O mercado acionário americano teve uma semana positiva com o Dow Jones e o S&P500 fazendo novas máximas históricas, em uma clara contribuição da queda do petróleo para as mínimas de quatro anos. Novas ameaças de sanções à Rússia e sinais fracos da economia chinesa a princípio serviram mais para conter os ganhos dos ativos de risco do que causar uma liquidação dos preços.
O índice do dólar negociou no maior patamar desde 2010, recuando na sexta-feira em uma aparente tomada de lucro dos traders que estão vendidos no Euro.
No Brasil a não divulgação do resultado da Petrobras e a demora da presidente reeleita em anunciar seus novos ministros fez com que o Real desvalorizasse para o menor nível desde 4 de abril de 2005. O cenário para a economia brasileira continua negativo e Dilma não tem se preocupado em acalmar os mercados, gerando com isso mais ansiedade e mais incertezas para praticamente todos os setores.
O café em Nova Iorque teve uma boa recuperação logo após ter se mantido acima de patamares técnicos importantes, ajudado também pelas chuvas em menor volume no Brasil e um prognóstico de tempo aberto até a próxima quinta-feira.
O contrato de março de 2015 da ICE subiu US$ 12.75 por saca, e convertido em reais rompeu novamente os R$ 500.00 centavos por libra, nível que não tem conseguido se sustentar acima por muito tempo.
Como consequência, e mesmo com um volume da safra atual negociado acima da média, o fluxo no mercado interno brasileiro melhorou e os diferenciais voltaram a baratear para praticamente todas as origens.
Londres se mantendo firme, com menos volatilidade do que o arábica, não atraiu ainda tanta venda de Vietnã, cuja colheita atrasou com disponibilidade devendo aumentar só a partir da próxima semana. Os descontos para o café vietnamita estão chegando perto dos patamares que interessam aos produtores vender, o que de certa forma serve de um alerta para a abertura eventual da arbitragem e logo para uma resistência que Nova Iorque enfrentará.
Em setembro, os estoques nos seis principais portos europeus, dado divulgado pela Federação Européia de Café, totalizaram 12,094,652 sacas, bem acima dos 10,545,828 sacas que haviam por lá em setembro de 2013. No Japão, os estoques estão em 3.1 milhão de sacas, apenas 102 mil sacas maiores do que no mesmo mês do ano anterior. Nada de novo nas estatísticas que refletem a transferência dos inventários dada a apreciação dos terminais no ano.
Novidades mesmo são as estimativas que estão sendo publicadas por analistas brasileiros para a safra 2015/2016, creio que em função dos mesmos terem percorrido as áreas das floradas. Um exportador local estima uma produção entre 28 e 31 milhões de sacas de arábica e 16 milhões de conillon, totalizando entre 44 e 47 milhões de sacas para o próximo ciclo. Um respeitado produtor e agrônomo prevê o número do arábica entre 25.6 e 29.6 milhões de sacaS e 13.7 milhões de conillon, ou seja entre 39.3 e 43.3 milhões de sacas no geral.
Na minha opinião, só veremos o terminal acima de US$ 250 centavos por libra-peso caso a safra brasileira seja menor que 40 milhões de sacas e o Real volte a valorizar para 2.20, do contrário o terminal deve ser vendido em eventuais subidas acima de 210 centavos.
O clima vai manter os traders atentos e nervosos com suas posições e a moeda brasileira não deve ser ignorada já que é um componente importante no fundamento e um outro fator limitador de novas altas.
Tecnicamente, o fechamento é positivo e, no curto-prazo, o mercado ganha gás para trabalhar acima de dois dólares e (sustentando) tentar buscar um “gap” que foi deixado entre 210.00 e 212.50 no gráfico de março.