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Cenários de PIB, Inflação, Juros e Dólar para 2016

Publicado 30.12.2015, 14:05

Em meados de dezembro antecipamos algumas projeções para a economia brasileira em 2016. Estimamos que a taxa de juros chegaria a 15% (ou mais), a inflação ficar mais próxima de 7%, a taxa de câmbio a R$ 4,50 e PIB mergulhando mais de 3%. Neste meio do caminho, o ministro da Fazenda Joaquim Levy acabou saindo, entrou o Nelson Barbosa, claramente numa mudança para um viés mais desenvolvimentista, mais heterodoxo. O mercado não reagiu bem e a nossa percepção para o ano acabou precisando de um ajuste, mesmo que tênue.

Na Construção de Cenários nesta virada de ano nos debruçamos num período ainda difícil, de transição, tentando visualizar o que deve acontecer ao País em 2016. De antemão, achamos que não é uma tarefa das mais fáceis. Até porque acontece no País uma nociva simbiose entre crise política, impasse nas decisões e paralisia da economia.

Na nossa visão, devemos considerar a hipótese, cada vez mais presente, de que a presidente deve se manter no poder até 2018, só variando como será sua governabilidade, mais tensa, com permanentes embates de governabilidade, crises econômicas; ou mais bem sucedida, na hipótese do ministro Nelson Barbosa conseguir construir uma “ponte de credibilidade”, passando maior segurança aos variados agentes da economia. Cabe salientar, neste contexto, que os indicadores de Sondagem de Confiança da FGV já atingiram o “fundo do poço”, mostrando, recentemente, alguma reação, depois do mergulho contínuo dos últimos dois anos.

SONDAGENS DE CONFIANÇA DA FGV: SERVIÇOS (ICS), CONSUMIDOR (ICC), COMÉRCIO (ICOM), CONSTRUÇÃO CIVIL (ICST) E INDÚSTRIA (ICI)

ÍNDICES DE CONFIANÇA DA FGV

Façamos então uma tabela com estes dois possíveis cenários, pendendo, mais para o primeiro.

Possíveis Cenários

Probabilidades

Hipótese

Dilma administrando crises, apagando incêndios, nas palavras da oposição, “sangrando” até o final do mandato em 2018

60%

A presidente deve conseguir barrar no Senado a ameaça de impeachment por precisar de apenas um terço de votos. Sua governabilidade, no entanto, será difícil, com margem bem estreita de negociação no Congresso. A economia deve continuar frágil, apenas com as contas do setor externo se recuperando, mas as fiscais mais expostas, pela postura mais frouxa do ministro Barbosa diante da proximidade das eleições regionais em outubro.

Dilma conseguindo reverter parte das desconfianças do mercado, devido à boa gestão do Ministro Nelson Barbosa.

40%

Barbosa assumiu a Fazenda mantendo o mesmo discurso do ministro anterior, Joaquim Levy. Neste contexto, embora gerando desconfiança do mercado, deve avançar no ajuste fiscal, sendo meritório tendo colocado a agenda de reformas na pauta. Deve conseguir definir a idade mínima para os aposentados, e gerar uma reversão de expectativas, agora favoráveis ao governo.

Em resumo. Tendo-se como ponto de partida o primeiro Cenário, não dá para ser muito otimista sobre o que deve acontecer com o País em 2016. Talvez caso, o deputado Eduardo Cunha seja cassado pela Comissão de Ética em fevereiro, ou afastado da presidência da Câmara, ainda haverá muitas dissidências no PMDB, em especial, dos que apoiam o vice-presidente Michel Temer.

No plano econômico, o ano de 2016 será uma “travessia dura”, com paralisia nas decisões de produção, consumo e investimento, em função do impasse político. O PIB deve recuar mais de 3% em 2016, depois de recuar quase 4% em 2015 e a inflação deve absorver a indexação gerada pelo realinhamento tarifário e o câmbio mais depreciado no ano, acima de 45%. Devemos lembrar também a readequação da liquidez mundial, depois do início do ciclo de juro nos EUA. Este, no entanto, deve ser gradualista, acompanhamento o comportamento da economia norte-americana. Sobre a taxa de juros doméstica, acreditamos numa elevação da taxa agora em janeiro, entre 0,25 e 0,5 ponto percentual, e depois mais um (ou duas), de 0,25 ponto percentual, elevando a taxa a 15% ao ano. Neste cenário, a taxa de câmbio deve se manter pressionada, num intervalo amplo, entre R$ 4,00 e R$ 4,50, dada a instabilidade política doméstica, a mobilidade de capitais e as alterações de taxas de juros pelo mundo.

No que se refere ao mercado de trabalho, a forte piora neste ano, com o Caged indicando a perda de 1,5 milhão de empregos formais, leva-nos a acreditar que uma virada só deve acontecer, lentamente, entre 2017 e 2018, desde que o governo seja bem-sucedido nas suas políticas econômicas (ativas ou não). É no desempenho das contas do setor público, no entanto, que as dúvidas são mais persistentes. Não se sabe como o governo conseguirá atingir a meta fiscal de superávit primário de 0,5% do PIB em 2016, já que continuaremos mergulhados numa recessão e a arrecadação federal tende a continuar fraca. Visando superar este desajuste, o governo deve tentar aprovar a CPMF, havendo dúvidas, dada a “frágil base de sustentação política”. Um ponto fora da curva, nesta verdadeira “tempestade perfeita” da economia, é o desempenho do setor externo, puxado pela balança comercial, mas também pela redução das despesas dos brasileiros com viagens internacionais e dos serviços em geral, que devem gerar algum alento. No ano de 2015, a balança comercial positiva já passa de US$ 18 bilhões e em 2016 vislumbramos um saldo positivo em torno de US$ 30 bilhões.

Nisto tudo, será inevitável mais um (ou mais) rebaixamentos da nota de crédito do País frente às agências de rating. Duas agências, a Fitch e a S&P, já fizeram isto, nos colocando como junky bonds,agora só falta a Moody’s.

Atividade econômica. Difícil prever quando a economia deve sair deste ciclo recessivo, para muitos um “mergulho depressivo”. Em 2016, pelo efeito estatístico do ano anterior, devemos iniciar o ano já recuando 2%. Em 2015, o PIB deve ter recuado entre 3,5% e 4,0%, em função da retração dos investimentos e do fraco desempenho da indústria nacional, recuando mais de 7%. Pelos dados do PIB, no terceiro trimestre, o recuo foi de 1,7% contra o segundo, ainda maior contra o trimestre do ano anterior (-4,5%). Neste, a maior queda foi do PIB Industrial, 1,3% e 4,7%, respectivamente. Para 2016, estamos prevendo um recuo próximo a 3%, podendo até ser maior, caso a crise política se aprofunde. Uma possível recuperação pode ocorrer mais para o final do ano, caso boa parte das promessas de ajuste fiscal se concretizem. Aguardemos.

Desempenho do PIB

Inflação. A inflação acabou mais elevada em 2015, em torno de 10,7% pelo IPCA, decorrente do realinhamento tarifário, com destaque para o elevado reajuste de energia elétrica (45%) e da gasolina (18%). O câmbio mais depreciado e alguns choques agrícolas, assim como a indexação mais espalhada, também deram sua contribuição. Para 2016 não acreditamos no mesmo ritmo nos reajustes dos preços administrados, mas devemos estar atentos à indexação, mais espalhada pela economia. Devemos estar atentos também à depreciação cambial em curso, possíveis choques agrícolas, ainda mais com o El Niño. Por enquanto, estamos prevendo o IPCA e os IGPs em torno de 7,0/7,5%.

Taxa de Juros.Seria coerente o BACEN, diante da necessidade de perseguir o centro da meta de inflação, agora talvez só em 2017, adotar uma política monetária mais apertada neste início de 2016. Sendo assim, deve sancionar uma elevação do juro agora no Copom de janeiro, com novas rodadas nas próximas reuniões, para manter a taxa de juros em 15%, real em torno de 6,5% a 7,0% (se considerar a inflação a 7,0/7,5%), no aguardo de um ajuste fiscal mais consistente e crível para o mercado.

Taxa de câmbio. A cotação do dólar frente ao real subiu em mais de 45% neste ano, boa parte em decorrência da instabilidade interna. Agora, soma-se a política monetária do Fed, o que deve enfraquecer ainda mais o Brasil entre os emergentes. Para 2016, mantido o clima de instabilidade atual, é de se prever alguma depreciação do real, com o dólar indo a R$ 4,50. Decorrente disto, o BACEN terá que ter uma postura mais ativa na política cambial, em algum momento tendo que oferecer divisas no mercado à vista, e não apenas em leilões futuros de swap e de linha.

TRAJETÓRIA DA TAXA DE CÂMBIO, EM R$ / US$

TRAJETÓRIA DA TAXA DE CÂMBIO, EM R$ / US$* 24/12

Mercado de Trabalho. Depois da perda de 1,5 milhão de empregos formais perdidos em 2016, a taxa de desemprego, pela PNAD Contínua, ameaça passar de 10% da PEA na transição de 2015 para 2016. A perda de empregos, somada à de renda, deve impactar na recuperação da economia neste ano que se inicia, ainda mais para segmentos de renda beneficiados pelas políticas (de renda) do governo Dilma.

Setor público. O maior desafio será avançar no reequilíbrio das contas públicas em 2016. A meta fiscal de 0,5% do PIB dependerá de uma boa carga de receitas, sustentada em parte pela CPMF, além da CIDE e outras fontes. Neste contexto, será importante manter alguma disciplina fiscal no transcorrer deste ano, mesmo com as tentações em contrário, pois teremos eleições em outubro, já consideradas um importante medidor em relação ao desempenho do PT no poder. Em novembro deste ano, o saldo primário, em 12 meses, chegou a R$ 52,4 bilhões, 0,89% do PIB, mas deve passar de R$ 120 bilhões, caso as pedaladas fiscais (R$ 57 bilhões) sejam contabilizadas como esperado ainda em 2015. Em paralelo, pelo mau desempenho do saldo primário, e ainda contabilizando estas operações de crédito dos bancos públicos em 2014, a dívida bruta foi a 65,1% do PIB, bem acima do registrado no mesmo período de 2014 (59,2%).

DESEMPENHO DAS DÍVIDAS, LÍQUIDA E BRUTA, % PIB

DESEMPENHO DAS DÍVIDAS, LÍQUIDA E BRUTA, % PIB

Setor externo. Uma boa notícia foi o desempenho do setor externo, estimulado pela depreciação cambial e maior queda das importações, recuando mais do que as exportações. Com isto, o saldo em conta corrente deve ter fechado 2015 no negativo em torno de US$ 63 bilhões, com os Investimentos Externos Diretos em torno de US$ 64 bilhões e a balança comercial próxima a US$ 18 bilhões. Para 2016, pelo bom desempenho da balança comercial, com superávit em torno de US$ 30 bilhões, o saldo em conta corrente deve recuar a US$ 39 bilhões.

Comentários finais. Não dá para afirmar com certeza que estamos fadados a mais um ano perdido. Talvez Nelson Barbosa tenha sucesso no esforço de reverter o “pessimismo geral” que se abate sobre o País. Para ser bem-sucedido, e reverter a deterioração das expectativas, terá que manter o leme sobre as medidas fiscais mais austeras, além de avançar numa agenda de reformas estruturais. A mais importante será a Reforma da Previdência, além da Reforma do ICMS, já em debate nos bastidores do Congresso e entre os governadores. A recuperação da economia, se ocorrer, será paulatina, de acordo com a boa ancoragem destas medidas. Um fato, no entanto, deve ir em direção contrária: as eleições regionais de outubro, quando novas pressões por gastos devem acontecer. Destas será possível saber se Nelson Barbosa aprendeu com seus erros passados, fazendo o que é certo, ou se acabará cedendo mais uma vez às demandas imediatistas do mundo político.

Indicadores 2016

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