A recente decisão do Banco Central de elevar a taxa Selic para 15% ao ano tornou o cenário da renda variável ainda mais desafiador. Com a renda fixa oferecendo retornos atrativos e baixo risco, é natural que investidores migrem para títulos públicos e CDBs de instituições sólidas, menos vulneráveis a oscilações de mercado.
Além disso, o juro elevado encarece o crédito e afeta diretamente companhias dos setores de varejo, construção civil e consumo, cujos modelos de negócio são altamente dependentes de financiamento. Isso compromete seus lucros e, consequentemente, pressiona negativamente o valor de suas ações.
Embora outros elementos contribuam para o atual panorama econômico, a taxa de juros é, sem dúvida, o fator de impacto mais recente e direto. Nesse contexto, o princípio da diversificação de carteira se mantém mais relevante do que nunca, não apenas entre renda fixa e variável, mas também entre setores, regiões geográficas e classes de ativos.
Nos últimos anos, cresceu o interesse por ativos alternativos, também chamados de ativos reais, com especialistas recomendando alocar até 20% da carteira nesse segmento. Um dos principais atrativos desses ativos é sua baixa correlação com o mercado tradicional, o que contribui para mitigar os efeitos da volatilidade que tanto assusta o investidor da renda variável.
Enquanto os mercados reagem de forma quase imediata a declarações políticas ou a decisões geopolíticas, os ativos reais seguem uma trajetória mais estável. Um exemplo é uma operação lastreada em aluguéis de imóveis residenciais, que, em geral, não sofre impacto direto das flutuações macroeconômicas ou falas de líderes políticos, salvo em casos de crises mais profundas, com efeitos prolongados sobre emprego e renda.
Mesmo em momentos de crise, as pessoas ainda consomem cultura, o que mantém a estabilidade de ativos como os royalties musicais. Já operações com precatórios só enfrentam risco real se os governos deixarem de honrar sistematicamente seus compromissos, um cenário de extrema crise. De toda forma, o ponto central é: para que ativos alternativos percam seu valor, a crise precisa ser muito mais profunda do que a que abala o mercado acionário, onde os preços caem com qualquer sinal de instabilidade.
Diante disso, a alocação de até 20% em ativos alternativos é altamente recomendável. Além de trazer proteção, esses ativos frequentemente oferecem rentabilidade superior à da renda fixa tradicional, mesmo em cenários de juros elevados. Isso ocorre porque muitas operações são indexadas ao CDI ou à inflação, assegurando ganhos reais.
Outro ponto favorável é a receita recorrente gerada por alguns desses ativos, como royalties e recebíveis performados. Embora a maioria das operações tenha baixa liquidez, com resgates previstos apenas no vencimento, os ativos com receitas periódicas permitem antecipações de valores, muitas vezes mensais, conforme estabelecido em contrato. Isso oferece flexibilidade sem abrir mão da rentabilidade.
Investimentos em projetos audiovisuais e culturais, especialmente os que contam com incentivos fiscais, também merecem destaque por sua atratividade e competitividade frente à renda fixa. Já operações com precatórios e recebíveis devem ser avaliadas com cautela, especialmente quanto à estrutura de securitização e garantias. Tais riscos podem ser minimizados ao investir através de plataformas especializadas, que realizam uma due diligence robusta antes de disponibilizar oportunidades ao investidor. Esse cuidado reduz riscos e eleva a confiança na alocação.
Em um ambiente marcado por juros elevados, instabilidade geopolítica e incertezas econômicas, o investidor que deseja preservar e ampliar seu patrimônio precisa ir além da dicotomia clássica entre renda fixa e variável. Os ativos alternativos surgem como uma peça essencial na construção de carteiras mais resilientes, oferecendo um tripé cada vez mais valorizado: proteção, rentabilidade e descorrelação com os mercados tradicionais.
Se, por um lado, a renda fixa vive um momento de protagonismo, por outro, ela não responde sozinha aos desafios de longo prazo como inflação persistente, choques de liquidez e mudanças regulatórias. Ativos reais, como royalties, precatórios, imóveis e projetos culturais, complementam a estratégia ao criar fontes de retorno menos sensíveis às oscilações de curto prazo e mais alinhadas à economia real.
Portanto, diversificar não é mais apenas uma recomendação prudente, mas uma necessidade estratégica. Em vez de reagir a cada novo evento do noticiário, o investidor que incorpora ativos alternativos à sua carteira passa a navegar o mercado com maior estabilidade, previsibilidade de fluxo e menor exposição a ruídos. Com a combinação certa de instrumentos, prazos e plataformas especializadas, é possível transformar a volatilidade em oportunidade e construir um portfólio à prova de turbulências.