Economia: Enfoque com Excessivo Otimismo Pode Causar Desapontamento

Publicado 12.05.2016, 11:26
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A votação do Senado Federal aceitando o pedido de abertura do impeachment da Presidenta Dilma Rousseff atingiu 55 votos a favor contra 22 votos contra, um placar confortável quando precisava tão somente 39 votos, mas este numero representa tão somente 1 voto a mais dos 54 votos que precisará para interromper o mandato da Presidente definitivamente quando ocorrer o julgamento final. Isto coloca o governo Temer que assume por 180 dias, que tem o manifesto propósito de continuar, “pisando em ovos”, situação em que não poderá errar e comprometer o apoio atual e o que vier a receber ao longo dos 180 dias.

Isto deixa claro que eventual dissenso, em especial dentro do próprio PMDB, pode se transformar em alto risco para que o novo governo venha a se tornar efetivo, consolidado o afastamento da atual Presidenta.

O novo governante chefe, Temer, sofrerá forte vigilância já que está, de acordo com o Datafolha, com avaliação negativa popular de 60%, que o queriam fora do governo junto com a Presidente Dilma e deverá ser foco de forte contestação jurídica bastante perturbadora.

Por isso, o excessivo otimismo em torno do novo governo e seus planos e como está sendo posta a recuperação da economia brasileira, pode sofrer impacto deste quadro pode causar desapontamentos, de vez que não será tarefa tão facilmente superável como tem sido posto ou dado a entender.

A crise econômica brasileira está centrada numa relevante crise de política fiscal e não há como resolver este problema com aumento de carga tributária, tendo em vista que o quadro atual revela que o governo arrecada 36% da produção da economia e gasta 46%, o que deixa evidente que esta hipótese está esgotada.

O governo precisa “cortar na própria carne”, reduzir seus custos imediatamente, pois se tentar a velha dinâmica de simplesmente transferir os ônus para o setor produtivo e para o consumidor perderá apoio.

Este será um dilema, como dinamizar a economia tendo que cortar gastos dada a impossibilidade de aumentar tributos, sem perder de vista que ambas as posturas serão ruins.

A economia está eivada de problemas relevantes como desemprego crescente, queda de renda e consumo e crescimento da inadimplência, afora seu estado inercial e estagnada com piora de comportamento crescentemente negativo.

Problemas grandiosos para sinais concretos de recuperação no curto prazo, num ambiente de forte ansiedade por melhoras.

Nomes coroados para compor o Ministério podem agregar maiores expectativas quanto a gestão, mas, certamente, estarão incapacitados de prover de medidas otimistas solucionáveis do quadro de ampla deterioração da economia brasileira, no curto e médio prazos.

A sensatez deveria predominar neste momento inicial do governo, pois, certamente, na busca desenfreada de sinais positivos poderão advir consequências desapontadoras e corroer a credibilidade que será fundamental para o novo governo.

O otimismo exagerado neste momento poderá comprometer muito as expectativas ao não se confirmar nos próximos meses.

Há quem veja muito rapidamente a possibilidade do Brasil captar recursos externos, quando na realidade papéis de emissão brasileira são negociados desagiados no mercado secundário americano e há empresas encontrando sérias dificuldades para rolar seus papéis vincendos.

O fluxo cambial líquido não total tende a ser benéfico ao Brasil.

Entendemos que sejam o dólar e seu preço real fatores determinantes para que o governo ao impulsionar a indústria obtenha sinais iniciais efetivos de retomada da atividade econômica.

O dólar é fator fundamental na atividade de nossa economia, na medida em que com seu preço ajustado e real protege o produto nacional da concorrência desleal do produto importado aumentando a presença do mesmo no nosso mercado e, ao mesmo tempo, estimula a atividade exportadora.

Ilusório pensar em fluxos de investimentos em conta capital e renda fixa e variável de imediato, o que deve ocorrer de forma cautelosa e após sinais de melhora da nossa economia.

A sensatez sugere que poderá haver retorno de investidores externos, porém, extremamente cauteloso.

Há certo entusiasmo com o desempenho da balança comercial, mas é notório que está sendo ancorada pelas commodities agrícolas que são pontuais nesta fase do ano.

Importante observar que o saldo do fluxo cambial comercial positivo tem sido insuficiente perante o fluxo cambial financeiro negativo. Ingressaram no país de origem comercial líquidos US$ 15,2 Bi e deixaram liquidamente recursos de origem financeira de US$ 20,3 Bi e ainda, os bancos estão operando com posições vendidas em montante destinado a geração de liquidez no mercado à vista de câmbio de US$ 29,0 Bi, financiadas pelo Banco Central do Brasil.

O contexto atual, onde além dos pontos mencionados há a perspectiva de que uma boa parcela de empréstimos externos vincendos não seja rolada, em especial pelos fatores seletividade e custos do lado externo e por estes mesmos no mercado interno, mas também por queda de demanda, além do conceito risco Brasil agravado, não dá sustentabilidade a cotação da moeda americana nos parâmetros atuais no Brasil.

O câmbio é um fator de altíssima importância em nossa economia e tudo nos leva a crer que será o ativo de preço referencia para dinamizar a atividade econômica, principalmente num quadro em que o governo precisa arrecadar sem elevar tributos e que impactaria no comércio exterior e na dinamização produtiva nacional.

Esta percepção nos impede de considerarmos que o preço da moeda americana será mantido quase estável em torno de R$ 3,50, nos levando a acreditar que gradualmente ira se situar próximo ou em R$ 4,00, mais compatível com o “status quo” da economia do país.

O câmbio será peça fundamental na dinamização da economia brasileira.

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