Câmbio: Quando Tudo Tende ao Pior e Sabe-se o “Por Que”

Publicado 11.11.2013, 15:22
FAZI
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O acentuado humor pessimista que toma conta do mercado de câmbio no Brasil tem fundamentos em números, que como já salientamos, “são frios e não tem amigos”, gerados pelos próprios informes do governo, que passam pela deterioração da politica fiscal e pela consistente piora das contas externas.

Adicionalmente a estes fatores que por si só promovem a perda de atratividade do país perante aos investidores externos, há em perspectiva o inicio da redução do programa de incentivo monetário do FED americano, que, certamente, provocará saída mais intensa de recursos do país, e que pode ter decisão neste sentido na reunião do FED de meados de dezembro.

Já é perceptível pelos fluxos de saída o fato de que os recursos estão deixando o país em antecipação à decisão do FED, visto que a deterioração da politica fiscal é algo que sensibiliza a decisão do investidor estrangeiro negativamente.

Na margem, também devemos considerar que a politica fiscal deteriorada faz presente a discussão sobre o risco de rebaixamento do “rating” do Brasil, insinuado discretamente pelas agências de rating e abrandadas em seguida, como se estivessem emitindo “sinais”, o que também estimula que investidores mais conservadores comecem a retirada de recursos do país.

Já há sinais de que os fluxos de oportunidade que estavam em perspectiva para este período, forjados em operações de “carry trade” e focando rentabilidade com a elevação da SELIC, não venham a se concretizar.

Este movimento adverso nas contas externas, assim como o viés de deterioração da politica fiscal, já eram fatores previsíveis.

Ao final de 2012 o Brasil já havia claros sinais externos de perda de atratividade, tendo sido dezembro um mês de saída recorde de recursos do país, e esta percepção veio se confirmando mês a mês durante 2013, e a partir de junho de forma mais intensa.

Entretanto, o governo continuou trabalhando com a perspectiva de fluxos intensos possíveis de recursos externos financeiros, que não se confirmaram até junho quando começou a desonerar o ingresso de recursos estrangeiros, numa tentativa de resgatar a atratividade, algo que não existia mais na intensidade imaginada.
O déficit do fluxo financeiro este ano está em US$ 14,4 Bi até o momento, e devemos considerar que seria mais expressivo se não houvesse a Petrobrás captado recursos de US$ 12,0 Bi no exterior.

A politica fiscal, consequente de gastos excessivos do governo, tem sido desde muito foco de criticas, o que se constata agora é a realidade dos fatos, que na margem elimina a capacidade do governo de realizar incrementos ao crescimento e pressiona fortemente a inflação que impõe ao COPOM a necessidade de elevação continua da taxa de juro SELIC.

Desta forma, nada do que está presente no ambiente negativo predominante é fruto de surpresas, mas simplesmente da consolidação de uma somatória de equívocos e erros previstos.

Inúmeras vezes destacamos que não há teoria que consagre resultado positivo quando se busca o crescimento com politica fiscal expansionista num ambiente de inflação aquecida. E, até colocamos que o governo estava perante o “dilema de Sofia”, pois tinha que escolher, se buscasse ambos em conjunto a resultante seria insucesso duplo.

E este insucesso duplo se reflete na falta de fluxos de recursos externos suficientes para fazer face ao déficit em transações correntes, tendo um cenário em que o BC parece constrangido, com razão devido aos riscos de estimular movimento especulativo sobre o real, em suprir diretamente o mercado de câmbio com liquidez, moeda efetiva, e triangula com os bancos esta necessidade, fornecendo aos mesmos linhas de financiamento externo, ao mesmo tempo em que estes assumem “posições vendidas”.

A politica fiscal expansionista sem lastro efetivo nas receitas coloca em exposição perante à comunidade financeira um estado de deterioração, e, o governo que gastou muito e mal começa a anunciar a retirada de inúmeras concessões concedidas sem grande sucesso, pois o pais continua com baixo crescimento.

O câmbio, termômetro mais sensível do mercado financeiro, só reflete os fatos e a realidade.

Como destacamos “swaps cambiais” contém a alta quando a demanda é por proteção, mas tem baixa efetividade quando a demanda é por moeda efetiva, o momento pós “swap cambial”. Hoje temos este cenário, a pressão é demanda de moeda efetiva.

Contudo, se deixar de rolar os estoques “em ser” de “swaps cambiais no mercado nos seus vencimentos causará efeito alta, visto que desprotege exposições em moeda estrangeira, que passam a pressionar o mercado futuro.

Por isso, para evitar maior pressão altista o BC anunciou para amanhã leilão focando a rolagem da posição vincenda em 2 de dezembro de US$ 10,11 Bi em “swaps cambiais”, fato que pode estar precificado pelo mercado com rolagem total, e assim terá pouco impacto na taxa cambial atenção. Contudo, se o BC não rolar tudo coloca pressão sobre a formação do preço, pois recria demanda no mercado futuro.

Podemos ter volatilidade, mas a tendência ainda persistirá de alta.

O Boletim FOCUS que contém as medianas das projeções das instituições financeiras divulgado hoje pelo BC, com data de 8 passado, revela um estado de “observação” com o contexto atual, visto que as projeções estão andando de lado, mantendo-se alinhadas com as da semana passada.

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