O Brasil tem ambiente para o preço de dólar estar a R$ 4,00 ou mais e até menos em torno de R$ 3,75, mas não há fundamentos críveis que os sancionem.
Já destacamos que a tendência da queda do déficit em transações correntes, fundado em desempenho ruim das contas externas, mas ao final gerando um saldo que alivia pressões sobre a formação do preço da moeda americana.
O país convive com um ambiente bastante negativo de crise criando incertezas crescentes na economia, e não adianta os porta-vozes de plantão se copiar entre si para afirmar que não há e que se estende pelo ambiente político de forma persistentes.
Poderia mesmo ser afirmado que não há risco de melhora fundamentada, as incertezas não permitem e nem mesmo a queda atual do preço sugere otimismo, porque fruto de evento pontual que sendo negativo acaba produzindo uma descompressão de efeitos positivos. Os fluxos cambiais pioram, mas o déficit em transações correntes perde dimensão.
Mas, não devemos ignorar que o país pode apresentar déficit fiscal este ano acima dos R$ 100,0 bilhões e isto é visto com preocupação pelas agências de rating internacionais que, aliás, não omitem estar preocupadas com este fato e a deterioração das contas públicas do Brasil.
Traduzindo esta preocupação representa o agudo e agravado risco de o país sofrer um downgrade que reverteria para amplamente negativo o quadro atual. O BC, valendo de um relativo hiato nas pressões sobre a moeda americana no mercado externo que estagnou seu preço a partir do momento pós expectativas em torno do FED, vem promovendo o aumento da oferta de liquidez no mercado à vista, através de leilões envolvendo contratos a termo e mantendo a rolagem dos swaps cambiais que se prestam à manutenção dos “hedges”.
Com esta atitude o BC constrói uma taxa cambial com viés de queda, mas isto pode ser uma ilusão pontual caso as agências de rating resolvam penalizar o país pelo péssimo desempenho fiscal.
A questão econômica se deteriora com rapidez e os números sancionam isto, sendo insuficiente que alguns empresários ou analistas de plantão afirmem que não há crise econômica. Números são números e o que estão apontando é incontestável.
Inquestionável que temos uma crise política que se arrasta com ameaças constantes à estabilidade e irritando os ânimos.
Desta forma, o Brasil é o seu grande personagem na formação do preço da moeda americana em seu mercado. Atua construindo o preço do momento, mas não a credibilidade que seja sustentável, o que requer atenção por parte dos agentes ativos para não ser surpreendidos.
No fundo melhora o ambiente ao promover contexto mais favorável pontual.
A dinâmica continua a mesma, concede vendas/rolagens de posições de swaps cambiais e atua no mercado futuro e conceder empréstimos de linhas de financiamento de dólares à vista, neste momento o fazendo em excesso à demanda tirando pressão na formação de preço.
Fica como resultante uma taxa cambial mais tranquila, porém sem fundamentos confiáveis.
Neste momento os bancos atuam com posições vendidas de US$ 19,0 bilhões e o BC tem reservas internacionais pelo regime de caixa de US$ 361,0 bilhões e pelo conceito de liquidez internacional US$ 371,0 bilhões. Mantém no mercado estoque de mais de US$ 100,0 bilhões de swaps cambiais.
Com isto ancora a queda do preço da moeda americana ao manter, neste momento, liquidez excessiva no mercado de câmbio à vista e assim a colocou com viés de queda.
A crise econômica está evidente nos números e basta observar o BOLETIM FOCUS.
IPCA projetado ainda em 9,91% com amplas possibilidades de atingir 10%. Dólar a R$ 4,00, realista no pior cenário. Selic a 14,25% com previsão de 13,00% para 2016 procurando ser atenuado pelo BC com uma taxa cambial melhor, mas de difícil sustentação. PIB negativo de 3,05% podendo ir um pouco além. Queda na produção industrial de 7,00%. Déficit em conta corrente US$ 65,00 bilhões que deve ser menor pela retração dos fluxos e que está ajudando o BC na construção de preço do dólar menor atual, sem sustentação. Balança comercial saldo positivo de US$ 14,00 bilhões, se não forem liquidadas posições de importações vencidas em estoque.
Se tudo for analisado, o país tem crise econômica consistente e política que se propaga para longa duração, não sendo solucionável com “discursos” negando esta ou aquela.
O BC se vale do contexto do momento para construir taxa cambial em queda, mas a rigor absolutamente sem fundamentos. Por isso, poderá retornar a R$ 4,00 ou mais se sofrer punição das agências de rating ou ser mantida nos parâmetros atuais.
O fato é que não há nada definitivo em torno da taxa cambial, tendo em vista que existem muitos problemas de impacto que podem prevalecer.