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Contágio argentino nos ativos? No! As causas são brasileiras mesmo!

Publicado 27.01.2014, 07:38

A economia brasileira está quase sem perspectivas favoráveis devido ao quadro macroeconômico deteriorado, como consequência de politica econômica errática e absoluto descrédito na politica fiscal, além de outros inúmeros fatores carentes de mudanças profundas.

A relutância em discursos tentando demonstrar o contrário, ante quadro absolutamente transparente evidenciando a extrema necessidade de busca de novas diretrizes focando reverter o quadro presente e redirecionar o país ao crescimento, só tem feito aumentar a perda de credibilidade por parte do governo.

Mas, a despeito deste quadro o Brasil tem reservas cambiais de boa monta, a bem da verdade constituídas com aumento da Divida Publica na ausência de superávits capazes de promover este armazenamento, mas que não permitem que se coloquem dúvidas sobre a solvência em moeda estrangeira do país.

Ademais, embora os “olhares” atuais do mercado global sejam severamente críticos ao Brasil, já não há mais a velha tradição de se confundir o Brasil com a Argentina e considerar que Buenos Aires era a nossa capital.

A Argentina está novamente em estado falimentar como consequência de governos populistas. Detém pouco menos do que US$ 30,0 Bi de reservas cambiais e uma desorganização plena, sua capacidade de solvência está fortemente comprometida e há grande possibilidade de ter que recorrer a uma moratória.

O país vizinho é parceiro politico e econômico do Brasil e os reflexos serão nos preços relativos dos produtos de ambos os países no comércio exterior, face à forte desvalorização do peso argentino. Ocorrerá o encarecimento dos produtos exportáveis brasileiros e o barateamento dos produtos importados da Argentina, e, como tradicional por parte dos “portenhos”, logo surgirão barreiras para alguns produtos relevantes exportados pelo Brasil.

Tentar-se insinuar que a culpa da elevação do câmbio e queda dos ativos no Brasil é contágio da Argentina é uma colocação ardilosa e perversa mesmo que busque despistar e jogar os nossos problemas que fundamentam o fato “para baixo do tapete”, e atribuir-se a um país “moribundo” uma importância que não detém mais como referencial da América Latina.

Naturalmente, num ambiente global extremamente desfavorável para o setor externo brasileiro e com repercussões na formação do preço da moeda americana, qualquer fato novo que se agregue aos problemas já existentes no Brasil, que já o tornam pouco atrativo aos investidores estrangeiros, impacta fortalecendo os fundamentos que já suportam a perspectiva de depreciação forte da moeda nacional, mas a Argentina não é o caso.

O sinal de perda de atividade industrial chinesa, relevante parceiro do Brasil na importação de “commodities” agrícolas e metálicas, impacta nas nossas perspectivas comerciais podendo causar menores saldos na balança comercial, inclusive de uma série de outras economias.

Dados positivos da economia americana fragilizam ainda mais os países emergentes vulneráveis já que criam perspectiva de deslocamento de recursos estrangeiros ora em poder para a economia americana.

A redução do programa de incentivo monetário do FED americano é fortemente impactante e a tendência ao processo de redução ser mais rápido do que o previsto só intensifica a carga negativa sobre os emergentes. Este impacto ainda está no radar para tornar-se efetivo.

O Brasil por si só com seus números, suas perspectivas ruins e com suas evidências incontestáveis, por si só já reúne causas de sobra para fundamentar a baixíssima atratividade que desperta perante os investidores estrangeiros.

O BC divulgou hoje os números fechados do setor externo do Brasil em 2013.

O déficit em transações correntes superou a projeção de US$ 79,0 Bi e atingiu US$ 81,4 Bi, equivalentes a 3,66% do PIB e os IED´s (incluindo os empréstimos intercompanies) ficaram em US$ 64,0 Bi, um pouco abaixo da projeção de US$ 65,0 Bi.

O BC afirmou que este déficit foi financiado em grande parte pelos IED´s, mas mesmo assim ficou um “gap” faltante de US$ 17,0 Bi, que foi efetivo, pois o fluxo cambial ficou negativo e a complementariedade foi feita com reservas cambiais, porém não ainda na forma de venda definitiva, mas sim de concessão de linhas em moeda estrangeira para os bancos, que assim suportaram esta carência de fluxo e liquidez constituindo “posições vendidas” de US$ 18,0 Bi, ancoradas nestas linhas do BC no total de US$ 17,0 Bi.

Além disto, embora os montantes de IED´s em 2012 e 2013 sejam muito próximos, em 2012 os IED´s efetivos como investimentos na conta capital atingiram US$ 52,0 Bi dos US$ 65,0 Bi contabilizados pelo BC, enquanto em 2013 atingiram tão somente US$ 42,0 Bi dos US$ 64,0 Bi, tendo havido um recuo expressivo de US$ 10,0 Bi em investimentos efetivos, e a complementação ocorreu com a inclusão pelo BC dos empréstimos intercompanies.

Esta foi uma performance péssima para a imagem do Brasil deixando muito evidente que a perda de atratividade ocorreu forte no investimento em capital e também nos investimentos voláteis, que na somatória não atingiram a somatória necessária para o financiamento do déficit.

Mas, além destes dados retrospectivos preocupantes, mais grave é a visão prospectiva. O BC já projeta um déficit em transações correntes para 2014 de US$ 78,0 Bi, porém é de se admitir que ultrapasse os US$ 81,4 Bi do ano passado, sendo que já em janeiro espera um déficit de US$ 11,0 Bi, repetindo 2013.

Por outro lado, termos efetivas perspectivas muito negativas em torno dos IED´s e mesmo de empréstimos “intercompanies” para este 2014, quando a liquidez internacional será reduzida e o custo dos recursos serão onerados, além da “manutenção” em progressão da baixa atratividade do Brasil, pois o crescimento é desapontador e a politica monetária é considerada errática.

Davos serviu de palco, com a presença da Presidenta Dilma, para o presidente da multinacional NESTLÉ sintetizar o sentimento das grandes empresas em torno do Brasil. O seu presidente, Paul Bulcke, após lamentar o baixo crescimento da economia brasileira e a ausência de reformas estruturais necessárias, no dia seguinte anunciou um investimento de US$ 1,0 Bi no México.

Afora as dificuldades com a balança comercial, IED´s, há gastos que o governo precisa acentuar a acurácia de acompanhamento. O gasto recorde dos brasileiros no exterior que bateu US$ 25,342 Bi superando 2012 que registrou US$ 22,233 Bi é sempre observado com muito ceticismo pelos analistas do mercado financeiro, que consideram que deste montante algo como no máximo 40% seja efetivamente dispêndio com turismo, o restante mereceria melhor acompanhamento e qualificação efetiva por parte do BC/governo, que, segundo comentam, aparentemente não existe de forma adequada. Nossa instituição não opera neste segmento, mas tudo sugere que em tempos de “ressaca” de ingresso de divisas é sempre recomendável que os mecanismos de controle sobre a qualificação das saídas sejam mais efetivos e refinados, até porque a cifra é altamente expressiva.

Por outro lado, até internamente o ambiente é pouco motivador a investimentos pelos empresários. A CNI anunciou na sexta feira dados desalentadores do enfraquecimento da grande indústria e revelou preocupações com o cenário. O índice de produção industrial medido pela CNI caiu a 40,2 pontos em dezembro, diante de 48,4% em novembro, de acordo com a pesquisa mensal “Sondagem Industrial”. É a maior queda mensal desde o início da série histórica da pesquisa iniciada em janeiro de 2010.

Davos serviu para discursos do “staff” governamental buscando alterar com palavras o quase inalterável no curto/médio prazo e em ano eleitoral e como dissemos na última sexta feira, em ambiente de incertezas em torno do país, precisamos de atitudes e não de discursos.

Mas, de tudo que foi dito, consideramos relevante a Presidenta Dilma ter colocado “estar consciente do poder destrutivo da alta de preços”. Esta sinalização denota duas preocupações, uma econômica e outra politica, pois a inflação é algo imediatamente perceptível por todas as classes sociais e altamente negativa perante o eleitorado classe média e baixa que vê rapidamente ser exaurido o seu poder de compra e cria ambiente negativo ao governo.

Nossa leitura sugere que o COPOM deverá ser firme nas elevações da SELIC para conter as pressões inflacionárias neste ano de 2014, o que valida a nossa projeção posta ao inicio do ano de fechamento da SELIC neste ano em 11,50%.

Por outro lado, poderá haver até uma relativa tolerância com a alta do dólar, focando estimular os investimentos estrangeiros para atenuar a preocupante perspectiva em torno do déficit em transações correntes com um preço de moeda mais favorável na conversão, e procurando incentivar o setor industrial a exportar com aumento da competitividade.

Não só isto, pois já existem fatores indutores muito fortes, validam a manutenção da nossa projeção de preço do dólar no final deste 1º trimestre em R$ 2,50 e no final do ano em R$ 2,60.

Esta semana será desafiadora, pois finda a rolagem pelo BC do lote de “swaps cambiais” vincendo em 3/2/2014, a taxa cambial tende a sofre forte apreciação do dólar no final deste mês.

Nem sempre o BC encontrará respostas as suas intervenções, pois grande parte da alta é pela piora das perspectivas e não ainda por demanda efetiva no mercado à vista ou futuro, e nestas circunstâncias o preço da moeda americana sobe com base nos fundamentos, mas como costumamos chamar “no vazio”.

Afora isto, haverá a disputa em torno da Ptax, que por si só já tende a afetar o preço da moeda no nosso mercado cambial.

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