Nomes qualificados agregam perspectivas favoráveis, contudo credibilidade do país vai depender de resultados concretos sinalizando acertos das novas políticas, e isto, demandará tempo.
É com esta visão que acreditamos que o mercado de câmbio está indo contra a lógica e aprecie a moeda nacional frente a moeda americana.
Contudo, entendemos que são possíveis algumas mudanças fortes de gestão que poderão promover a percepção de alterações relevantes, com resultados mais imediatos. Porém, precisarão ser bastante diferentes do que vinha sendo praticado pelo governo no mandato que se encerrará ao final deste ano.
O país precisa, enquanto forem sendo apontadas as mudanças de maturação lenta no médio/longo prazo, ultimar as possíveis de curto prazo que revitalizem a atividade econômica, impactando favoravelmente nas expectativas de imediato, promovendo a reversão da predominância do negativismo presente para um contexto que sinalize que o governo será diferente alterando suas políticas.
Embora os políticos influentes do PT busquem sinalizar sempre que a Presidente Dilma estará no comando, o que também acreditamos, que deve se mostrar fiel as linhas do partido, o que naturalmente precisará ser contrariado, pois mais do mesmo não recuperará o país do estado profundamente deteriorado presente. Há uma necessidade de nos pontos cruciais que estão amplamente deteriorados o governo seja absolutamente diferente.
De imediato precisará ser drasticamente alterada a dinâmica da política fiscal, o que contribuirá de forma importante para a contenção das pressões inflacionárias, e na contra ponta deverá permitir que a economia conviva com um preço para a moeda americana mais equânime com os fundamentos atuais, deixando portanto de utilizá-lo como coadjuvante ao juro no combate da inflação, e se necessário for, até que as alterações na política fiscal comecem a ter resultados, poderá elevar a taxa SELIC na próxima reunião em mais 0,50%, o que não deve se tornar prática contumaz pois há necessidade de gradualmente ser implementada a redução da SELIC.
Como dissemos ontem, esperamos como política de curto prazo o corte abrupto nos gastos do governo e a pratica de preço mais equânime da moeda americana.
A economia como um todo está dependente do preço do dólar, não como benesse, mas como efetivo valor em linha com o quadro econômico presente, com ênfase a preocupante situação do nosso setor externo.
O setor de commodities, segundo tudo indica, terá em 2015 um ano difícil com queda de preços e quem sabe quantitativa da demanda internacional, e como consequência, em linha com o que esta ocorrendo com os países que tem suas moedas sob influência do preço das commodities, precisará que o dólar tenha preço justo para que ocorra o efeito compensação na remuneração dos produtores nacionais.
A indústria, submetida a um duro e crescente processo de desindustrialização desde 2005 como resultante da apreciação descabida do real frente ao dólar, que assim se prestava a conter pressões inflacionárias como coadjuvante do juro, precisa do preço da moeda americana com preço não mutilado e consequentemente refletindo a sua realidade, para ganhar motivação para dinamizar os investimentos, focar o mercado externo com o aumento da competitividade e o mercado interno que terá menos espaço para os produtos concorrentes importados alavancados do preço apreciado do real.
O preço do dólar é o fator principal para dar sustentabilidade à redenção do setor industrial brasileiro e prover os produtores de commodities com remuneração adequada em reais.
Assim agindo, o governo estaria dando um choque em dois setores relevantes da economia brasileira, criando motivação para dinamização em especial do setor industrial e garantindo remuneração adequada ao setor de commodities.
Estas mudanças objetivas teriam probabilidade de mitigar a expansão do déficit em transações correntes que deve fechar o ano de 2014 em US$ 85,0 Bi, que precisará também da agilidade do governo para estabelecer planos de recuperação da infraestrutura com o intuito de atrair investimentos estrangeiros, fazendo deste o seu ponto de atratividade, visto que a atratividade para IED´s deve ter forte recaída até que os novos programas comecem a demonstrar a recuperação da economia que deve fechar este ano em zero ou muito próximo disto.
No nosso entendimento a confiança na equipe econômica pode estabelecer a tolerância com a maturação dos novos planos de governo, porém a restauração da credibilidade, acreditamos, somente advirá com os resultados.
Nossa observação sugere que o mercado de câmbio está reagindo como se em seu novo mandato o governo vá agir praticando mais do mesmo, e só com bons nomes readquirirá a credibilidade perdida, o que consideramos um erro. No nosso entendimento o governo precisará ser substantivamente diferente e somente a ocorrência de resultados positivos irá repondo, como objetivado, a credibilidade no país.
Por isso, continuamos mantendo a projeção de R$ 2,60 ao final do ano, podendo haver comportamentos voláteis neste período.
Discreta sinalização atribuída pelo mercado ao Presidente do BC, de que o programa de intervenção no mercado de câmbio futuro com swaps cambiais não enseja necessidade de reversão dessas posições no curto e médio prazo causou ruídos. A leitura que foi feita da colocação é de que o programa não será expandido sendo o estoque satisfatório, mas sim reduzido gradualmente com monitoramento pelas rolagens na medida em que a demanda permita e posteriormente, no médio/longo prazo, se e quando melhorar o ingresso de recursos decorrente da gradual recuperação de credibilidade do país, o que implicaria em menor demanda de “hedge”.
Evidentemente que o Presidente do BC jamais afirmaria que não há condições, como de fato não há, neste momento para interrupção abrupta do programa, além do eventual e possível corte da oferta adicional de 4.000 contratos que ocorre diariamente, e que o BC está refém da manutenção do estoque para dar sustentabilidade a “compra de credibilidade” para a moeda nacional.
O fato é que rapidamente o preço da moeda americana entrou em processo de apreciação, o que pode ter até origem especulativa.
Contudo, consideramos que o preço da moeda americana fará parte integrante do programa de curtíssimo prazo do governo, o que nos leva a acreditar que a ação do BC possa ser menos intensa no sentido de apreciar o preço do real, se assim for definido pela equipe econômica e a Presidente Dilma.