*Por Danielle Lopes e Giulia Nicola
Cerca de 300 mil veículos, em relação ao que foi estimado no início de 2021, deixarão de ser produzidos no Brasil este ano devido à falta de componentes eletrônicos nas linhas de montagem. A expectativa é da Anfavea, entidade que reúne as montadoras.
Para 2022, a Anfavea estima que o gargalo em relação à escassez de chips deve continuar e prevê a retomada completa do fornecimento apenas em 2023.
As locadoras poderiam aumentar ainda mais seu crescimento se a oferta de carros novos no mercado fosse maior. Mas, por enquanto, não há sinal de alerta. As grandes empresas desse setor, como Localiza (SA:RENT3), Unidas (SA:LCAM3) e Movida (SA:MOVI3), têm conseguido repassar os preços ao consumidor conforme observado nos balanços operacionais do terceiro trimestre.
As locadoras adquiriram menos veículos novos este ano e estão com bastante caixa, o que as deixa preparadas para um cenário mais desafiador no próximo ano.
O comportamento das locadoras na última crise
Na crise de 2014 e 2016, por exemplo, o Brasil enfrentava um período de recessão econômica. Vimos movimentos de alta dos juros e do dólar, devido à recessão, com as atividades econômicas sendo impactadas.
Nesse mesmo período, as empresas Localiza (RENT3) e Unidas (LCAM3) já tinham capital aberto na Bolsa de Valores brasileira, a B3 (SA:B3SA3).
Unidas
A Unidas, por exemplo, registrou crescimento do Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) em todos os anos, com exceção do primeiro semestre de 2014, e o lucro apenas sofreu uma pequena queda nesse mesmo ano.
Esse desempenho mostra a resiliência de LCAM, que não viu impacto significativo com a alta dos juros e do dólar em seus resultados.
Em 2018, nossa analista cita um boom nos resultados da companhia, ao realizar a maior fusão da história do setor (até o momento) entre a Locamerica (SA:LCAM3) e Unidas, o que elevou a companhia a um novo patamar.
Variação do Ebitda e lucro de LCAM. Fonte: Bloomberg
Localiza
Olhando para o mesmo período, houve uma dinâmica parecida de crescimento de Ebitda e lucro de Localiza, os quais foram mais ou menos constantes durante a crise.
A Localiza apresentou um crescimento parecido ao seu par, sofrendo com a redução do IPI e pelo aumento da competição no GTF em 2012. Depois, teve que lidar com uma recessão entre 2015 e 2016.
Variação do Ebitda e lucro de RENT. Fonte: Bloomberg
Mais adiante, de 2017 a 2019, ambas as companhias deslancharam, apresentando forte crescimento e sendo apenas impactadas pela pandemia.
Com isso, entendemos que as locadoras são capazes de continuar crescendo mesmo em momentos de crise e de recessão econômica.