Como fazer R$ 100 bilhões sumirem
No decorrer deste ano, cansamos de abordar a contabilidade criativa utilizada para maquiar dados oficiais e a tragédia das contas públicas. Sim, tragédia.
Até o final de outubro acumulamos um déficit da ordem R$ 15 bilhões, com um rombo de R$ 20 bi somente em outubro. Faltando dois meses para o ano, precisamos tirar da cartola um superávit de R$ 114 bilhões (se meta original de R$ 99 bilhões fosse levada a sério).
O governo usou e abusou das brechas contábeis para tentar chegar perto dessa sua meta de superávit primário. Mas, mesmo com todo o malabarismo, conseguiu foi passar longe.
Diante disso, o que foi feito?
Iniciativa número 1 (mea culpa): abandonou a meta fiscal de 2014.
Iniciativa número 2 (fora da lei): encaminhou ao Congresso Nacional uma emenda para abater qualquer despesa que seja classificada como PAC e desonerações. Esses gastos simplesmente serão desconsiderados, sumirão (embora a despesa obviamente exista).
Os “descontos” podem superar R$ 100 bilhões. O mais sujo dos jeitinhos, é na verdade uma afronta à Lei de Diretrizes Orçamentárias. Sim, lei.
As conclusões são as mais óbvias, e inequívocas. Para quem esperava um resgate da credibilidade da política econômica, medidas sérias de austeridade ou uma sinalização favorável para as agências de rating como forma de evitar novo rebaixamento na classificação de risco brasileira, fica uma próxima oportunidade...
Dito, feito (emissão de ações)
Para quem não lembra, no primeiro M5M desta semana alertei para duas prováveis emissões de ações: de Petrobras e Vanguarda.
Dito, feito.
Dois dias depois, Vanguarda anunciou o aumento de capital de R$ 150 milhões via emissão de novas ações. Ressalta-se: não há qualquer informação privilegiada aqui, a própria empresa já admitia a possibilidade. O ponto positivo foi que, após ler o M5M, Vanguarda foi honesta na justificativa. Ao invés de “compra de terrenos”, afirmou que o intuito de pedir dinheiro ao mercado é mesmo pagar dívida.
Interessante que as ações da Vanguarda reagem muito bem, disparando 7% em resposta. Mostra que a empresa demorou para fazer, e emissão de ações não é meramente diluição da base de acionistas. Vanguarda estava precisando.
Agora, seguimos à espera da Petrobras...
Como frustrar com um recorde
Este é mais um fato curioso da Petrobras, que, dentre umas e outras, consegue ser a petroleira que perde com o aumento do petróleo.
A estatal registrou em outubro sua maior produção mensal de petróleo e gás, 2,795 milhões de barris de óleo equivalente por dia. Por sua vez, a produção de petróleo no Brasil ficou em 2,126 milhões de boed, avanço de 0,4% ante setembro.
Poxa, mas as ações caem em resposta?
Interessante que mesmo com uma infinidade de novas plataformas e o advento do pré-sal, somente agora a empresa conseguiu bater os níveis de produção mensal de 2010.
Fazia tempo que Petrobras não conseguia um aumento de produção que deve ficar próximo de 5% no ano cheio, o que não é ruim. O problema?
A meta - recentemente reforçada pela presidente Graça Foster - era de crescer 7,5% este ano.
Bom, depois de acumular 10 anos seguidos sem conseguir cumprir uma meta de produção anual sequer, esse não chega a ser um paradoxo.
Pernambucanos, aí vamos nós...
Dica cultural da vez, o Felipe Miranda, autor da tese (e do livro) “O Fim do Brasil” estará no próximo dia 14 de novembro, às 18 horas, na Sala de Bate-Papo da V Feira Internacional do Livro da Fliporto, em Olinda. Informações a respeito, favor acessar o site da Fliporto. Infelizmente, desta vez não poderei acompanhar o Felipe na visita, o que explica porque o alerta do título não foi endereçado exclusivamente às “pernambucanas”.
A farra dos solteiros
O Alibaba, responsável este ano pela maior abertura de capital (IPO) da história, nadou de braçada no feriado de Dia dos Solteiros chinês.
Com descontos especiais, a rede acumulou vendas de 36,2 bilhões de yuan (R$ 15 bilhões) até 13h30 do horário local no dia da promoção.
Em poucas horas, Alibaba vendeu mais do que o dobro que a brasileira B2W (submarino.com) vendeu no ano passado inteiro - a companhia acumulou R$ 6,1 bilhões de faturamento em 2013.
Tá, mas dado que o partido mais cobiçado (Jack Ma) não está solteiro, o que você pode ganhar com isso?
Mais uma indicação positiva para o IPO da Cnova nos EUA, com implicações diretas às units de Via Varejo no Brasil (VVAR3).
Via Varejo detém fatia de 23,5% na empresa de vendas on line controlada pelo grupo Casino.
Além do estrondoso sucesso da oferta da Alibaba, a forte performance de vendas da gigante chinesa tende aumentar as referências de valor para o setor como um todo, garantindo a entrada de um bom volume de recursos à VVAR11.
Eis aí uma emissão de ações para você ganhar um dinheiro.