O Banco do Japão (BoJ), em sua reunião sobre a condução da política monetária, decidiu-se em aumentar a flexibilização na condição da curva de rendimentos "yield curve control". O Banco disse que manterá o nível-alvo de sua taxa de juros do JGB (Japanese Government Bond) em torno de 0%, com um limite superior de 1%, controlando o rendimento do JGB nessa faixa por meio de operações de compra dos títulos nos leilões, no mercado e em operações diversas, como as de recompra (repo), utilizando títulos do governo e outras chamadas "Operações de Empréstimo com Colateral Agregado (Pooled Collateral)". Essas operações permitem que instituições financeiras obtenham empréstimos de curto prazo usando uma variedade de ativos como garantia (colateral), incluindo títulos do governo japonês e outros títulos de alta qualidade, além disso, ela permite que várias instituições financeiras entrem com as garantias conjuntamente, garantindo melhores condições para a consecução do empréstimo.
Sobre a condução do controle da curva de rendimentos, o "yield curve control", o BoJ decidiu separar as suas diretrizes para a condução dos juros de curto prazo e os de longo prazo. Para as taxas de curto prazo, o Banco aplicará uma taxa de juros de -0,1% aos saldos de contas correntes de instituições financeiras mantidas com o BoJ. Essa medida indica que o BoJ está criando condições para que as instituições financeiras mantenham a maior parte de seu capital longe das reservas bancárias do BoJ, uma vez que esse montante diminuirá conforme o tempo. O BoJ sinaliza para instituições financeiras que é mais rentável explorar esse capital tanto no mercado creditício quanto em ativos financeiros do que manter nas suas reservas. Esse movimento, em sua concepção tende a gerar liquidez no sistema financeiro, uma vez que há mais dinheiro para as instituições financeiras despejarem na economia real, emprestando capital para a expansão das atividades das empresas e consumo dos indivíduos, acelerando o crescimento econômico. Esse movimento é o contrário do perpetrado pelo ECB (European Central Bank), que possui a maior taxa de depósito da história do Euro, de 4%. No caso europeu, o ECB quer enxugar a liquidez dos mercados, apascentando as pressões inflacionárias subjacentes. Sobre as taxas de juros de longo prazo, o BoJ disse que comprará a quantidade necessária de JGBs, sem estabelecer um limite, para que as taxas do JGB de 10 anos permaneçam em torno de 0%. O limite da banda estabelecida pelo BoJ para a flutuação da taxa de juros de 10 anos é de 1%. O BoJ, nesse estamento, também se comprometeu em reagir rapidamente caso algum ponto da curva de juros saia da banda estabelecida pelo banco.
No comunicado, o BoJ também mencionou as suas diretrizes para a aquisição de ativos, uma estratégia que faz parte do seu Afrouxamento Quantitativo e Qualitativo (QQE), que mais do que comprar ativos no mercado aberto, gerando liquidez para o sistema financeiro, fomentar os mercados financeiros e financiar empresas, o QQE busca comprar ativos de qualidade superior, como JGBs, ouro e ações de empresas bem estabelecidas. O BoJ determinou um limite máximo de 12 trilhões de ienes para a compra de ETFs e 180 bilhões para a compra de J-REITS (fundos de investimento imobiliário negociados na Bolsa de Valores do Japão). Outra mudança que concerne à compra de ativos pelo BoJ é a diminuição gradual das suas compras de títulos corporativos à medida que as condições econômicas se estabilizam. Podemos ver uma tendência nesse sentido capitaneada pelo ECB, que finalizou o seu programa de compras de ativos, chamado APP (Asset Purchase Programme) e determinou uma data limite para o PEPP (Pandemic Emergency Purchase Programme).
Para finalizar, o BoJ disse que vê pressões inflacionárias mais fortes para o final deste ano e início do ano que vem, e que isso se deve principalmente pelos efeitos prolongados de repasse de preços ao consumidor, alavancado pelo aumento dos custos de importação, fraqueza relativa do iene para com o dólar e pelo preço das commodities energéticas. O BoJ ainda reitera que esse aumento deve ser acompanhado de um "ciclo virtuoso" de aumento real nos salários e na atividade econômica.