Cenário atual ruim e perspectivas piores pressionam o câmbio

Publicado 05.12.2013, 08:17

O Brasil está no radar dos investidores externos e o sentimento dos mesmos não é favorável, afinal, não foi revisto o crescimento do PIB de 2012 de 0,9% para 1,5% como afirmou, antecipando o fato ao jornal espanhol “El País”, a Presidenta Dilma, ficando em 1,0% e nem crescemos em termos anualizados os 2,5%, pré-anunciado pelo Ministro Mantega, na véspera do dia do anúncio oficial, ficamos no 2,2% com viés para 2% ou menos no fechamento do ano.

Adicionalmente, o PIB do 3º trimestre trouxe bastante desapontamento interno e externamente, reduzindo as projeções para o crescimento do país em 2013 para 2% ou até pouco menos, mas, mais do que isto, piorando as perspectivas que já eram ruins, tornando-as piores.

O ano de 2014 ainda nem começou, mas já é visto com forte tendência de ser pior do que 2013.

A queda da taxa de poupança para tão somente 15% do PIB foi decepcionante. Com o déficit em conta corrente do país em 3,67% não há recursos para o crescimento da taxa de investimento, que teve discreto aumento para 19,1% no ano e queda de 2,2% no 3º trimestre, muito aquém mesmo do necessário. É fundamental considerar que o crescimento do país agora é totalmente dependente de investimentos, já que o modelo de crescimento atrelado ao estímulo do consumo com fácil acesso ao crédito, sem a necessidade no primeiro momento de investimentos, que determinou a elevação do PIB na era Lula está totalmente superado.

As desonerações concedidas deixaram uma experiência negativa, o país não alavancou crescimento, e evidenciou que o que precisa ser feito são reformas imprescindíveis e abrangentes, sem o que o país não terá tração para o crescimento sustentável.

Queda da poupança interna e expressivo déficit em transações correntes é um relevante obstáculo ao investimento. O governo continua poupando pouco, algo em torno de 1% do PIB, a despeito da alta carga tributária de 37% do PIB.

Há muito de ruim quando se vai às minúcias dos números e se avalia o que expressam.

Desta forma não há como o país reverter a perda de atratividade que vem enfrentando perante a comunidade investidora internacional, que ao contrário deve se acentuar em 2014.

Temos no setor externo, data base outubro com dados do BC, uma NFE (necessidade de financiamento externo) de US$ 23,123 Bi, equivalente a 1,03% do PIB e montante mais elevado desde dezembro de 2008. O saldo do déficit em transações correntes representa 3,67% do PIB equivalente a US$ 82,211 Bi, enquanto os IED´s atingem US$ US$ 59,088 Bi. Esta situação evidencia que o país está atraindo menos investimentos diretos e está mais dependente de capitais voláteis, que, contudo, também não revelam capacidade de prover o país desta carente complementariedade no todo.


No momento, a posição vendida dos bancos no mercado à vista de US$ 9,577 Bi fechada em novembro aponta o montante de insuficiência de fluxos até novembro neste ano para o país. Esta é a evidência de que faltam dólares à vista no mercado de câmbio, que necessitaria a presença do BC realizando leilões de venda de dólares àvista, retirando-os das reservas cambiais brasileiras.


Contudo, até o momento, o BC tem utilizado a estratégia de triangulação do fluxo da liquidez que deveria prover ao mercado com leilões diretos e com utilização das reservas cambiais, com o fornecimento de linhas de financiamento em moeda estrangeira aos bancos e estes então, constituindo posições vendidas lastreadas com as linhas de financiamento fornecidas pelo BC geram liquidez para o mercado de câmbio à vista.


A afirmação de que não faltam dólares no mercado à vista é capciosa, pois na realidade a entrada normal de recursos no mercado à vista está insuficiente, e a complementariedade vem sendo feita pelo BC.


Com esta estratégia a autoridade procura não ficar no centro do foco como autora da geração de liquidez para o mercado de câmbio face à insuficiência de fluxos positivos, pois, embora seja absolutamente perceptível o que esta fazendo, poderia estimular movimentos especulativos sobre o real ao dar maior evidência à fragilização e insuficiência dos fluxos líquidos.


Data base novembro, segundo se depara do informe do BC, os bancos detém US$ 13,686 Bi em linhas de financiamento em moeda estrangeira fornecidas pelo Banco Central do Brasil.


O fluxo cambial de novembro fechou com um saldo positivo de US$ 2,540 Bi, após ter registrado US$ 3,828 Bi na semana antecedente, que foi reduzido pelo fluxo negativo de US$ 1,288 Bi na última semana. O resultado teve origem no fluxo comercial positivo de US$ 4,237 Bi menos o fluxo financeiro negativo de US$ 1,697 Bi.

O mês de novembro teve atipicidades pontuais a favor, caso contrário teria sido mais um mês a registrar fluxo negativo. Houve a entrada do bônus do campo de Libra, algo como US$ 3,0 Bi; recursos da Vale relativos à venda de mineradora no exterior, e houve alguns fechamentos de exportações de valores substantivos por parte da Petrobrás.

É importante destacar que o fluxo do ano continua negativo em US$ 3,481 Bi, resultante do expressivo saldo negativo do fluxo financeiro de US$ 16,498 Bi menos o saldo positivo do fluxo comercial de US$ 13,017 Bi.  

Temos enunciado e detalhado quase cotidianamente o conjunto de fatores brasileiros que determinam a pouca atratividade do país ao capital estrangeiro (www.ngo.com.br/cambio-news) , e, ao mesmo tempo os inúmeros fatores, que confirmados, deverão impulsionar a saída de substantivos montantes de recursos estrangeiros atualmente no país.

Há insegurança crescente por parte do investidor estrangeiro que ingressa recursos no país, visto que de forma imediata e concomitante procura fazer o “hedge” protegendo o capital ingressado. Desta forma, a oferta no mercado à vista provocada pelo ingresso tem o seu efeito neutralizado pela demanda imediata de “hedge” no mercado futuro.

Ratificando o que já colocamos como nosso ponto de vista, o dólar deve atingir R$ 2,40, mas fechará o ano entre R$ 2,30/2,35. Porém, ao final do 1º trimestre de 2014 já deverá atingir o preço de R$ 2,50.

E, o que consideramos pior, não vemos o BC com a possibilidade de estratégias operacionais capazes de neutralizar o viés de alta, e, nem o governo de alterar de forma substantiva as perspectivas negativas que já extrapolaram para 2014.

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