Este ano tem se mostrado complicado para os investidores de criptomoedas, em parte pela incerteza existente do cenário macroeconômico, que tem afastado novos adeptos do nosso mercado. Desde a sua máxima histórica, o Bitcoin perdeu cerca de 41%, enquanto o ETH acumula uma perda de 38%.
Como sempre comento, investir em criptomoedas por meio de uma estratégia fundamentalista é uma maratona e não uma corrida. Logo, possuir um portfólio resiliente a esses momentos é essencial para que seja possível aproveitar os próximos ciclos do mercado de criptoativos.
Pensando neste aspecto, hoje tenho como objetivo mostrar os melhores ativos para se ter em carteira, visto o momento de incerteza do mercado, assim como os parâmetros que se deve avaliar em um ativo pensando em ciclos de queda como o que vivemos agora.
O primeiro fator a ser considerado no momento de queda é o valor de mercado que aquele ativo em que se está investindo possui. Contudo, trata-se de um aspecto que influencia pouco no ponto de vista fundamentalista, visto que existem ativos ruins com marketcap bastante elevado. O valor mais alto de mercado está atrelado a maior liquidez e aceitabilidade em corretoras, o que normalmente implica em oscilações menores de preço. Em momentos de maior incerteza, é interessante buscar por ativos mais estáveis, bem como consolidados.
O segundo aspecto a ser analisado é a presença dos investidores institucionais no ecossistema. Este fator é fundamental, pois indica maior infraestrutura do projeto, assim como estabilidade em termos de capital, dado que o investidor institucional tende a tomar decisões com visualização de longo prazo e de forma mais racional. Considerar este cenário, pode evitar a exposição a ativos atrelados a hypes passageiros e que possuem em sua maioria os investidores varejo. Neste sentido, a existência de ETFs e ETPs atrelados aos ativos, assim como a listagem em corretoras relevantes, como Coinbase (NASDAQ:COIN), Gemini e Kraken são bons indicadores.
É primordial observar a capitalização como projeto em um ativo, avaliando-o como uma proteção em momentos de baixa do mercado, de modo que a existência de capital em caixa é um fator que deve ser muito considerado neste momento.
Esse capital será, na maioria das vezes, utilizado para manter o time de desenvolvimento e as ações de engajamento com a comunidade, permitindo que o projeto continue evoluindo e crescendo mesmo que em cenário de incerteza.
Um exemplo de posicionamento nesse sentido pode ser observado na Polygon (MATIC), que recentemente levantou uma rodada de US$ 450 milhões junto à Sequoia Índia, mostrando sua estratégia de se manter bem capitalizada, mesmo em um cenário de mercado negativo.
Além de projetos estáveis, as questões de riscos atreladas à regulação e estrutura de segurança dos ativos devem ser consideradas na decisão. Ativos com maiores incertezas, tanto de segurança quanto regulatórias, são péssimos para a estabilidade do portfólio. Analisar esses fatores é muito importante para se posicionar em setores que tendem a sofrer menos com momentos de baixa.
O mercado de criptoativos possui muita demanda artificial por tokens, devido a estruturas de incentivos de liquidez via airdrop e Liquidity Mining. Estruturas como essas mostram-se ineficientes e, na maioria das vezes, entram em colapso em meio aos momentos de crise.
No entanto, tokens que possuem demanda e utilidade claras devem ser privilegiados em um portfólio que visa sobreviver ao inverno das criptomoedas. Além disso, é preciso observar a política monetária do ativo e evitar tokens que passam por momentos de inflação, bem como adicionar um novo supply ao mercado.
Por fim, outro aspecto que se mostra muito relevante a ser analisado é o engajamento da comunidade do ativo investido. Trata-se de um ponto essencial para retenção de projetos e desenvolvedores naquele ecossistema, visto que a grande maioria dos investidores são afastados em momentos de queda. Caso o projeto continue se desenvolvendo em meio a um cenário mais negativo de mercado, haverá vantagem considerável no momento que o mercado retornar com maior estabilidade.
Ativos para bear market
Alguns ativos que eu escolheria para a minha carteira em momentos de maior incerteza, dado os fatores que citados acima:
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Bitcoin: é o maior ativo em termos de valor de mercado e possui grande estrutura para atrair investidores tradicionais. Historicamente, mostra-se mais resiliente em momentos de incerteza;
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Ethereum: possui uma forte estrutura em termos de engajamento de comunidade, boa capitalização por parte da Ethereum Foundation e grande capacidade de retenção de desenvolvedores, além de atração de capital institucional;
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Polygon: boa capitalização e estrutura com demanda clara para o token MATIC;
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Solana: pela sua proximidade com os investidores institucionais e a elevada capitalização para lidar com momentos de incerteza.
Lembrando, não se trata de uma recomendação de investimento. É sempre importante que o investidor tenha sua própria análise fundamentalista de mercado.