Os contratos futuros do café, em uma semana sem novidades nos fundamentos, movimentaram-se embasados em fatores técnicos e permaneceram praticamente estáveis. Na Bolsa de Nova York, o vencimento dez/2019 do contrato "C" subiu 75 pontos, fechando ontem a US$ 0,9645 por libra-peso. Na ICE Europe, o contrato jan/2020 do robusta encerrou a US$ 1.237 por tonelada, com queda de US$ 14.
Em artigo publicado esta semana no Broadcast do Estadão, destaca-se a preocupação com a impossibilidade de recuperação breve dos preços e que a oferta global do café só poderá ser combatida com o aumento na demanda. Contudo, o autor alerta que "(...) Bonitas imagens de cafeeiros floridos no Brasil enchem os olhos de quem as vê, mas sinalizam bolsos mais vazios de produtores", pondera Gustavo Porto.
O autor alerta que uma política de formação de estoques seria uma saída emergencial para o setor, "mas custa caro e o governo federal é cada vez mais restrito à ajuda pública e subsidiada para o agronegócio". Mantendo um viés de preocupação em relação aos preços, ele completa que, "para complicar, o Vietnã, segundo maior produtor mundial, começa agora a colher e vender também uma grande safra".
No que se refere ao dólar comercial, após atingir o menor valor intraday desde 19 de agosto, abaixo de R$ 4, a divisa acumulou perda de 1,8% no agregado da semana, encerrando a quinta-feira a R$ 4,0449. Segundo corretores, a pressão sobre a moeda norte-americana foi exercida pela aprovação da reforma da Previdência no Senado.
Em relação ao clima, a Somar Meteorologia informa que as áreas de instabilidade ainda permanecem na metade norte do Brasil, ocasionando pancadas de chuva nas áreas de conilon do Sudeste e de Rondônia. As instabilidades devem perder força nas áreas cafeeiras nos próximos dias. A partir do domingo, a previsão é que volte a chover no Sul do país.
No Brasil, segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), os negócios seguem em ritmo lento devido à retração vendedora. Agentes consultados pela instituição se mostraram apreensivos com as altas temperaturas e as poucas chuvas registradas nas semanas seguintes às floradas em meados de setembro.
De modo geral, “a maior parte das lavouras de arábica necessita de bons volumes de chuvas para a melhor recuperação fisiológica das plantas e o pegamento das flores e chumbinhos”, analisa a entidade.
Quanto ao robusta, a maior parte das flores da safra 2020 já teve o pegamento no Espírito Santo e Rondônia e os cafezais estão em fase de desenvolvimento do chumbinho. Os indicadores calculados pelo Cepea para as variedades arábica e conilon foram cotados a R$ 417,81/saca e a R$ 283,43/saca, respectivamente com desvalorizações de 0,5% e 1,4%.