Os preços de ativos têm embicado para cima, refletindo a divulgação de pesquisas eleitorais que colocam na mesa o risco do PT estar no segundo turno. O crescimento de Lula na pesquisa DataFolha abre a perspectiva de uma maior transferência de votos para o candidato Fernando Haddad. Hoje essa transferência seria algo como de (no máximo) 50%, de acordo com as pesquisas, o que levaria o herdeiro da candidatura de Lula (que, naturalmente, será impugnada pelo TSE) para o segundo lugar, atrás de Jair Bolsonaro. Esse cenário azedou o humor dos mercados, sendo transferido naturalmente para os preços. Abaixo, com o uso do R, coletamos os dados referentes à taxa de câmbio USD/BRL do Banco Central e ao juro associado à NTN-F do site do Tesouro Direto.
A taxa de câmbio saiu de 3,71 R$/US$ no final de julho para 4,07 R$/US$ ontem, 22/08. Essa desvalorização está claramente associada à divulgação das pesquisas do IBOPE e do DataFolha, que mostram um cenário de crescimento da campanha petista e semi-estagnação da candidatura de Geraldo Alckmin. Não está claro, por suposto, se será eleito um presidente (e uma equipe econômica) comprometido com a agenda de reformas e com o ajuste das contas públicas.
No mercado de títulos públicos, por suposto, as taxas de juros associadas aos mesmos também refletem essa deterioração das expectativas. Acima, o juro associada à NTN-F 2029 rompeu a barreira dos 12%, mostrando que de fato o mercado vai colocar no preço daqui em diante as chances de uma política econômica produzida pela Unicamp e por economistas heterodoxos.
Como se pode ver no gráfico acima, a deterioração fiscal é bastante preocupante. Em 2018, vamos para o quinto ano de déficit primário, o que vai na direção a um aumento da dívida pública. Essa saiu de 52,62% em janeiro de 2014 para 77,19% em junho de 2018. O crescimento exponencial, se mantido, vai nos levar rapidamente para um quadro de dominância fiscal, fazendo explodir a inflação. Não há, portanto, alternativa que não seja aprovar a reforma da previdência, liderar um amplo programa de privatizações e patrocinar o corte de despesas. O espaço para que essa agenda seja adiada está quase no fim e o mercado, sabendo disso, coloca esse cenário catastrófico nos preços.