Com um cenário econômico volátil, juros bancários elevados, bem como as eleições presidenciais que se aproximam, as movimentações de mercado se tornam uma incógnita nesse segundo semestre.
Mas como estão os M&A no Brasil perante a esses acontecimentos?
De 2017 a 2021, as Fusões e Aquisições, ou em inglês M&A, cresceram 122%, passando de 856 para 1.901 operações. Ano passado, as movimentações bateram um recorde expressivo no Brasil, nunca visto antes. Os pontos que fortaleceram essas transações no mercado foram a alta da Selic, em paralelo, a taxas de juros baixas, câmbio desvalorizado comparado ao dólar.
Muito desse cenário aquecido de fusões e aquisições se deve aos bons indicadores de capital para operações estratégicas dos empresários e acionistas, e um mercado econômico mais maduro para M&A com empresas buscando novos caminhos de forma rápida perante as inovações, estimulando a cadeia de valor do negócio. Porém, apesar dos saldos positivos nos últimos anos, a volatilidade econômica de 2022, Guerra entre Rússia e Ucrânia, inflação alta e o período de eleições no Brasil, impactaram a continuidade desta perspectiva, e já reflete resquícios na baixa do mercado de capital no primeiro semestre.
Dados da Bloomberg apontam que o volume de fusões e aquisições caíram 17% em relação ao mesmo período em 2021, entretanto, em 2022, foram registradas 1.130 transações no mercado brasileiro neste primeiro semestre de acordo com o relatório da Transactional Track Record (TTR), representando um crescimento de aproximadamente 200% em relação ao histórico de 2017 a 2020.
Ainda nos últimos dois, três anos, com os movimentos geopolíticos, o mercado de M&A sofreu muitas alterações diante das inseguranças que o mundo viveu, refletindo impactos nas cadeias de suprimentos, supply chain e outras, das empresas.
Com o efeito da pandemia e o cenário geopolítico global, as empresas se sentiram na necessidade de garantir sua cadeia de suprimentos, estável e contínua. Diante do cenário, estas passaram a verticalizar ou garantir o acesso (independente do preço) as fontes de energia, alimentos e matérias primas como minério e outros, buscando novos fornecedores para não depender de forma tão relevante da China, Rússia, etc. Inclusive, foram com esses itens que houve muita oscilação da inflação após pandemia e durante a atual guerra. Aquisição de empresas por players europeus e americanos nessa busca pode ser uma oportunidade para o mercado brasileiro.
Essas mudanças também geraram uma tendência de empresas buscando novas aquisições em países que tem uma maior neutralidade nessas situações, o que proporcionou às empresas brasileiras um cenário positivo de fusões e aquisições. De uma hora para outra, companhias de todos os portes começaram a ser muito mais assediadas, e atualmente buscam segurança na sua cadeia de Supply, inovação em tecnologia e novos negócios, bem como expansão de companhias e segmentos que seguem fazendo fusões para crescimentos estratégicos.
Entre os setores de destaque nas operações, estão o de Internet, Software & IT Services e Saúde.
No comparativo dos balanços de 2021 com 2022, podemos dizer que ano passado o período econômico era favorável para os investidores capitalizarem os negócios com valuation atrativo. Já neste ano, o cenário econômico volátil e incertezas, faz com que os compradores sejam mais estratégicos em suas movimentações.
Já para 2023, no momento, a perspectiva é boa para M&A!
As incertezas devem perpetuar os investidores e acionistas até outubro, após as eleições, a tendência é que estes voltem a caminhar em suas estratégias de mercado. Um fator que pode impulsionar o M&A para 2023 é um provável aumento de IPOs,
Outra perspectiva é que os juros elevados e o mercado de capital robusto podem impulsionar e estimular o mercado de M&A, e acionistas e empresários estratégicos devem continuar investindo em transações promissoras.
Para ter êxito nessas movimentações, as companhias precisam definir uma boa estratégia, avaliar a real geração de valor e capacidade de sinergia operacional dos negócios através de um profundo diagnostico estratégico operacional.