O mercado futuro de açúcar em NY fechou a semana com queda de 54 pontos no vencimento julho/2014 cotado a 17.37 centavos de dólar por libra-peso. Nos 14 pregões ocorridos até agora do mês maio, o mercado fechou em baixa em 10. E o fechamento da sexta representou o 7º seguido em queda. Os baixistas estão sorrindo a caminho do banco. Os altistas lambem as feridas.
O fato incontestável é que o mercado está carente de notícias que sustentem os preços internacionais ou que disparem o gatilho da melhora do quadro fundamentalista esperado para a segunda metade do ano. O mercado físico de exportação continua fraco e se arrastando com as ofertas de compra mostrando descontos de até 50 pontos para embarque em junho, por Santos. Sabe como é, começo de safra, usinas precisando de dinheiro para fazer frente aos gastos é normal que se veja a deterioração dos prêmios e preços. E é isso que estamos vendo. Os compradores, sem pressa, se fecham em copas.
No acumulado do mês o vencimento julho/2014 da bolsa chegou no nível em que estava o maio/2014 quando este expirou. Ou seja, no braço de ferro entre a tão propagada baixa qualidade da cana (assunto recorrente nas rodas de uísque do Jantar do Açúcar em NY), que significa menor disponibilidade de produto e, em tese, melhores preços, e o sofrido fluxo de caixa das usinas, vence este último. E os preços caem porque é preciso fazer dinheiro.
Em quatro semanas o hidratado despencou 16% e o anidro 13%. Da mesma forma, o custo de carregamento do açúcar para embarque em junho, com desconto de 40 pontos na média, vis-à-vis o fechamento do vencimento março de 2015 a 19,07 centavos de dólar por libra-peso embute mais de 15% ao ano de custo de carrego. O spread julho/outubro, é a clara demonstração da falta de apetite de se comprar agora. O spread abriu até 88 pontos e considerando os descontos praticados no mercado de exportação, estamos falando de um carregamento embutido superior a 20% ao ano. Esse é o tamanho da necessidade de dinheiro das usinas. As tradings só colhem os frutos aqui e ali.
Embora a demanda continue sofrível é momento dos consumidores industriais apontarem os lápis e começar a fazer contas. Contudo, a diminuição de oferta de açúcar não parece preocupar os consumidores, pelo menos nesse momento. A pressão é forte sobre o vencimento julho/2014 que desvalorizou 12 dólares por tonelada na semana, enquanto os vencimentos mais longos, embora tenham também se desvalorizado, experimentaram quedas menores entre 5 e 8 dólares por tonelada. Julho só dependeria do clima para poder se recuperar. Por isso acreditamos, como expressado aqui no comentário da semana passada, que o segundo semestre deverá ser mais positivo em termos de preços internacionais para o açúcar. Mas até lá, pode haver choro e ranger de dentes.
Neste ano, a média de fechamento de NY convertida em R$ por tonelada pelo câmbio do dia, está em R$ 885,46 por tonelada FOB. O preço mais alto negociado no ano foi de R$ 981.61 e o mais baixo R$ 816.87. Parece haver por parte de alguns participantes do mercado o objetivo de fixação sempre que o valor em reais por tonelada estiver próximo dos R$ 950.
De maneira simplista, levando-se em consideração os valores mencionados acima, podemos afirmar que, dado os fechamentos de sexta, é uma boa aposta acreditar que o suporte no vencimento julho/2014 seja de 16.00 centavos de dólar por libra-peso e que haverá forte resistência acima de 18.50 centavos de dólar por libra-peso. Uma fence nesses dois preço de exercício vale algo como US$ 2.65 por tonelada. Não é um mau negócio.
A valorização do real em relação ao dólar diminui a diferença entre o preço de equilíbrio da gasolina e o valor negociado nos postos. Pelos cálculos do modelo da Archer Consulting o valor justo baseado no fechamento de sexta-feira do dólar e do petróleo é de R$ 3,170 por litro. Isso quer dizer que o governo vai empurrar com a barriga até para depois das eleições de outubro, se possível, um eventual reajuste nos preços.
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