Bom dia, leitores das análises diárias do mercado de câmbio. O dólar à vista fechou o dia de ontem cotado a R$ 5,7177 para venda, conforme informado pelos operadores da mesa de câmbio da corretora Getmoney.
A matéria do Wall Street Journal de ontem falando em possível diminuição das tarifas impostas à China para ordem de 50% a 65%, segundo uma autoridade da Casa Branca, e o recuo de Trump nas críticas a Jerome Powell, chair do Fed, trouxeram apetite a risco, beneficiando o real.
Aqui no Brasil, ontem, o diretor de política monetária do Banco Central, Newton David, disse que é consenso entre o colegiado que a atual taxa Selic está em nível contracionista (14,25% ao ano). Ele afirmou ainda que não é possível dar um guidance para os próximos passos quanto a trajetória de juros, afinal o cenário segue incerto, principalmente devido aos impactos das tarifas de Donald Trump na nossa economia e no mundo todo.
Bom, turma, se nem o próprio presidente dos EUA honra o que diz (um dia vai tarifar a China em 145%, no outro vai aliviar muito este percentual), quem somos nós, os economistas, para precificar o dólar futuro e outros índices. Se no cenário anterior à novela das tarifas já era uma máxima dizer que o câmbio veio para humilhar os economistas, quem dirá agora. Se nos basearmos em fatos, nossa taxa de juros está bastante alta e atrativa para trazer fluxo ao Brasil, e isso favorece a nossa moeda pelo carry trade. Porém, cada dia temos um capítulo novo, tanto a nível internacional quanto aqui no Brasil, na esfera política e principalmente fiscal. Nos resta acompanhar e ir surfando cada onda de volatilidade.
A inflação por aqui continua subindo. O IPCA amplo de março foi de 5,48% ante 5,06% em fevereiro. Já o IBC-Br de fevereiro, considerado uma prévia do PIB, desacelerou e subiu apenas 0,4%, sendo que em janeiro havia subido 0,9%.
E o Livro Bege, que saiu ontem nos EUA, mostrou que a perspectiva econômica piorou consideravelmente devido às incertezas com relação as tarifas. No emprego, as contratações estão pausadas até que haja maior clareza do impacto das tarifas na economia. Já os preços aumentaram devido à antecipação do crescimento dos custos de insumos que serão impactados pelas tarifas. Ai aí, não se fala em outra coisa que não seja a palavra “tarifas”.
Na visão da presidente do BCE, Christine Lagarde, o excedente de mercadoria chinesa que não será exportado para os EUA devido às tarifas poderá ser direcionado para a Europa, causando um impacto negativo nos preços por lá. Essa situação seria compensada parcialmente pelo impacto inflacionário do aumento fiscal alemão devido ao plano de aumento de gastos em infraestrutura e defesa. Porém, minha visão é que, neste momento, tudo não passa de suposições, afinal, nada está definitivo quanto a essas taxas. Uma coisa é fato, de qualquer maneira os EUA aumentarão a arrecadação, ainda que essas taxas altíssimas estejam sendo usadas apenas para negociações e o resultado final seja taxas mais baixas, serão de qualquer maneira receita para a economia norte-americana.
No calendário econômico para hoje vamos acompanhar nos EUA as reuniões do FMI, pedidos por seguro-desemprego (9:30 hrs) e as vendas de casas usadas de março (11:00 hrs). No Brasil teremos a confiança do consumidor de abril, medida pela FGV (8:00 hrs) e a reunião do CMN (9:00 hrs). Na zona do euro haverá pronunciamento de Lane, do BCE (10:00 hrs).
Bons negócios a todos e muito lucro.