PERSPECTIVAS 2017 - Os preços do açúcar cristal no mercado brasileiro devem continuar em patamares elevados ao longo de 2017, sustentados principalmente pelas estimativas de novo déficit mundial da commodity. Apesar da ligeira recuperação projetada na produção global 2016/17, de 3% em relação à temporada anterior, totalizando 171 milhões de toneladas, o volume não deverá ser suficiente para alcançar a demanda, estimada em 174 milhões de toneladas, conforme números do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos). Como resultado, o déficit pode chegar a 2,6 milhões de toneladas de açúcar. Para a OIA (Organização Internacional de Açúcar), esse volume pode ser ainda maior, atingindo 6,2 milhões de toneladas.
A produção de açúcar menor que o consumo na próxima temporada mundial 2016/17 (que termina em setembro/17) já era um fato esperado, em razão das quedas nos volumes de importantes players como Índia e Tailândia e da baixa recuperação na União Europeia e no Brasil. Na região Centro-Sul do Brasil, a produtividade na safra 2017/18, a ser iniciada oficialmente em abril/17, deve ser limitada pela falta de canade-açúcar bisada e pelas baixas taxas de renovação dos canaviais em anos anteriores. Além disso, as áreas programadas para serem renovadas no primeiro trimestre deste ano só estariam no ponto de colheita em meados de 2018.
Segundo estimativas da INTL FCStone, a moagem de cana no próximo ciclo deve cair 1,1% em relação à temporada 2016/17, totalizando 590,8 milhões de toneladas de matéria-prima. Ainda assim, conforme projeções do Rabobank, usinas devem manter elevado o volume de cana destinado à produção de açúcar. Além dos altos preços na atual safra (2016/17), o retorno do PIS/Cofins sobre o etanol desde 1º janeiro de 2017 no mercado brasileiro pode favorecer esse cenário, visto que diminui a competitividade do biocombustível.
Na Índia, a produção de açúcar 2016/17 deverá cair 13% sobre a temporada anterior, passando de 27,5 milhões de toneladas para algo próximo a 23,9 milhões de toneladas. A queda na safra do maior consumidor mundial da commodity reflete dois anos consecutivos de secas nos principais estados produtores, como Maharashtra e Karnataka, o que reduziu as áreas cultivadas com cana no país. A Tailândia, segundo maior exportador de açúcar, também enfrentou forte seca no primeiro semestre de 2016, o que, conforme o Rabobank, pode resultar em queda de 6% na produção da commodity.
Já na União Europeia, a produção de açúcar deverá crescer 13,4%, atingindo 16,2 milhões de toneladas. Além dos elevados preços praticados em 2016 e da perspectiva de continuidade dos bons níveis para 2017, o fim das quotas de produção de açúcar programado para outubro/17 deve contribuir para ampliar o volume no bloco europeu, que é o terceiro maior produtor mundial de açúcar. Na China, a previsão também é de aumento na produção de açúcar, de 7,9% sobre a temporada passada, totalizando 9,5 milhões de toneladas na safra 2016/17 – dados USDA. Esse incremento deve vir da maior área plantada com cana em praticamente todas as províncias produtoras, exceto na de Yunnan. Com um consumo interno previsto em 17,5 milhões de toneladas e um déficit beirando 8 milhões de toneladas, a China pode vir a se consolidar como o maior comprador mundial de açúcar.
NORDESTE – Iniciada oficialmente em setembro/16, a safra 2016/17 do Nordeste brasileiro tem sido prejudicada pela seca, que vem limitando o desenvolvimento da cana, reduzindo o volume colhido por hectare. Nesse cenário, o encerramento das atividades de moagem pode ser antecipado, ampliando o período da próxima entressafra nordestina. Por outro lado, o clima seco durante a colheita contribuiu para elevar o Açúcar Total Recuperável (ATR) médio, já que essa condição tende a concentrar mais açúcares na cana. Para o Norte-Nordeste, são projetados 131,9 kg/t, 4,8% acima da média da safra passada, segundo a INTL FCStone. Para 2016/17, o mix açucareiro estimado é de 52%, o que elevaria a produção do adoçante para 3,3 milhões de toneladas, 24,7% acima da registrada na temporada 2015/16. Tal aumento se deve à maior rentabilidade do produto ante o etanol.
Por enquanto, números da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) indicam redução de 1,3% na área colhida na safra nordestina 2016/17, em relação à temporada anterior. Apesar da queda, a produção de cana pode crescer 3,8%, para 46,99 milhões de toneladas, ante 45,27 milhões da 2015/16. De açúcar, espera-se um aumento de 33,3% no volume produzido, passando de 2,57 milhões de toneladas para 3,43 milhões de toneladas.
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