O acordo comercial entre EUA e China alimentou muitas expectativas entre os agricultores norte-americanos, mas tudo indica que os investidores terão que controlar suas emoções até conhecerem melhor os números da primeira fase, que serão anunciados hoje pela Casa Branca.
Por quê? Porque o governo Trump decidiu esconder do público um componente-chave desse acordo, que lista detalhes dos produtos agrícolas que a China deve comprar dos EUA, bem como os prazos envolvidos.
A revelação desses detalhes pode influenciar o comportamento dos mercados, afirmaram Robert Lighthizer, Representante de Comércio dos EUA, e Steve Mnuchin, Secretário do Tesouro, em um pronunciamento conjunto divulgado nesta terça-feira.
Poucas pistas para os operadores de grãos
O que isso significa basicamente é que o documento de 86 páginas que será divulgado nesta quarta-feira após sua assinatura não mostrará aos investidores como exatamente devem posicionar suas apostas no milho e na soja, em antecipação às aquisições da China desses dois grãos, que serão destinados a alimentação animal e outros usos.
Além disso, é preciso ter cautela, pois, apesar do acordo, não seria removida nenhuma tarifa aplicada pelos EUA a produtos chineses nos últimos 18 meses, segundo declarações de Messrs Lighthizer e Mnuchin ontem à imprensa. A quantidade tarifada supera os US$ 360 bilhões.
Isso significa basicamente que, além do valor em dólares impresso no documento referente às aquisições, ficará a cargo da China decidir como deseja proceder com suas compras de produtos agrícolas dos EUA.
Embora exista um acordo que é de conhecimento das autoridades de ambas as partes, os investidores só saberão seus detalhes quando virem os números divulgados pelo Departamento de Agricultura dos EUA – ou antes, se houver algum vazamento.
Mesmo com um acordo, a guerra comercial não terminará
O mais importante para os investidores é saber que a guerra comercial está longe de acabar, o que prova exatamente as afirmações do blog Taoran Notes, ligado ao periódico estatal chinês Economic Daily.
Pequim descreveu a primeira fase do acordo como “apenas o primeiro tempo de uma partida”.
“É preciso ter em mente que a guerra comercial não acabou. Os EUA não revogaram todas as suas tarifas contra a China, que ainda está implementando suas medidas retaliativas”, afirmou o Taoran Notes, que é usado pelo governo chinês para gerenciar as expectativas com as tratativas comerciais. “Ainda há muitas incertezas pela frente”.
Phillip Streible, estrategista-chefe de mercados da Blue Line Futures, em Chicago, concorda. “Notícias de que as tarifas contra a China devem continuar até a conclusão das eleições dos EUA, apesar do acordo comercial, são um sinal de atenção para os investidores”.
Todo cuido é pouco
Autoridades tanto dos EUA quanto da China concordam que, para a primeira fase dar certo, a segunda fase é essencial. Mas chegar a um consenso em uma longa rodada de tratativas tem tudo para ser uma tarefa extenuante a ambos os lados. O presidente dos EUA, Donald Trump, chegou até mesmo a sugerir que fossem postergadas até o fim da eleição presidencial em novembro.
Mas vamos voltar à questão do que isso representa para o milho, a soja e também para o trigo, que não é um grão importado em grandes proporções pela China.
Alguns analistas dizem que os preços dos grãos nos EUA ficaram estáveis desde o início deste ano, em antecipação a uma melhor demanda da China após a primeira fase do acordo.
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Alguns analistas ainda consideram que a Fase 1 pode desencadear um rali nos grãos
“O acordo comercial provavelmente é um catalisador e pode ter grandes implicações para o milho”, declarou Eric Scoles, estrategista de commodities da RJO Futures, em Chicago.
Ele afirmou que o maior fator de impulsão do milho até o momento era a demanda. “Se o acordo comercial EUA-China progredir, há um potencial muito grande de haver um aumento de demanda do milho, seja para alimentação animal, consumo humano ou produção de etanol."
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No início do pregão desta quarta-feira, os futuros do milho em Chicago giravam em torno de US$ 3,88 por bushel, uma alta de 0,2% desde o início do ano, após uma valorização de 3,5% em 2019.
O Investing.com tem recomendação de "Forte Compra" no milho norte-americano, projetando resistência de curto prazo a US$ 3,92.
Já os futuros de soja negociados em Chicago estavam ao redor de US$ 9,40 por bushel, uma queda de 0,3% desde o início do ano, após uma valorização de 5,5% em 2019.
O Investing.com tem recomendação de “Forte Compra” na soja americana, com resistência de curto prazo a US$ 9,57.
Os futuros de trigo em Chicago, enquanto isso, giravam em torno de US$ 5,70 por bushel, uma alta de 2% desde o começo de 2020, estendendo os ganhos de 11% do ano passado.
O Investing.com tem recomendação de "Forte Compra" no trigo norte-americano, projetando resistência de curto prazo a US$ 5,88.