O mercado futuro de açúcar em NY fechou a semana praticamente inalterado em relação às cotações da semana anterior. Foi uma semana de pouca atividade tendo em vista o feriado no Brasil na segunda-feira e o feriado de Ação de Graças nos EUA, na quinta-feira. Assim, o balanço da semana foi de variações positivas ao longo da curva de preços que se estende até outubro de 2020, de míseros 2 a 8 pontos, ou seja, de meio dólares por tonelada a pouco menos de dois dólares por tonelada.
Nunca é demais alertar aos produtores que tenham cuidado com o entusiasmo exacerbado. O mercado se move lentamente para níveis mais altos à custa de muito esforço. Os fundos precisaram liquidar nada menos que 50,000 contratos para que o mercado subisse pouco mais de 120 pontos. Resta saber se se vão continuar comprando. O relatório do posicionamento dos comitentes, mais conhecido como COT, será publicado apenas na segunda-feira. Assim, teremos uma ideia do atual posicionamento dos fundos.
O pior já passou? Acreditamos que sim. Aqueles 12.50 centavos de dólar por libra-peso negociados em agosto que muitos acreditaram ser o início de um debacle que faria NY buscar os 10 centavos de dólar por libra-peso jamais se concretizou. Achamos bastante improvável que o mercado possa se dirigir para aqueles níveis, muito embora não há como descartar essa possibilidade.
A boa notícia é que a curva de preços do açúcar em NY transformada em reais incorporando o spread entre os juros internos x externos aponta para uma liquidação financeira remuneradora. Na média ponderada dos meses utilizados para a fixação de preços da 2018/2019, obtém-se 1,187 reais por tonelada um retorno razoável para um custo médio de produção de açúcar (sem o financeiro) de R$ 42.59 por saca posto usina. Para 2019/2020, o retorno está melhor em 6.38% em reais, com a média em R$ 1,263 por tonelada.
A grande mudança de paradigma na maneira como observamos o mercado de açúcar, com efeito, foi a metodologia na formação do preço da gasolina introduzida pela Petrobras (SA:PETR4) permitindo às usinas visibilidade dos preços da gasolina no médio e longo prazos e estabelecer parâmetros para o hidratado via paridade. A aderência que o mercado de açúcar passa a ter com o petróleo traz, pelo menos, mais uma alternativa de hedge.
O setor sucroalcooleiro muito provavelmente não estará mais refém de políticas de preço que o obrigue a subsidiar o biocombustível como ocorreu durante os governos de esquerda de Lula e Dilma, em especial em 2008 quando o petróleo negociava acima de 90 dólares por barril e as usinas vendiam etanol abaixo do custo de produção. Só para lembrar que grande parte do endividamento das usinas que hoje beira os 135 reais por tonelada de cana moída é devido não apenas à inegável má gestão, mas também, em grande parte, ao subsídio forçado dado pelo governo petista à gasolina para incentivar a indústria automobilística, que deteriorou as margens.
Essa virada de página está começando a ser sentida pelas usinas. Quanto mais houver confiança na perenidade da política de formação de preço adotada pela Petrobras, mais as usinas estarão trabalhando em sintonia com as sinalizações que o mercado de petróleo e açúcar vão dando. As questões geopolíticas que normalmente afetam o petróleo, irão afetar por contaminação o açúcar. O mercado vai mudar.
A economista Cristina Barros da MB Associados comentando sobre as eleições presidenciais de 2018, acredita que “ainda não existe grid de largada definido” e muitas indefinições pairam sobre o quadro sucessório. Cristina acredita que “apenas em meados do primeiro semestre do ano que vem teremos uma noção mais clara sobre esse quadro”. A consciência acerca dos estragos provocados pela corrupção, em especial no Rio de Janeiro que tem todos seus governadores desde 1995 atrás das grades e a segurança pública, além do desemprego serão temas recorrentes entre os candidatos. 2018 promete muita turbulência ainda no cenário político.