Publicado originalmente em inglês em 08/09/2020
Com petróleo registrando sua maior queda semanal desde junho e o ouro girando em torno de US$ 1900, quem está na ponta compradora espera fervorosamente por tempos melhores no óleo e nos metais preciosos.
Por mais insignificante que seja, nosso conselho segue o mesmo: fique de olho no dólar.
Os mercados dos EUA ainda procuravam se firmar após o fim de semana do Dia do Trabalho, e o dólar mantinha seus ganhos frente ao euro em meio a especulações sobre se um movimento acomodatício do Banco Central Europeu (BCE) no fim desta semana poderia afetar a moeda única.
A decisão de política do BCE será anunciada na quinta-feira, e a maioria dos analistas não esperara uma mudança em seu posicionamento. Mas os mercados aguardam uma mensagem da maior autoridade bancária do bloco sobre as previsões de inflação e sobre se o euro estava mais forte do que pensava.
Vale lembrar que o euro atingiu a máxima de dois anos um pouco acima de US$ 1,20 no início deste mês, até que comentários do economista-chefe do BCE, Philip Lane, fizeram a moeda recuar.
“Em nossa visão, o dólar pode subir um pouco durante o resto da semana, por conta da possibilidade de o BCE mudar radicalmente para uma posição moderada”.
Essas foram as palavras de Kim Mundy, analista de câmbio do Commonwealth Bank of Australia, citado pela Reuters.
Ouro e petróleo continuam sob pressão
A implicação disso é simplesmente a seguinte: mais dificuldades para as commodities denominadas em dólar, incluindo ouro e petróleo.
Até meio-dia na Ásia, o contrato futuro do ouro para dezembro nos EUA apresentava queda de cerca de 0,2%, um pouco abaixo de US$ 1.930 por onça. No momento desta publicação, o metal revertia o movimento e subia. O ouro registrou mergulhos sucessivos nas últimas duas semanas e só teve uma semana positiva nas últimas seis. Desde que atingiu a máxima recorde de US$ 2.089,20 exatamente há um mês, o ouro para dezembro se desvalorizou quase $160, ou cerca de 8%.
E não para por aí. Os gráficos de 1/5/15/30 minutos do Investing.com do ouro para dezembro, incluindo os tempos gráficos maiores de 1 e 5 horas, registravam todos “Forte Venda”.
De outra parte, o ouro spot, que reflete as negociações realizadas em tempo real em lingotes, rompia o suporte de US$ 1.925, marcando mínima no pregão a US$ 1.923,15.
“Não se sabe ainda se os riscos de queda vão continuar”, declarou Jeffrey Halley, analista da OANDA em Sidney, em um comentário sobre o ouro. O analista disse ainda:
“Os investidores não estão querendo correr atrás do mercado e aproveitar as correções no ouro. O ouro também está demonstrando fraqueza na queda, mesmo com ralis restritos. Na realidade, qualquer desvalorização maior vai exigir uma disparada no dólar e liquidações maiores nas ações em Wall Street. Neste estágio, ainda não se sabe se isso vai acontecer.”
Pablo Piovano, analista de câmbio, declarou em uma publicação no site FX Street, que o Índice Dólar demonstrava potencial para estender seu repique até o patamar de 93, que se tornou um limiar de alta para a moeda americana.
“Não se pode descartar uma valorização maior, com resistência inicial em torno de 93,50”, afirmou Piovano, ressaltando que, apesar de certa resistência a 93, o índice já mostrou que “conseguiu manter o viés de compra inalterado até o momento”.
No caso do petróleo, o contrato futuro com entrega em outubro nos EUA ampliou sua queda brutal de 7% na semana passada, rompendo o até então sólido suporte a US$ 40 por barril. No pregão de sexta-feira, o West Texas Intermediate registrou mínima a US$ 38,94. Piores que os do ouro, os gráficos do WTI para outubro no Investing.com exibiam sinais de “Forte Venda” em todos os tempos gráficos.
O petróleo britânico Brent também estava no vermelho, embora em uma posição relativamente melhor. O Brent, que atingiu as máximas de março a US$ 46,53 em 31 de agosto, tocou a mínima da sessão a US$ 41,88 na terça-feira.
O dólar deve se enfraquecer durante a reunião mensal de política monetária do Federal Reserve, nos dias 15-16 de setembro, na qual o presidente da instituição Jerome Powell deve se inclinar para uma política mais acomodatícia, equilibrando alguns sinais de moderação do BCE. Mas isso só acontecerá daqui a uma semana, e não se sabe o que acontecerá com o dólar, nem com as commodities, até lá.
Aviso de isenção: Barani Krishnan não possui posições nas commodities ou investimentos sobre os quais escreve.