O mercado futuro de açúcar em NY fechou a sexta-feira com baixa de 19 pontos (4,19 dólares por tonelada) em relação à semana anterior, com o vencimento março/2014 negociando até a mínima de 17,93 centavos de dólar por libra-peso durante a semana mas encerrando o pregão da semana cotado a 18,06 centavos de dólar por libra-peso.
Os demais meses também apresentaram queda até o vencimento maio/2015 (média de 3,50 dólares por tonelada) e pequena alta nos vencimentos seguintes até outubro/2016. No entanto, é bom observar que com a desvalorização do real na semana, de 2,71%, o fechamento do açúcar foi de 961 reais por tonelada equivalente FOB (mais prêmio de polarização), ou seja, 18 reais por tonelada acima da sexta-feira passada. O mercado parece ter se sustentado bem apesar da queda da moeda brasileira. O tom do mercado é indefinido apesar de um equilíbrio entre os que acham que o mercado vai subir, principalmente depois de 22 de novembro (leia abaixo) e outros que argumentam que a demanda está fraca (e está mesmo) e por isso devemos assistir à novas quedas.
Os fundos apostaram pesado no rally (alta súbita do mercado após um período de baixa) do açúcar que acabou tendo pouca duração. Segundo a Future Analysis Consultoria, o preço médio de entrada dos fundos nessa imensa posição que possuem é de 17,98 centavos de dólar por libra-peso. Espera-se que os fundos tenham um pouco mais de gordura para queimar ou mesmo continuar bancando essa aposta altista. Como o final do ano está se aproximando e os gestores precisam mostrar bons resultados é de se assumir que o mercado pode ter uma liquidação dos fundos para diminuir os riscos da posição comprada. No entanto, se os fundamentos do mercado derem gás e ele se erguer, o final do ano pode ver novamente 19,00-19,50 centavos de dólar por libra-peso.
Está nas mãos do presidente do Conselho da Petrobrás a aprovação de uma metodologia de precificação – já confirmada pela diretoria executiva (Maria das Graças Foster e mais seis diretores) – que contempla reajuste automático do preço do diesel e da gasolina em periodicidade a ser definida com base em variáveis tangíveis como o preço de referência desses derivados no mercado internacional, a taxa de câmbio e a ponderação do produto em questão, se for refinado no Brasil ou importado. Em comunicado aos acionistas, a empresa informou que “está previsto mecanismo que impede o repasse da volatilidade dos preços internacionais ao consumidor doméstico”. Imagina-se que um dos elementos mais simples para impedir a volatilidade dos preços é a utilização de preços médios. O Conselho se reúne dia 22 de novembro para apreciar o assunto.
Se aprovada, a tal metodologia (não existe informação sobre os detalhes da tal fórmula) vai representar uma reviravolta no mercado de etanol. A volta da previsibilidade de preços, da transparência e principalmente o entendimento por parte dos investidores em potencial do mercado sucroenergético da formação de preços do etanol, certamente irão impulsionar no médio e longo prazo o crescimento da produção de cana no Brasil, represado pela política míope do governo federal.
O fato de poder relacionar os preços do mercado internacional de petróleo como vetores na formação do preço interno do etanol propicia ao investidor (seja ele externo ou o próprio usineiro que pretende expandir sua empresa) visibilidade de preços, mesmo que a correlação do petróleo e da gasolina às vezes escape do controle. A gasolina tem preços cotados nos mercados futuros nas bolsas lá fora até novembro de 2016, o petróleo tem curva de preços disponíveis nesses mesmos mercados até dezembro de 2019. E o etanol no Brasil? Previsibilidade nenhuma. E a falta dela prejudica o setor e afasta novos investimentos, colocando o país na vala comum habitada pelo atraso promovido por Dilma e sua turma.
O ministro da Fazenda teme que o aumento dos combustíveis – resultado indiscutível se aplicada a fórmula (qualquer que seja ela) aprovada pela diretoria da Petrobrás – venha a alimentar a inflação. Quem será que vai ganhar essa parada? O presidente do Conselho da Petrobrás ou o ministro da Fazenda?
Bem, aí reside um problema indecifrável até mesmo para o Oráculo de Delfos, aquele templo dedicado ao deus Apolo, em que os antigos gregos peregrinavam para colocar questões aos deuses.
Dizem que as pitonisas (sacerdotisas de Apolo) faziam profecias em um estado alterado de consciência, e essas profecias eram consideradas verdades irrefutáveis. Ocorre que, infelizmente, o presidente do Conselho da Petrobrás e o ministro da Fazenda são a mesma pessoa.
De qualquer forma, se a tal metodologia for aprovada teremos um ano bem diferente em 2014 que vai priorizar quem estiver atento à gestão de risco criteriosa, necessária na mitigação de risco dos problemas macros que poderão advir em um ano com eleições presidenciais. Se houver uma desvalorização do real, o açúcar em NY deve acompanhar a paridade em reais por tonelada até o limite da arbitragem com o etanol hidratado que vai refletir os mais reais necessários para a importação de gasolina. Ou seja, mesmo com o real desvalorizado, o açúcar pode cair até o limite da arbitragem com o hidratado. Se o dólar se desvalorizar em relação ao real, a safra tende a ser menos alcooleira e a alta do açúcar em NY está limitada por essa mesma relação. Vai ser um ano interessante? Dia 22 temos a resposta.
Na sexta e última previsão da Archer Consulting para a safa 2013/2014, mantivemos o volume de cana em 578 milhões de toneladas com uma produção de 33,4 milhões de toneladas de açúcar e 24,5 bilhões de litros de etanol, praticamente inalterada da nossa previsão de junho.
Segundo o modelo desenvolvido pela Archer, a 2ª estimativa de fixação das usinas para a safra 2014/2015 aponta 6,67 milhões de toneladas fixadas ao preço médio de 17,70 centavos de dólar por libra-peso sem polarização.