As principais bolsas de ações fecharam a semana de lado ajudadas nos Estados Unidos por especulações sobre a votação da reforma do sistema de saúde e declarações mais assertivas do secretário do tesouro em levar a pauta de ajustes de impostos para o congresso até o fim deste ano.
Os investidores estão de olho nas eleições francesa já que as pesquisas apontam uma indefinição com riscos para os mercados caso Marine Le Pen seja a escolhida.
O índice do dólar, DXY, recuperou na sexta-feira após a retomada do ânimo sobre as expectativas americanas e os principais índices de commodities sofreram uma queda acentuada, com destaque para as perdas das matérias-primas energéticas e a chamadas softs, que inclui o café.
O contrato de arábica da ICE depois de romper resistências técnicas na terça-feira e em parte da sessão na quarta-feira acabou despencando e acumulando perdas de US$ 8.35 centavos por libra em cinco dias, ou para ser mais enfático ÙS$ 13.50 centavos da máxima de quarta-feira para o fechamento de sexta-feira.
Londres não ficou muito para trás com a queda de US$ 183.00 por tonelada na semana, preocupante para um mercado que tem os fundos bem comprados no contrato de robusta.
A falha do café foi provocada por uma liquidação geral das commodities, mas também tem como ingredientes a posição dos fundos estar mais comprada do que se esperava nos dois últimos relatórios do CFTC e como pano de fundo fundamental o crescimento dos estoques de café americanos para o mais alto patamar desde 1994.
Soma-se ainda o Brasil, o Vietnã e a Colômbia exportando volumes significativos de café, com o primeiro surpreendendo quem acreditava em embarques menores e, portanto, faz com que os torradores diminuam o interesse de compra, gerando o resultado que vimos no terminal.
A queda do Real também contribui, haja vista a existência de fundos de algoritmo que vendem café e açúcar quando a moeda brasileira desvaloriza – e compram quando aprecia.
Estimativas de safra do Brasil assim como quanto que já foi pré-comercializado da produção de 17/18 acabam ficando em segundo plano em um momento que sazonalmente o consumo no hemisfério norte é menor e os inventários no destino são crescentes.
Uma outra percepção importante, que colhi aqui em Seattle na impressionantemente enorme feira de café especiais da SCAA, é a de que o consumo de cafés comerciais nos Estados Unidos não tem crescido, segundo a opinião de alguns, parcialmente em função do crescente consumo de cafés especiais via mono-dose ou formas que causam menor desperdício.
Fato é que o estrago no curto prazo está feito e uma recuperação do terminal pode ser mais lenta do que se imagina caso não haja qualquer novidade climática. Digo isto pois os fundos na última terça-feira tinham aumentado suas compras no mercado e pelo jeito apenas começaram a liquidar uma parte do que estão long, ou seja, eles ainda podem vender o que não conseguem segurar, por disciplina, e os fundos de sistema certamente vão adicionar novas vendas depois da paupérrima performance dos últimos três dias.
Nos mercados físicos das origens o efeito claramente é de aperto dos diferenciais e negociações menores entre comerciantes, produtores e exportadores.
Por outro lado, entrar vendido em Nova Iorque nestes níveis não é aconselhável, dado o quadro de equilíbrio da oferta e consumo mundial e perspectiva da produção brasileira ser menor.
Creio que tão logo os fundos “cansem” de vender então dará uma boa oportunidade para montar proteções de alta e aproveitar para cobrir necessidades futuras entre os torradores, mas por ora é preciso de paciência entre os altistas.
O ajuste do contrato de Julho17 no menor nível desde junho de 2016 ajuda os baixistas, que torcem para o terminal romper US$ 131.40 centavos por libra e eventualmente continuar a trajetória, no gráfico, para as mínimas de maio daquele ano, que foi US$ 122.80 centavos por libra.
Claro que podemos ver correções da queda acentuada recente, mas para apagar a péssima performance precisamos ver Nova Iorque acima de US$ 140.00 centavos novamente.
Uma ótima semana a todos e bom regresso aos que vieram à Seattle,