o Brasil precisa manter um “estoque regulador” de pelo menos 3 meses para continuar abastecendo tanto o mercado interno quanto as exportações durante os primeiros 3 meses do período inicial da colheita (aproximadamente 1,80 milhões de sacas para abastecer o mercado interno e 3,00 milhões de sacas para abastecer as exportações), então o Brasil precisa (ou deveria) ter pelo menos 14,40 milhões de sacas de “estoque de passagem”...
Muitos dizem, e afirmam, que esse “estoque regulador” não existe, que existe apenas 5% da safra 24/25 ainda nas mãos de alguns produtores capitalizados para comercializar (entre 2,50-4,00 milhões de sacas).
Porém, as exportações ainda pujantes continuam pressionando as cotações no curto prazo.
A “queda de braço” com os preços atuais já está começando entre as principais redes de supermercados e tradings para renegociar os preços e repasses ao consumidor final (tanto no Brasil quanto no exterior).
Segundo a OIC* o consumo mundial na safra 23/24 ficou em 177 milhões de sacas e para a safra 24/25 a previsão está em 180,40 milhões de sacas – crescimento ao redor dos 2% ao ano.
Com base nesse crescimento do consumo, então na safra 25/26 o consumo mundial deverá ficar em 184,00 milhões de sacas.
Porém, com o aumento dos preços e provável redução no consumo mundial, creio que o consumo mundial deverá ficar estagnado nos 180,00 milhões de sacas – contribuindo no aumento do “estoque global” em pelo menos 3,60 milhões de sacas.
Mesmo já ajustando e considerando a safra brasileira 24/25 em 60 milhões de sacas e a safra 25/26 em 55 milhões de sacas e o consumo mundial estagnado em 180 milhões de sacas, creio que o déficit global entre produção mundial x consumo mundial na safra 25/26 será ao redor -15/-19 milhões de sacas resultando ainda em um estoque de passagem global, novamente, praticamente zero.
Ou seja, mesmo com essa correção de curto prazo em NY, creio em preços ainda firmes para os próximos 2-3 anos, com o estoque de passagem global ficando novamente acima dos +20 milhões de sacas apenas a partir da próxima safra 27/28 (considerando uma produção brasileira nas safras 24/25 / 25/26 / 26/27 e 27/28 respectivamente em +60 / +55 / +76 / +80 milhões de sacas) e um consumo aumentando apenas +1,50% ao ano nos próximos 4 anos.
Produtor aproveite as altas do mercado e as oportunidades para realizar as operações de hedge protegendo o “piso” da sua lavoura em pelo menos 2.000 / 1.800 R$/saca. Os preços poderão subir mais? Creio que sim. Porém, como já vimos inúmeras vezes (e novamente nessa semana), existem inúmeras variáveis para considerar entre o “Hoje e Dez-26 / Set-27” com os preços podendo voltar tanto para os 1.000 R$/saca quanto para os 3.000 / 5.000 R$/saca.
Como sempre, PROTEJA-se!
Boa semana a todos!