As ações americanas dispararam na sexta-feira, apesar do forte recuo faltando 30 minutos para a abertura. Um artigo do Wall Street Journal indicou que o Fed começaria a discutir o ritmo das elevações futuras de juros, após outra alta de 75 pontos-base em novembro.
A matéria não apresentou nada de novo, e a maioria dos dirigentes do banco que ouvi defendeu uma carga maior de aperto no início do ciclo. Isso significa que, a menos que a inflação ceda bastante nos próximos dois meses nos EUA, tudo leva a crer que teremos mais elevações de 75 pb em novembro e dezembro.
Teremos nesta semana mais algumas métricas cruciais de inflação, com a divulgação dos gastos com consumo pessoal (PCE, na sigla em inglês}}, núcleo do PCE, índice de preços do PIB e índice de custos com emprego. A expectativa é que o núcleo do PCE ano a ano suba para 5,2% em setembro, uma alta em relação a 4,9% em agosto. Além disso, a leitura desse indicador superou as estimativas em 19 dos últimos 21 meses.
Enquanto isso, o PCE geral deve subir 6,3% em setembro, contra 6,1% em agosto. Assim como o núcleo do PCE, o indicador veio mais forte do que o esperado em 19 dos últimos 21 meses.
Cabe lembrar que o índice de custo de emprego deve subir 1,2% no 3º tri, uma queda em relação a 1,3% no 2º tri. Espera-se que o índice de preços do PIB fique em 5,3% no 3º tri, uma queda em relação aos 9% registrados no último trimestre. A projeção é que o PIB do terceiro trimestre suba 2,3%, contra uma queda de 0,6% no período anterior. O índice de preços do PIB ficou mais alto do que o esperado em 9 dos últimos 11 trimestres.
Esses são dados essenciais, principalmente na próxima reunião do Fed em 2 de novembro.
Iene
Também na sexta-feira saiu a notícia de que o Japão havia feito uma intervenção no mercado de câmbio, a fim de defender o iene contra o dólar. Não tenho certeza se isso muda alguma coisa. A última vez em que o Japão fez esse tipo de intervenção, em setembro, só conseguiu desacelerar a desvalorização.
O iene voltou a testar o suporte ao redor de 146 contra a moeda americana e ainda está rumo a 158,75.
S&P 500
No entanto, na sexta-feira, isso ajudou a fazer o índice dólar recuar e afastou a possibilidade que eu havia previsto na véspera de que o S&P 500 cairia para 3.600. O S&P 500 futuro operou em queda perto de 3.640 no início da manhã, com as taxas subindo e o dólar caindo forte. Havia grande possibilidade de o índice atingir 3.600 pontos no dia. Mas o destino quis que o alvo que defini não fosse tocado.
Mas os futuros não conseguiram superar a máxima de 18 d outubro, demonstrando instabilidade no movimento de alta. E agora que o vencimento das opções já passou, pode ser que os traders montem novas posições de venda antes da divulgação de dados econômicos nesta semana e da reunião do Fed na semana que vem. Além disso, não é incomum ver um movimento contra a tendência no vencimento da opções.
Em todos os meses, exceto março, foi registrada uma consolidação ou uma reversão pós-vencimento em relação à tendência anterior. Em julho, por exemplo, as ações com vencimento de opções caíram e depois voltaram a subir após a data. Em agosto, ocorreu o contrário. Já em setembro, as ações caíram no vencimento das opções e andaram de lado por alguns dias. Em outubro, as ações com vencimento de opções subiram, o que sugere uma reversão para baixo ou uma consolidação lateral.
Portanto, por enquanto, manterei meu alvo de 3.600 para o S&P 500. Se o mercado futuro conseguir fechar acima de 3.760, talvez eu precise fazer uma reavaliação do cenário, mas, nesse caso, o melhor será aguardar mais um dia para ver o que acontece.
Crescimento vs. valor
Mudando de direção, eu notei algumas coisas nesta semana que costumo acompanhar. O mais interessante para mim foi a relação entre SPYG e SPYV. As ações de crescimento podem estar prestes a registrar um desempenho bem pior do que as de valor, no momento em que essa relação atinge uma linha de tendência historicamente relevante. Um rompimento dessa linha de tendência seria horrível para a direção das ações de crescimento.
QQQ vs. SPY
A razão entre o QQQ e o SPY sofreu uma forte queda e também está em um ponto importante. O interessante é que uma extensão de 1,618% dessa bandeira de baixa se alinharia com o ponto em que a relação se encontrava antes da pandemia. Isso sugeriria que o QQQ ainda deve se enfraquecer muito mais contra o SPY.
TLT vs. SPY
Por fim, este último gráfico mostra que a razão entre o TLT e o SPY atingiu um pico histórico. Isso pode sugerir quer o SPY está sobrevalorizado em relação ao TLT e que, por isso, precisa cair para que a razão recue. Para que a razão alcance seus níveis pré-pandemia de 2,4, o SPY precisaria cair para US$ 223, considerando que o TLT continue inalterado. Esse seria um declínio considerável, indicando que, talvez, o SPY precise cair e que o TLT precise subir. Mas, considerando como o TLT se movimentou em relação ao SPY, tudo leva a crer que o SPY deve passar a cair. Para retornar ao nível de março de 2021 de 2,96, o SPY precisa cair para perto de US$ 275.
O padrão de bandeira ascendente é baixista e sugere que a razão irá se reverter e passar a cair. Evidentemente, isso pode significar uma alta do TLT, mas, considerando o nível de distorção da relação, acredito que o SPY também tenha espaço para cair.