Tomar decisões racionais ao investir é um desafio constante – especialmente em períodos de instabilidade econômica. Com mercados voláteis e um fluxo incessante de informações, muitos investidores, inclusive os experientes, podem acabar cedendo ao chamado “efeito manada”: a tendência de seguir o comportamento da maioria, geralmente motivada por emoção e não por fundamentos.
O principal gatilho por trás desse comportamento é o FOMO, sigla para Fear of Missing Out, isto é, o medo de ficar de fora de uma oportunidade aparentemente imperdível. O ser humano, como ser social, tem uma inclinação natural a seguir o grupo, sobretudo quando se observa outros obtendo retornos expressivos. Nos momentos de alta, quando todos estão comprando determinado ativo, a sensação é de que há um “bonde passando” e ninguém quer ficar para trás. Assim, muitos entram no mercado guiados pelo entusiasmo coletivo, sem compreender os fundamentos do ativo que estão adquirindo. Isso leva a movimentações excessivas na carteira, aumento de custos com corretagem e, frequentemente, decisões precipitadas.
Por outro lado, em momentos de queda, o medo de perder patrimônio toma conta. A reação mais comum é vender às pressas, mesmo em caso de ativos com fundamentos sólidos, para evitar perdas maiores. No entanto, essa atitude costuma levar a um ciclo de medo, perdas e afastamento do mercado – muitas vezes, no exato momento em que os preços se tornam mais atrativos. Do ponto de vista da teoria do investimento em valor, essas fases de pessimismo generalizado costumam ser, justamente, quando surgem as melhores oportunidades, uma vez que ativos depreciados tendem a oferecer maior potencial de valorização e menor risco adicional de queda, o que contraria a intuição guiada pelo medo.
Não há uma fórmula mágica para se blindar das emoções, mas algumas estratégias práticas podem fazer a diferença. Um ponto importante é entender bem onde está sendo feito o investimento. Estudar o mercado, os fundamentos dos ativos e os ciclos econômicos permite tomar decisões mais embasadas e menos reativas. Outro fator essencial é construir uma base sólida de conhecimentos em finanças, contabilidade e economia, o que ajuda a interpretar dados e avaliar o real valor dos investimentos – mesmo em momentos de forte estresse.
Além disso, contar com uma rede de apoio confiável faz toda a diferença: assessores experientes, mentores ou comunidades de investidores contribuem com visões externas, muitas vezes mais racionais, que oferecem equilíbrio e clareza quando o emocional ameaça dominar. Uma segunda opinião qualificada pode ser decisiva para evitar decisões impulsivas e preservar a estratégia de longo prazo.
O efeito manada se repete em ciclos bem conhecidos como uma armadilha emocional poderosa, mas não inescapável. Cultivar disciplina, buscar conhecimento e manter o foco nos fundamentos – em vez das manchetes ou redes sociais – é o caminho mais seguro para atravessar os ciclos do mercado com serenidade e consistência.