E seguimos na aversão a risco. Ontem, o dólar à vista fechou o dia cotado a R$ 5,149 e durante parte do pregão chegou a operar acima dos R$ 5,20.
Vamos as explicações desta “montanha russa” no câmbio. Viemos de uma semana onde o dólar chegou a operar abaixo de R$ 4,95, mas não se sustentou. Fundamentos para uma taxa de câmbio favorecendo o real são: a reabertura da China (nosso importante comprador) e o diferencial de juros.
Mas então o que causa essa alta do dólar nos últimos dias? Isso vem pela insegurança com o comprometimento do governo na área fiscal. Foi dito no final de semana que o governo Lula estuda aumentar a isenção do Imposto de Renda para trabalhadores que ganham até dois salários mínimos este ano. Uma isenção mais ampla representaria uma renúncia de receita importante em um momento em que a equipe econômica busca reduzir o forte déficit primário esperado para 2023 e sinalizar disciplina fiscal.
E as falas do presidente criticando a autonomia do Banco Central também trazem aversão a risco. Desta vez Lula não está de acordo com a manutenção da taxa de juros em 13,75%. Uma Selic alta beneficia o real ao torná-lo atraente para estratégias de investimento que lucram com diferenciais de juros entre economias, mas tende a restringir a atividade econômica, o que joga contra a agenda desenvolvimentista do governo.
Mas não é só isso, também temos o receio de que o Fed não consiga encerrar seu atual ciclo de aperto monetário com juros abaixo de 5% (devido a dados de sexta-feira que mostraram forte abertura de vagas de trabalho no país).
O ambiente macro, num geral, é favorável ao câmbio no Brasil, já a falta de um teto de gastos, ou definição de um arcabouços fiscal, traz insegurança e pesa contra o real. Portanto, mais uma vez, o problema é a política! E hoje, temos a Ata do Copom, bem capaz que o presidente decida opinar novamente na autônoma do Banco Central e nos motivos pelos quais a taxa de juros por aqui foi mantida.
Calendário econômico de hoje no Brasil, conheceremos a Ata do Copom e IGP-DI de janeiro, nos EUA a balança comercial de dezembro e o discurso de Jerome Powell, chair do Fed.
Bons negócios a todos e, por favor, governo federal, fique quieto para que nossa moeda possa performar melhor!