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Disney Ataca em Todas as Frentes, Mas Será que Essa Iniciativa é Sustentável?

Publicado 06.08.2019, 11:29
Atualizado 02.09.2020, 03:05
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- Os resultados do 3T19 fiscal serão divulgados na terça-feira, 6 de agosto, após o fechamento do mercado;

- Expectativa de receita: US$ 21,46 bilhões;

- Expectativa de lucro por ação: US$ 1,72.

As ações da Walt Disney (NYSE:DIS) levaram quase quatro anos para romper a máxima histórica de US$ 122, atingida pela primeira vez em agosto de 2015. O papel agora se desvalorizou um pouco em relação à nova máxima recorde de US$ 147, alcançada em julho.

O conglomerado do setor de entretenimento subiu cerca de 30% neste ano, graças a um desempenho espetacular nas bilheterias e à grande expectativa em relação ao seu novo serviço de streaming Disney+.

Gráfico Disney

Mas, apesar de a Disney ser uma empresa sólida, os investidores se apressaram com as comemorações. Os números projetados para o Disney+ não justificam tanto entusiasmo, seus negócios de mídia continuam sendo um ponto de atenção e seus números de bilheteria são mais uma tempestade perfeita do que uma indicação do que está por vir.

Parques geram receita estável

A receita da Disney proveniente dos seus parques e hotéis talvez seja uma das fontes de recursos mais estáveis de todo o setor de entretenimento, e a companhia trabalha intensamente para se expandir nessa área.

No semestre terminado em março, os parques da Disney geraram US$ 13 bilhões, 5% a mais do que no mesmo período do ano fiscal de 2018. Neste ano, a empresa fez uma grande expansão no DisneySea de Tóquio, além de abrir uma nova atração de Guerras nas Estrelas em seu resort Disneylândia em Anaheim. A mesma atração será inaugurada em Orlando no dia 29 de agosto.

O sucesso da Disney com seus parques e hotéis não se limita à receita crescente, já que sua receita operacional está aumentando a um ritmo ainda mais rápido. Embora a receita tenha crescido 5% nos últimos seis meses, a receita operacional aumentou 12% na comparação anual. A Disney está conseguindo elevar a quantidade e os gastos dos visitantes, bem como o número de noites ocupadas em seus hotéis. No último trimestre, houve um aumento de 1% nas visitações, e o gasto per capita subiu 4%. De maneira geral, trata-se de uma fonte de receita extremamente sólida para a Disney, e considero que continuará assim no futuro próximo.

Cancelamento de assinaturas ainda gera preocupação com a ESPN

Sem dúvida a Disney foi afetada pelos cancelamentos de assinaturas de TV a cabo. No ano de 2018 fiscal, a ESPN perdeu 2 milhões de assinantes, que agora são cerca de 86 milhões. Em 2011, a Disney possuía 100 milhões de assinantes. A tendência continuou no trimestre passado, quando a empresa divulgou uma queda de 2% na receita com assinaturas da ESPN.

O lado positivo é que, apesar de o tradicional segmento de TV da Disney estar enfrentando dificuldade com os assinantes, as taxas mais altas de afiliação cobradas pela Disney conseguiram compensar a queda da receita com assinaturas, e o segmento acabou crescendo 3%. Sua receita operacional permaneceu a mesma.

A rede de mídia da Disney era e continua sendo um ponto de atenção para a empresa.

As dificuldades da companhia nessa área a fizeram tentar reviver seu império de mídia entrando no segmento de streaming através do Disney+.

Disney+ será popular, mas não uma panaceia

O entusiasmo com o Disney+ é uma das principais razões para essa alta tão grande da ação neste ano. A expectativa é que o serviço esteja disponível para os consumidores norte-americanos em 12 de novembro, ao preço de US$ 6,99 por mês. Trata-se de uma política de preços extremamente agressiva, levando em consideração que os custos da Netflix (NASDAQ:NFLX) (NASDAQ:NFLX) são duas vezes maiores. Mas grande parte desse entusiasmo precificado na ação levará anos para gerar resultado.

A Disney anunciou recentemente que espera ter de 60 a 90 milhões de assinantes até o fim do ano fiscal de 2024. Ao preço individual de US$ 6,99, considerando que a Disney atinja 75 milhões de assinantes, o Disney+ deverá gerar US$ 500 milhões de receita mensal, ou US$ 1,5 bilhão a cada trimestre. Isso agregaria 10% à atual receita trimestral da Disney em cinco anos. Além disso, a Disney espera gastar pesado nos próximos três anos para financiar o projeto e fazê-lo crescer. A empresa estima que o Disney será lucrativo apenas em 2024.

Não fiquei impressionado com os números de crescimento esperados pela Disney. A Netflix possui 150 milhões de assinantes, e o fato de a Disney adicionar apenas 10% em receita trimestral ao longo de cinco anos não é o ressurgimento que muitos esperam.

Uma bilheteria há 11 anos em gestação

A Disney ultrapassou seu próprio recorde de bilheteria no final de julho, ao gerar US$ 7,67 bilhões após o último fim de semana do mês. E as novidades do ano ainda não acabaram.

No final deste ano, a empresa lançará as produções “Star Wars: The Rise of Skywalker” em dezembro, bem como as sequências de “Frozen 2” em novembro e “Maleficent: Mistress of Evil” em outubro.

Os filmes da Disney tiveram um desempenho extremamente positivo neste ano. Com destaque para “Vingadores: Ultimato”, que gerou US$ 2,79 bilhões em todo o mundo, a Disney já lançou quatro filmes de US$ 1 bilhão neste ano (“Ultimato”, “Capitão Marvel,” “Aladdin” e “O Rei Leão”).

A Disney possui franquias fortes, principalmente com sua aquisição da 21st Century Fox. Mas os investidores devem considerar os resultados deste ano como eles são: um valor extraordinariamente atípico. Não quero dizer que a Disney não vai criar novos sucessos, mas foram necessários literalmente 11 anos para que a empresa tivesse um ano como este (desde o filme “Homem de Ferro” lançado em 2008).

Conclusão

A Disney sem dúvida é uma empresa forte. Mas realmente acredito que a valorização da Disney neste ano se baseou, em grande medida, no entusiasmo com o Disney+, o que é prematuro em minha visão, sem falar que os resultados de bilheteria serão quase impossíveis de replicar.

Dito isso, os papéis da Disney não estão excessivamente caros neste momento. Seu índice P/L de 12 meses a 15,9 está abaixo da média de 5 anos, a 18,2, e seria uma clássica ação de renda se seus dividendos retornassem mais do que apenas 1,24%.

Não acredito que US$ 145 sejam um ponto de entrada especialmente atraente para novos investidores, em vista das razões para a última valorização dos papéis da empresa. Os investidores interessados em iniciar uma posição de longo prazo podem começar a fazê-lo aos poucos, pois a Disney ainda é uma empresa sólida para se ter na carteira. Mas eu preferiria comprar as correções, em vez de pagar o preço cheio que o mercado demanda hoje.

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