Resumo
- Disney caiu 14% desde o pico de março, oferecendo boa oportunidade de compra.
- A combinação de segmentos tradicionais e streaming dá mais potencial de lucro para a Disney no longo prazo.
- O consenso em Wall Street é de um retorno total de 20% nos próximos doze meses.
Desde que a pandemia apareceu no início de 2020, uma das marcas mais emblemáticas dos EUA, a Walt Disney Company (NYSE:DIS) (SA:DISB34), passou por uma grande transformação. No período em que seus segmentos de perfil mais alto – parques temáticos, cruzeiros e cinemas – ficaram desertos por causa das medidas restritivas da pandemia, seu novo segmento de streaming de vídeo, Disney+, prosperou, dando aos investidores uma razão para continuar esperançosos com a Casa do Mickey Mouse.
Uma das recuperações mais surpreendentes neste último ano de Covid foram as ações da maior empresa de entretenimento do mundo, que atingiu novas máximas em março de 2021, mesmo tendo registrado um prejuízo de US$2,8 bilhões em 2020.
A ação mais do que dobrou de valor desde as mínimas de março de 2020, quando os temores do coronavírus dominaram o mercado.
Reabertura econômica, desaceleração das ações
Mas, à medida que a economia se reabre e os consumidores se mostram ansiosos para voltar às suas vidas normais, após esforços de vacinação em massa nos EUA e em outras partes do mundo, existem sinais de que o crescimento do número de usuários de streaming, importante motor de propulsão do papel, está perdendo parte da sua força.
Em maio, o Disney+ informou que adicionou 103,6 milhões de clientes, abaixo da previsão de 110,3 milhões dos analistas. As ações da empresa sediada em Burbank, Califórnia, reagiram a essa desaceleração, cedendo 15% do seu valor desde que atingiram a máxima recorde de US$203 intradiária no início de março. O papel encerrou a quinta-feira a US$175,13, uma queda de 1%.
Esse ciclo de baixa, em nossa visão, oferece um bom ponto de entrada para investidores de longo prazo, já que a quase centenária Disney entra em mais uma forte fase de crescimento no mundo pós-pandemia, graças aos seus negócios tradicionais, incluindo parques temáticos e o serviço de streaming direto para o consumidor.
Pode haver alguns obstáculos nessa trajetória de recuperação, já que a pandemia evolui e a emergência de variantes atrasa a total reabertura, mas a diversificação de negócios da Disney tem tudo para permitir uma recuperação plena. De fato, os primeiros sinais dessa retomada já se mostram presentes.
Recuperação dos parques temáticos
Em uma conferência com investidores no JPMorgan, em maio, o CEO da Disney, Bob Chapek, estimou que haveria um crescimento de “dois dígitos baixos” nas visitas aos parques nos próximos meses. Ele também disse, em uma matéria do Wall Street Journal, que a companhia espera ver “todos os benefícios do relaxamento das medidas restritivas” com a aproximação do fim do seu atual ano fiscal, em setembro.
Essas projeções melhoraram ainda mais a perspectiva para a Disney nos próximos meses, fazendo com que diversos analistas previssem que os parques temáticos da Disney, que respondiam por um terço das suas vendas antes da pandemia, irão rapidamente se recuperar.
As estimativas de Wall Street indicam que a receita combinada da empresa a partir do retorno dos parques temáticos nacionais e internacionais registrará crescimento no trimestre encerrado em junho, segundo a Visible Alpha.
A expectativa é que a receita dos parques supere US$4,5 bilhões no trimestre que se encerra em dezembro; nos cinco anos anteriores à pandemia, o segmento registrou uma média de 90% desse valor durante o mesmo período.
100 milhões de assinantes
Quanto aos negócios de streaming da Disney, a empresa tornou-se rapidamente um dos grandes players do segmento, atraindo milhões de assinantes desde o lançamento do serviço no fim de 2019. O serviço já ultrapassou 100 milhões de assinantes, tornando a Disney na empresa com maior sucesso entre os novos entrantes nessa arena, todos querendo abocanhar uma porção do mercado ainda dominado pela Netflix (NASDAQ:NFLX) (SA:NFLX34).
O Disney+ tem muitas vantagens em relação às empresas que também entraram na guerra do streaming, como Amazon (NASDAQ:AMZN) (SA:AMZO34), Apple (NASDAQ:AAPL) (SA:AAPL34) e Peacock, da NBCUniversal (NASDAQ:CMCSA), Ela tem uma vasta coleção de filmes de ação e animação do próprio estúdio Disney, além de programas populares de televisão em suas redes a cabo, sem falar em propriedades, como as franquias Marvel e Guerra nas Estrelas. Impulsionado por recentes títulos de sucesso, como “O Mandaloriano” e “WandaVision”, o Disney+ está no caminho certo para cumprir as projeções da própria empresa de 260 milhões de assinantes até 2024.
O Guardian, em um artigo publicado em meados de março, citou o analista Richard Broughton, da Ampre Analysis, que disse o seguinte:
“Disney+ obviamente experimentou um dos crescimentos mais rápidos já vistos no serviço de assinatura de vídeo sob demanda. A empresa se estabeleceu como uma força global muito rapidamente”.
De acordo com as projeções da Ampre, a Disney pode superar o serviço Prime Video da Amazon em 2024 e se tornar o segundo serviço de streaming mais popular do planeta.
Gráfico: cortesia do Guardian
Broughton acredita ainda que a Disney pode descambar a Netflix da sua posição no top um ano depois, em 2025.
Graças às suas vantagens únicas, analistas de Wall Street estão, em sua maioria, otimistas com as ações da Disney, apesar dos seus atuais desafios relacionados à pandemia.
Gráfico: investing.com
De acordo com as estimativas consensuais publicadas no Investing.com, dos 27 analistas pesquisados, uma maioria significativa classifica o papel como “outperform” (acima da média), com um potencial de alta de 20%.
Para os investidores que gostam de analisar sinais técnicos para tomar decisões de investimento de curto prazo, os indicadores mais populares – médias móveis, osciladores e pivôs – oferecem um cenário misto após a recente volatilidade do mercado.
Gráfico: investing.com
Na atual liquidação, a ação pode retornar ao seu nível de suporte um pouco abaixo dos US$170, estabelecido no fim de 2020, após o Disney+ destroçar as expectativas com seu forte crescimento de assinantes. Se esse suporte se firmar, podemos ver a ação retornando às suas máximas recentes.
Sinais de compra
Para os investidores que preferem seguir os fundamentos, não faltam razões para entrar na operação agora. O JPMorgan é uma das instituições mais otimistas com a perspectiva das ações da Disney, com um preço-alvo de US$220, ou seja, 24% acima do fechamento de ontem. A empresa afirmou em nota recente:
“Com sua contínua transformação digital, a Disney continua sendo nossa principal escolha de mídia em 2021, e vemos os níveis atuais como um ponto de entrada extremamente favorável para investidores de longo prazo”.
Os analistas do JPMorgan projetam que a bilheteria dos filmes da Disney se recuperará após o segundo semestre do ano, quando a empresa voltará a fazer lançamentos exclusivos para cinemas.
“A Disney continua registrando melhoras nos parques com capacidade doméstica, provavelmente atingindo níveis normalizados no 4º tri fiscal. A demanda continua robusta, com a intenção dos clientes de visitar os parques retornando aos níveis de 2019 no Walt Disney World, um forte sinal para os próximos trimestres”, ressaltou a nota.
Outra razão para continuar otimista com a DIS é a potencial retomada da distribuição de proventos, que está suspensa desde maio do ano passado. A empresa é conhecida por retornar capital aos investidores, desembolsando US$2,9 bilhões no ano fiscal anterior à pandemia. Mas, assim como outras empresas envolvidas no setor de turismo e viagens, desde então, a Disney suspendeu seu dividendo de US$0,88 por ação.
No entanto, acreditamos que, assim que o impacto da Covid-19 arrefecer e a empresa tiver mais clareza quanto aos seus fluxos de caixa no futuro, será possível retomar as distribuições de caixa.
Conclusão
A Disney oferece uma combinação vencedora para investidores de longo prazo. Seu core business, incluindo parques temáticos e cinemas, está voltando a crescer, enquanto a unidade de streaming está se tornando uma poderosa concorrente no mundo pós-pandemia.