Em março, os preços de milho no mercado interno seguiram pressionados, reflexo dos bons rendimento da safra verão, das condições climáticas favoráveis à segunda safra e das incertezas quanto à demanda doméstica causadas pela operação Carne Fraca, que investiga frigoríficos no País. Este cenário torna o mercado amplamente favorável ao comprador.
Nas médias mensais das regiões acompanhadas pelo Cepea, as negociações de balcão (preço pago ao produtor) acumularam baixas de 15,8% e no disponível (negociações entre empresas) de 13,7%. Já na variação anual (de fev/16 a fev/17), as quedas foram ainda mais fortes, acumulando desvalorizações de 30% e 24,7%, nos respectivos mercados.
Já na região de Campinas/SP, referência para o Indicador ESALQ/BM&FBovespa que vinha apresentando maior resistência as quedas até fevereiro, registrou forte baixa em março, indo a R$ 30,12/saca de 60 quilos no dia 31, expressivo recuo de 16,6% no período. A média mensal do Indicador fechou a R$ 33,77/sc, sendo a menor desde agosto/15 (R$ 30,95/sc), em termos reais (deflacionamento pelo IGPDI de fev/17).
No corredor de exportação, segundo dados da Secex (Secretária de Comércio Exterior), foram embarcadas apenas 243 mil toneladas de milho em março, redução de 61% em relação a fev/17 e de 88,5% sobre o mesmo período do ano passado.
No campo, o clima se manteve favorável em ambas as safras. Quanto à safra verão, houve significativos avanços de colheita ao longo do mês. No Paraná, a atividade alcançou 80% da área estimada até o dia 27, conforme a Seab/Deral. No Rio Grande do Sul,
correspondeu a 70% até dia 30, segundo a Emater/RS. Em São Paulo, segundo colaboradores do Cepea, a colheita adentrou sobre as áreas de sequeiros, com boa produtividade. Em Santa Catarina, Goiás e Minas Gerais agentes também reportaram bons rendimentos neste primeiro mês de colheita.
Diante deste cenário, a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) elevou a estimativa de oferta da safra 2016/17 para 88,9 milhões de t, alta de 1,56 milhão em relação ao estimado no relatório de fevereiro e de 33% referente à produção total da temporada passada. O aumento de área do Centro-Sul foi o principal fator para a elevação, bem como melhores rendimentos esperados.
Na Argentina, os trabalhos de colheita foram iniciados em março. Segundo relatório da Bolsa de Cereais, 11% da área nacional já havia sido colhida até o dia 30. Os bons rendimentos das lavouras elevaram a estimativa de produtividade em 8,72 t/ha.
A produção para esta temporada se mantém inalterada em 37 milhões de toneladas, volume 23% maior que o da temporada anterior.
Na bolsa de Chicago (CBOT), os contratos de milho voltaram a recuar em março, após altas consecutivas dos preços desde dezembro/16. Entre os principais fatores está a maior oferta esperada de milho na América do Sul, com destaque para Argentina e Brasil, principais concorrentes dos Estados Unidos no mercado internacional. O vencimento Mai/17 e Jul/17 recuaram 2,4% e 2,5% no mês, indo a US$ 364,25/bushel (US$ 143,40/t) e a US$ 371,75/bushel (US$ 146,35/t) no dia 31, respectivamente.
Na BM&FBovespa (SA:BVMF3), os contratos futuros de milho tiveram fortes reajustes ao acompanharem o movimento do mercado físico. Os vencimentos Mai/17 e Set/17 desvalorizaram 7,8% e 6,4% no mês, ao fecharem o pregão do dia 31 cotados a R$ 28,53/sc e R$ 27,79/sc, respectivamente.
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