Encontre Dividendos de Qualidade

Publicado 24.01.2019, 14:43

Montar um portfólio com empresas pagadoras de dividendos é uma boa estratégia para aquele que busca renda recorrente.

Selecionando bons ativos e investindo para o longo prazo, a estratégia de dividendos tem o potencial de conceder a muitos indivíduos a independência financeira.

Porém, um erro comum ao analisar a qualidade de uma ação, é olhar diretamente para o dividend yield, que mostra ao investidor o quanto de retorno em dividendos o ativo gerou nos últimos 12 meses, com base nas cotações atuais.

Valores altos podem parecer atrativos no início, mas não dizem nada sem antes realizar uma análise criteriosa da empresa.

Afinal, é seguro investir em dividendos?

Definitivamente sim, mas fique atento a algumas características, ao analisar uma companhia que aparenta ser uma boa pagadora de dividendos:

  1. Os lucros são suficientes para cobrir os dividendos?
  2. Os lucros são estáveis o suficiente para cobrir os dividendos em meio a variações de curto prazo? Caso não, a empresa tem acesso a outros recursos para financiar o dividendo?
  3. Os lucros são duráveis o suficiente para cobrir os dividendos num futuro previsível?
  4. A diretoria, além de ter a capacidade, tem o desejo de manter o pagamento dos dividendos quando a situação aperta?

1. Os lucros são suficientes para cobrir os dividendos?

Dividendos são atraentes. Implícito no pagamento do dividendo vem a sensação de que a companhia continuará pagando pelo menos a mesma quantidade no futuro.

Porém, os dividendos devem vir de algum lugar, e esse lugar são os lucros.

Lucro ou fluxo de caixa? Dividendos são pagos em dinheiro, porém existem empresas que apesar de serem lucrativas, tem operações com necessidade de capital intensivo, que precisam de investimento em capital de giro para crescer, e usam o caixa produzido.

Sim, o fluxo de caixa é importante. Uma empresa com resultados positivos, no entanto, mesmo que reinvista a maioria do caixa no negócio, enquanto for crescendo o lucro, estará aumentando a sua capacidade de distribuir riqueza aos acionistas.

Para os tipos complicados de negócio, os quais tendo a evitar, o fluxo de caixa é essencial para a análise. Porém na vasta maioria dos casos, o lucro é um substituto plausível para o fluxo de caixa.

O lucro por ação (LPA) dos últimos anos diz o que aconteceu no passado. Deve-se olhar para o lucro futuro quando o intuito é analisar a segurança do pagamento de dividendos.

Existem algumas opções para averiguar o lucro futuro:

  • Direcionamento da diretoria da empresa;
  • Consenso de investidores;
  • Lucros atuais;
  • Previsão individual (opinião própria);

Como qualquer previsão está sujeita a falhas, quanto mais informações e mais esforço for dedicado, melhor será o resultado.

Com o lucro futuro estimado, é possível calcular uma margem de segurança para variações no lucro que não resulte na queda dos dividendos.

Olhamos para a razão do payout, que é a porcentagem dos lucros que a empresa distribuiu como dividendo. Exemplo:

  • A empresa teve 1 real de lucro por ação e pagou 62 centavos como dividendo, por papel. Seu payout foi de 62%. A margem então é calculada por: 100% - payout ratio = margem de segurança dos dividendos.
  • No exemplo, 100% - 62% = 38%. Conclui-se que o lucro por ação pode cair até 38% que a companhia ainda poderá entregar o mesmo dividendo.
  • Para completar, estime o capex de manutenção do negócio, ou seja, o capital que precisa ser reinvestido no negócio para que ele mantenha os níveis atuais.2

2. Lucros estáveis o suficiente para cobrir os dividendos em meio a variações de curto prazo?

Nenhuma empresa, não importando quão conservadora ou defensiva, consegue gerar lucros perfeitamente estáveis.

O mundo real é dinâmico, e os principais causadores das variações que podem impactar nos dividendos são:

Flutuações na receita: mesmo que tenha uma barreira competitiva, todos os tipos de negócio têm flutuações na receita.

Alguns sofrem mais do que outros.

Numa recessão, uma fabricante de aço tende a sofrer oscilações maiores do que um vendedor de alimentos, por exemplo.

Em épocas otimistas o oposto acontece, onde indústrias cíclicas tiram proveito de crescimento maior.

Alavancagem Operacional: a estrutura de custeio de um negócio possui um mix de custos fixos e variáveis.

Os variáveis são ligados ao nível de produção e de receita. Para um vendedor de alimentos, se a receita cai, os custos do produto vendido também cairão.

Em contraste, os custos fixos são mais relevantes para a fábrica de aço, e causam um impacto muito maior nas margens caso a receita varie.

Alavancagem Financeira: Negócios com bastante dívida são obrigados a pagar juros periodicamente.

Os financiadores esperam ser pagos sem atrasos, indiferentes ao fato de os lucros operacionais serem altos ou baixos.

Como os juros não variam junto com a produtividade ou receita, eles se comportam como outro custo fixo.

Portanto, alavancagens financeiras amplificam o efeito da mudança da receita nos lucros.

No próximo artigo abordarei mais duas características, visando auxiliar a construção de um mindset capaz de montar um portfólio com boas empresas pagadoras de dividendos.

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