As principais bolsas do mundo cederam nos últimos cinco dias. Na Europa os índices foram pressionados por indicadores econômicos mais fracos da Alemanha e não conseguiram reagir às declarações do Banco Central Europeu prometendo não se render na luta contra o baixo crescimento. A autoridade monetária da moeda comum também se preocupa com os índices inflacionários, que em alguns países estão negativos.
Nos Estados Unidos os investidores aguardam o início da temporada de divulgação dos resultados do primeiro trimestre das empresas com o S&P500 e o Dow Jones negociando volumes diários abaixo da média a preços próximos das máximas do ano.
As commodities ganharam força com uma nova rodada de especulações sobre um potencial congelamento na produção de petróleo nos países da OPEP e Rússia elevando as cotações do WTI em mais de 6% apenas na sexta-feira e dando carona para o gás de aquecimento e para a gasolina. O suco de laranja, o trigo, o cobre e o café em Nova Iorque tiveram performance negativa.
O contrato de arábica escorregou US$ 6.80 centavos por libra rompendo o patamar de US$ 120.00 centavos e encerrando o pregão da sexta-feira a USS$ 120.45. O robusta perdia 40 dólares por tonelada até quarta-feira, mas na quinta-feira saltou 48 dólares por alguns segundos logo na abertura. O movimento desencadeou cobertura de posições de arbitragem e deu gás para o contrato londrino acumular ganhos de 28 dólares por tonelada na semana.
Aparentemente notícias sobre o tempo seco no Vietnã geraram desconforto entre os baixistas, ainda que o período das chuvas sazonalmente comece apenas no fim de abril. Os produtores vietnamitas não se animam por ora em exercer pressão vendedora dando folego para os preços caso o apetite de compra de especuladores e da indústria se mantenham.
As primeiras amostras da safrinha da Colômbia indicam uma qualidade menos “promissora”, segundo as palavras da Volcafé em seu relatório semanal. Outros agentes dizem que a renda também está baixa – algo natural no começo da colheita. As chuvas nas regiões produtoras colombianas ainda são esparsas e precisam incrementar o volume e duração para ajudar as lavouras. O país em março exportou 1.08 milhões de sacas acumulando 6.771 milhões de sacas entre outubro e março, acima dos 5.945 milhões do ano passado. A produção do período foi de 7.32 milhões de sacas, também superior aos 6.219 milhões de um ano atrás.
Em Honduras as exportações dos primeiro seis meses do ano-safra estão 4.3% acima do anterior, totalizando 2.47 milhões de sacas.
No Brasil os produtores se preparam para a colheita, que segundo os nossos leitores contribuintes não deve adiantar no Sul de Minas. O Real teve uma apreciação com o progresso do processo de impeachment da Dilma e a sensação de que dificilmente ela escapará do afastamento.
Em geral o enfraquecimento da moeda americana faz do contrato “C” mais barato, tocando os níveis de início de março se convertido em centavos de Real e centavos de Pesos Colombianos por libra-peso e como consequência refletindo um pequeno fluxo de negócios no mercado físico.
A demanda no FOB também é morna estando bem distante dos níveis de reposição no pico da entressafra da principal origem. A proximidade do verão no hemisfério norte juntamente com os estoques no destino e os cafés em trânsito dão certo conforto aos torrefadores e dealers em esperar por preços mais atrativos.
Tecnicamente podemos ver uma correção do terminal caso o contrato de maio se sustente acima de US$ 119.00 centavos por libra. No relatório do CFTC os fundos diminuíram em 10 mil lotes suas posições compradas até a última terça-feira e nos atuais patamares os comerciais voltaram a participar da compra.
Há chances de os fundos estarem próximos de uma posição zerada (líquida) o que pode não ser suficiente para evitar um teste das mínimas de janeiro, mas por outro lado um maior interesse dos compradores a partir de agora e uma eventual valorização do Real para os R$ 3.25, como sugerido por alguns economistas, seriam fatores que certamente ajudariam os altistas.
Uma excelente semana e muito bons negócios a todos,
Rodrigo Costa*